Trump indica médica pró-psilocibina para ser “porta-voz” da saúde

O presidente Donald Trump (Partido Republicano) indicou a médica Casey Means, 37 anos, para o cargo de cirurgiã-geral dos Estados Unidos. Trata-se do principal porta-voz do governo norte-americano para temas de saúde pública. A profissional tem um histórico de declarações em defesa do uso terapêutico da psilocibina —substância alucinógena presente em cogumelos e ilegal no país.

O anúncio foi feito em 7 de maio, na rede social Truth Social. “Casey tem credenciais acadêmicas impecáveis e trabalhará em estreita colaboração com o nosso excelente Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr.”, escreveu Trump. A indicação ainda precisa ser aprovada em audiência no Senado, ainda sem data marcada.

Em seu livro Good Energy”, publicado em 2024, a indicada por Trump recomenda que pessoas considerem a “terapia assistida por psilocibina”, mesmo que a substância seja ilegal nos EUA. Ela afirma que a experiência com os psicodélicos foi “uma das mais significativas de sua vida”.

Casey Means é formada em medicina pela Universidade Stanford. No momento, sua licença médica está inativa.

CIRURGIÃO-GERAL DOS EUA

O cargo de cirurgião-geral (“surgeon general”) não tem equivalente direto no Brasil. Entre suas atribuições, estão a divulgação de evidências científicas sobre prevenção de doenças e promoção da saúde.

As recomendações são apresentadas por meio de documentos oficiais, como advisories (comunicados), calls to action (chamadas para ação) e reports (relatórios) sobre temas considerados prioritários.

A nomeação é feita pelo presidente e precisa ser aprovada pelo Senado. O mandato tem duração de 4 anos e o cargo integra o Escritório do Secretário-Assistente de Saúde, ligado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

PSILOCIBINA

A psilocibina é classificada como substância de categoria 1 nos Estados Unidos, o que indica alto potencial de abuso e ausência de uso médico aceito oficialmente. Estudos científicos recentes sugerem que a substância pode ser eficaz no tratamento de transtornos como depressão, ansiedade e alcoolismo.

Pesquisas também indicam que os efeitos terapêuticos da psilocibina podem se estender a aspectos psicossociais e emocionais, com benefícios duradouros. A comunidade científica tem demonstrado interesse crescente na substância, que concentra a maioria das propostas legislativas sobre psicodélicos nos EUA, à frente de compostos como MDMA, DMT e ibogaína.

A FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA) reconheceu a psicoterapia assistida por psilocibina como uma “terapia inovadora” para 2 tipos de depressão: a resistente a tratamentos, em 2018, e o transtorno depressivo maior, em 2019.

Segundo o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa dos Estados Unidos, esse selo é concedido a terapias destinadas a doenças graves ou com risco de morte quando estudos iniciais indicam que o tratamento pode ser significativamente mais eficaz do que os já existentes.

CENÁRIO NO BRASIL

No Brasil, a psilocibina está listada na categoria F2 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que reúne substâncias psicotrópicas proscritas. Segundo a Portaria SVS/MS 344 de 1998, isso significa que seu uso, produção e comercialização são proibidos, exceto em casos específicos de pesquisa científica autorizada.

Apesar disso, os cogumelos do gênero Psilocybe, nos quais a substância é encontrada, não constam na lista de plantas e fungos proibidos pela agência. Por causa desse “vazio legal”, diversos sites na internet comercializam os cogumelos livremente.

Entenda a classificação:

  • psicotrópicas: substâncias que atuam no sistema nervoso central, podendo alterar percepção, humor, comportamento ou consciência;
  • proscritas: proibidas por lei, exceto em situações controladas para fins científicos.
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