Estupros contra homens batem recorde em janeiro de 2025

O Brasil registrou, em janeiro de 2025, o maior número de casos de estupro contra homens desde o início da série histórica recente. Segundo dados oficiais, foram 1.117 registros no primeiro mês do ano, superando os números de janeiro dos últimos seis anos.Entre 2020 e 2024, 45.716 homens foram vítimas de estupro no país. O ano de 2024 foi o que apresentou o maior número anual no período, com 10.603 casos registrados, o que representa um aumento de 29,4% em relação a 2020, quando houve 8.188 registros.Os dados indicam variação nos números mensais ao longo dos anos. Em janeiro de 2021, houve 819 casos; em 2022, o número caiu para 629; em 2023, foram 753 registros. Em 2024, houve novo aumento, com 844 casos. Já em janeiro de 2025, os 1.117 registros representam o maior patamar já registrado no mês.Apesar da alta no número de vítimas do sexo masculino, a maioria das ocorrências de violência sexual ainda envolve mulheres. Entre 2020 e 2024, 339.598 mulheres foram vítimas desse tipo de crime, o que representa 88,1% do total. Os homens, nesse mesmo recorte, somam 11,8% das vítimas.Conteúdo relacionado:Sargento da PM é preso no Aeroporto de Belém por estuproSuspeito de estupro de menor é preso em MosqueiroVídeo: engenheiro é preso em Belém acusado de estuproApoio a vítimas masculinasA ONG Memórias Masculinas foi criada em 2020 com o objetivo de prestar apoio psicológico a homens vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na vida adulta. O atendimento inclui plantões e psicoterapia breve. Desde sua fundação, cerca de 400 pedidos foram recebidos, mas metade dos homens que procuram a ONG não conclui o processo de atendimento.Segundo Denis Ferreira, psicólogo e cofundador da organização, muitos homens chegam à terapia inicialmente por outros motivos e só depois relatam ter sido vítimas de abuso. “Boa parte dos que aceitam nossa ajuda já havia falado com alguém sobre a agressão. Quando isso não ocorre, as chances de buscar apoio diminuem”, afirma.Quer mais notícias do Brasil? acesse o nosso canal no WhatsAppFerreira aponta fatores sociais que dificultam a busca por ajuda, como o tabu relacionado ao fato de que a maioria das agressões contra homens é cometida por outros homens. Isso cria barreiras para o reconhecimento da violência. Outro fator citado é a construção social que associa masculinidade à força, dificultando a exposição de experiências de vulnerabilidade.O psicólogo também destaca a ausência de uma educação sexual que desenvolva habilidades protetivas desde a infância. Além disso, muitos homens não se reconhecem como vítimas, especialmente quando a agressão é praticada por mulheres.
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