IBGE lança novo mapa mundi com Brasil no centro

O novo mapa-múndi lançado pelo IBGE mudou o centro do mundo. Literalmente. O tradicional modelo com a Europa em destaque foi substituído por uma versão onde o Brasil ocupa a posição central. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (7) e já gerou repercussão nas redes sociais e em setores diplomáticos. A mudança não é apenas gráfica, mas simbólica, segundo o presidente do IBGE, Marcio Pochmann.

Pontos Principais:

  • IBGE lançou mapa-múndi invertido com o Brasil no centro.
  • Mapa destaca Brics, Mercosul, COP 30 e cidades brasileiras em fóruns globais.
  • Objetivo é reforçar simbolicamente o protagonismo internacional do país.
  • Gestão de Marcio Pochmann enfrenta críticas e crise interna no instituto.

A ideia do mapa invertido é enfatizar o papel geopolítico do Brasil nos fóruns internacionais em que atua. A imagem destaca os países integrantes do Brics e do Mercosul, além de regiões com relevância ambiental e cultural, como o bioma amazônico e as nações de língua portuguesa. Também estão sinalizadas algumas cidades brasileiras que serão sede de eventos internacionais relevantes, como Belém, Rio de Janeiro e o Ceará.

O IBGE divulgou um novo mapa-múndi invertido, com o Brasil no centro, para destacar a liderança do país em blocos como o Brics e o Mercosul em 2025.
O IBGE divulgou um novo mapa-múndi invertido, com o Brasil no centro, para destacar a liderança do país em blocos como o Brics e o Mercosul em 2025.

A medida faz parte de uma estratégia para estimular a reflexão sobre o papel do Brasil nas transformações globais em curso. Pochmann afirmou que o mapa expressa o protagonismo esperado do país diante de desafios ambientais e diplomáticos. O lançamento, no entanto, ocorre em meio a uma crise interna no IBGE, marcada por acusações de autoritarismo contra a atual gestão.

Significados geopolíticos do novo mapa

Com o Brasil reposicionado no centro do mapa, o IBGE pretende modificar a percepção espacial e simbólica dos brasileiros sobre sua posição no mundo. A proposta é reforçar o papel do país como liderança nos blocos Sul-Sul, como o Brics, que atualmente conta com onze países-membros. Também há menções ao Mercosul, bloco em que o Brasil tem papel de destaque nas negociações comerciais com a União Europeia.

A imagem destaca cidades que ganharam novo peso no cenário global. Belém do Pará, por exemplo, será sede da COP 30 em novembro. O Rio de Janeiro aparece como capital do Brics, e o Ceará sediará o Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global. A presença dessas cidades no mapa reforça o foco da proposta em eventos multilaterais de 2025.

Segundo Pochmann, o novo desenho do mundo proposto pelo IBGE visa provocar reflexão. A intenção é colocar o Brasil como um ponto de partida para o entendimento da geopolítica atual, sem o viés eurocêntrico dos mapas tradicionais. O mapa não será adotado oficialmente em todos os materiais, mas estará disponível para fins pedagógicos e simbólicos.

Repercussão política e crise no IBGE

Apesar da proposta visual, o lançamento do mapa ocorre em meio a um cenário delicado dentro do próprio IBGE. Em janeiro, mais de 600 servidores assinaram uma carta aberta acusando Pochmann de práticas autoritárias e gestão centralizadora. A tensão aumentou após ele afirmar que os servidores críticos estariam “mentindo”.

O IBGE é responsável por dados sensíveis e estratégicos do país, como o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação oficial. Por isso, a credibilidade técnica do órgão é constantemente observada por economistas, governos e entidades internacionais. A crise de confiança interna levantou preocupações quanto à condução dos trabalhos técnicos.

Mesmo diante das críticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém apoio à indicação de Pochmann, destacando a visão estratégica da atual gestão. A divulgação do novo mapa é interpretada por analistas como uma tentativa de reposicionamento institucional em meio ao cenário de pressão e desgaste interno.

Brics, Mercosul e os novos blocos globais

O grupo Brics, citado com destaque por Pochmann, foi recentemente ampliado. Agora, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, fazem parte também Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. A presidência rotativa do bloco, atualmente com o Brasil, amplia sua responsabilidade diplomática.

No cenário comercial, o Mercosul também ganha relevância. Com a entrada oficial da Bolívia em 2024 e a suspensão da Venezuela, o bloco busca estreitar relações com a Europa. Em 2024, foi assinado um acordo de livre comércio com a União Europeia, após mais de duas décadas de negociações. A implementação ainda depende da ratificação nos parlamentos dos países-membros.

O contexto global também inclui tensões entre grandes potências. A China, por exemplo, pressiona por uma reunião extraordinária dos ministros de Comércio do Brics, após a imposição de tarifas dos Estados Unidos. O Brasil, como presidente do grupo, é solicitado a convocar esse encontro para discutir os efeitos econômicos da guerra comercial.

Brasil na COP 30 e os compromissos ambientais

Belém será sede da COP 30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, prevista para novembro. O evento deve reunir líderes globais e ambientalistas para discutir o cumprimento do Acordo de Paris, que limita o aumento da temperatura global em até 2°C até o fim do século.

O Brasil, com sua vasta área de floresta amazônica, é um dos países-chave na agenda climática internacional. Por isso, a COP em território nacional é vista como oportunidade para reposicionar o país como articulador de propostas voltadas ao financiamento da preservação e à cooperação global em sustentabilidade.

Espera-se que a conferência estimule novos compromissos financeiros, com previsão de alcançar até US$ 1 trilhão por ano em investimentos para projetos sustentáveis em países em desenvolvimento. A imagem do Brasil no centro do mapa também dialoga com esse protagonismo esperado nas negociações climáticas.

Contexto simbólico e uso educacional

O mapa invertido lançado pelo IBGE tem como um de seus objetivos principais provocar debates sobre como o mundo é representado visualmente. Colocar o Brasil no centro visa modificar o ponto de vista tradicional em que o Norte global é apresentado como dominante.

Esse tipo de representação já é utilizado em iniciativas decoloniais, principalmente na educação. O IBGE afirma que o novo mapa será distribuído com essa finalidade: estimular o debate nas escolas e incentivar os estudantes a compreenderem diferentes formas de organização geopolítica.

A proposta não visa substituir os mapas oficiais adotados pelo instituto em suas publicações técnicas. Trata-se de uma representação simbólica e pedagógica, pensada especialmente para ambientes de formação e de política externa, sem caráter cartográfico normativo.

Fonte: Gazetadopovo e Folha.

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