Papa Leão XIV: quais serão seus maiores desafios à frente da Igreja católica?

Milhões de católicos no mundo todo celebraram o anúncio de um novo papa, com esperança no próximo líder da igreja católica. Porém, alguns desafios deverão seguir ao longo de seu pontificado.O cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, foi escolhido nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica. Adotando o nome de Leão XIV, Prevost assume o posto máximo da Igreja em um momento de importantes transformações e desafios. A eleição ocorreu no segundo dia de Conclave, quando a fumaça branca apareceu na chaminé da Capela Sistina, indicando que os cardeais chegaram a um consenso.Nascido em Chicago, Prevost tem trajetória marcada por trabalho missionário no Peru, país onde também atuou como arcebispo. Sua nomeação surpreende não apenas por sua origem americana — o primeiro pontífice dos Estados Unidos —, mas também pelo perfil reformista. Ele presidiu a Pontifícia Comissão para a América Latina e, nos últimos dois anos, esteve à frente do Dicastério para os Bispos do Vaticano, nomeado pelo agora papa emérito Francisco.CONTEÚDOS RELACIONADOS: “Habemus Papam”: Robert Prevost, o Papa Leão XIV é o novo líder da Igreja CatólicaSaiba como o novo Papa escolhe o nome que será conhecidoApesar da reputação de renovador, seu período no Peru não passou incólume por polêmicas. Sua diocese enfrentou acusações de acobertamento de abusos sexuais, todas negadas oficialmente.Reconquistar fiéisLeão XIV herda de Francisco uma Igreja em constante perda de influência em diversas partes do mundo, especialmente no Ocidente. Embora o número global de católicos tenha crescido levemente em 2023 — chegando a 1,4 bilhão de fiéis —, a realidade em países como o Brasil e os Estados Unidos é de retração.No Brasil, a maior nação católica do mundo, os números mostram uma tendência preocupante: de 74% da população católica em 2000, o percentual caiu para 65% em 2010, segundo o IBGE. Projeções indicam que o país pode se tornar majoritariamente evangélico nas próximas décadas.Quer mais notícias do mundo? Acesse nosso canal no WhatsAppNos Estados Unidos, a queda do cristianismo em geral é ainda mais acentuada. Dados do Pew Research Center mostram que a população adulta cristã caiu de 78% em 2007 para 62% em 2023, enquanto o número de pessoas sem afiliação religiosa quase dobrou, chegando a 29%.A região de maior crescimento do catolicismo atualmente é a África Subsaariana, ainda assim em disputa com o islamismo e igrejas evangélicas. Para especialistas, a Igreja tem falhado em dialogar com as camadas populares e se adaptado pouco aos dilemas contemporâneos, o que distancia fiéis, sobretudo os mais jovens.Crise vocacional: cada vez menos padresOutro desafio para o novo pontificado é o déficit de vocações. Segundo o Vaticano, o número de padres no mundo caiu para cerca de 407 mil — sete mil a menos do que em 2017. O cenário é crítico na Europa e nas Américas.No Brasil, um estudo de 2018 apontava a necessidade de ao menos 20 mil sacerdotes adicionais para atender adequadamente todas as comunidades. Além disso, a formação sacerdotal é vista por especialistas como defasada frente às exigências do mundo moderno.Discussões como o celibato obrigatório e a ordenação de mulheres seguem em pauta, mas enfrentam forte resistência dentro da própria Igreja.Conflitos internos: progressistas x conservadoresAs divisões ideológicas no seio da Igreja também são um tema incontornável para Leão XIV. Durante o papado de Francisco, houve avanços simbólicos em direção a uma Igreja mais inclusiva — com falas em defesa de pessoas LGBTQIA+ e divorciados —, o que gerou tanto elogios quanto duras críticas.Reformistas esperavam ainda mais ousadia de Francisco, enquanto setores conservadores acusaram o ex-pontífice de minar tradições milenares. Essa disputa promete continuar sob o novo comando, especialmente se Leão XIV decidir avançar nas pautas de inclusão ou mexer em estruturas doutrinárias sensíveis.Abusos sexuaisUm dos mais graves e persistentes escândalos da Igreja continua sendo o dos abusos sexuais cometidos por membros do clero. Em países como França, Irlanda e Estados Unidos, dezenas de milhares de denúncias foram registradas ao longo das últimas décadas. No Brasil, investigações jornalísticas revelaram centenas de casos.Durante seu pontificado, Francisco buscou enfrentar o problema com novas normas internas e incentivo à transparência, mas muitas vítimas continuam denunciando uma “cultura de silêncio” ainda presente em muitas dioceses.Leão XIV terá a responsabilidade de dar continuidade — ou renovar — as políticas de enfrentamento a esse legado doloroso, ainda longe de uma solução definitiva.
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