Em Pequim, Lula critica unilateralismo e protecionismo

Xi Jinping e líder brasileiro condenaram guerra comercial iniciada por Donald Trump. Brasil busca se apresentar como alternativa ao mercado chinês em meio às disputas comerciais com os EUA.Após se reunir em Pequim com o líder chinês Xi Jinping nesta terça-feira (13/05), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enalteceu as relações sino-brasileiras e fez criticas ao protecionismo e às guerra comerciais, pedindo “reformas profundas” na ordem internacional.

“Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”, disse Lula, completando que a boa relação entre o Brasil e a China “nunca foi tão necessária”.

“Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmou.

“Não é exagero dizer que, apesar dos mais de 15 mil quilômetros que nos separam, nunca estivemos tão próximos”, disse o presidente sobre a relação entre Brasília e Pequim.

O encontro entre Xi e Lula ocorreu às margens de uma cúpula entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) – da qual participaram líderes de diversos países.

O presidente chinês também ressaltou a importância da relações bilaterais “estratégicas”, e destacou que Brasil e China “vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral”.

As críticas de Lula e Xi à guerra comercial acontecem um dia após Estados Unidos e China anunciarem trégua de 90 dias nos aumentos de tarifas e sobretaxas, após a crise deflagrada pelo governo dos EUA sob Donald Trump.

Nesta segunda-feira, Pequim e Washington acordaram uma redução significativa nas tensões comerciais, que haviam se agravado nas últimas semanas. Os EUA haviam aumentado os tributos sobre os produtos chineses para 145% – incluindo uma tarifa punitiva de 20% adicionada para combater as importações de fentanil para os EUA. Pequim retaliou com a imposição de tarifas de 125% sobre as importações americanas.

Guerra em Gaza e na Ucrânia

Os dois presidentes também fizeram críticas à guerra na Faixa de Gaza e pediram uma solução para o conflito na Ucrânia.

“Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável vivendo lado a lado com o Estado de Israel. Somente uma ONU reformada poderá cumprir ideais de paz, direitos humanos consagrados em 1945”, afirmou o brasileiro.

Após a reunião, Brasil e China também divulgaram uma nota conjunta sobre a guerra na Ucrânia na qual se oferecem para ajudar no diálogo para as negociações de paz.

“Os entendimentos comuns entre Brasil e China para uma resolução política para crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”, disse Lula.

O governo Lula tentou, desde seu início, influenciar numa solução para a guerra na Ucrânia, mas não obteve sucesso. Sua proximidade com o presidente russo, Vladimir Putin, e declarações do presidente brasileiro sobre a dinâmica do conflito fizeram com que os ucranianos rejeitassem a oferta de mediação.

Brasil quer ser “alternativa aos EUA” para Pequim

Em outra nota, na qual foram reforçados os pontos dos discurso dos dois líderes após o encontro, o Brasil deixou claro que “adere firmemente ao princípio de uma só China” e “reconhece que só existe uma China no mundo e que Taiwan é uma parte inseparável do território chinês”.

Esse princípio é tipo por Pequim como inegociável, em meio às tensões com a província autônoma de Taiwan e em relação ao expansionismo chinês no Mar do Sul da China.

Representantes do Brasil e da China assinaram 20 protocolos e memorandos para o fechamento de acordos em áreas como ciência e tecnologia, agricultura e estratégia aeroespacial.

O governo brasileiro anunciou investimentos chineses no país de R$ 27 bilhões em diversas áreas. A China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil, e o governo brasileiro quer aumentar as exportações para o país asiático.

Representantes da classe política e empresarial presentes no encontro avaliam que o Brasil poderia oferecer alternativas a alguns dos produtos americanos importados pela China.

Este foi o terceiro encontro entre Lula e Xi Jinping ocorrido durante o terceiro mandato do brasileiro, iniciado em janeiro de 2023, e o segundo a ocorrer na China.

rc/bl (ots)

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