CGU não alertou ministros sobre fraudes no INSS, diz Rui Costa

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a CGU (Controladoria Geral da União) falhou ao não alertar “ao nível de ministro” assim que surgiram as primeiras desconfianças de fraude no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O papel da Polícia Federal é apurar o crime. O da Controladoria é impedir o crime. São naturezas diferentes. A Controladoria Geral tem o papel de evitar o problema, apontar falhas de procedimentos”, disse o ministro em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta 5ª feira (8.mai.2025).

A PF (Polícia Federal) deflagrou em abril a operação Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O prejuízo estimado aos beneficiários chega a R$ 6,5 bilhões, de 2019 a 2024.

Segundo a PF, a investigação identificou a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo INSS.

Em 2023, a CGU deu início a uma série de apurações sobre o aumento do número de entidades e dos valores descontados dos aposentados. A partir desse processo, foram feitas auditorias em 29 organizações que tinham ACTs (Acordos de Cooperação Técnica) com o INSS. Também foram realizadas entrevistas com 1.300 aposentados que tinham descontos em folha de pagamento.

A CGU identificou que as entidades não tinham estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam aos beneficiários e que, dos entrevistados, a maioria não havia autorizado os descontos. A Controladoria apontou que 70% das 29 entidades analisadas não tinham entregue a documentação completa ao INSS.

Costa disse que a CGU não informou diretamente o ex-ministro Carlos Lupi, que comandava o Ministério da Previdência e deixou o governo depois da operação da PF, da dimensão dos desvios. Ele também não ficou sabendo com antecedência. Com isso, o governo perdeu a oportunidade de agir de forma célere.

Ao fim e ao cabo, nós deixamos passar 2 anos, período no qual mais pessoas foram lesadas, para poder corrigir o problema? O papel da Polícia Federal não é mesmo o de avisar nada a ninguém, é apurar ato criminoso. Ela está no papel dela, correto, sem reparo. Agora, a função de qualquer Controladoria é preventiva e não corretiva ou punitiva”, declarou.

Vamos dizer assim: o grosso, mais de 90% do que está parecendo que é irregular, de autorização que não foi feita pelo aposentado, veio de 2020 para cá. Se você atua em 2023, tinha diminuído a quantidade de pessoas [afetadas] e eu diria que não tinha impactado basicamente o nosso governo”, disse.


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