Com novo prejuízo e disputas no conselho, GPA perde 1/3 do valor de mercado

As ações do GPA desabavam nesta terça-feira, 6, perdendo quase um terço do seu valor de mercado, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, bem como eleição de novos integrantes para o conselho de administração do varejista de alimentos dono da rede Pão de Açúcar.

+Bondinho do Pão de Açúcar promove experiência para marcar passagem de Lady Gaga

Analistas destacaram positivamente o resultado operacional da companhia, que apresentou expansão de receitas e do Ebitda ajustado consolidado, bem como melhora em margens, mas chamaram a atenção para um desempenho ainda negativo na última linha, além de fluxo de caixa negativo.

“Embora o GPA continue a melhorar a margem Ebitda ano a ano, ele continua a reportar prejuízos líquidos, além de grande queima de caixa”, afirmaram os analistas do Citi, chamando a atenção também para a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda, que “está perto de 3 vezes novamente”.

Às 13h53, os papéis do GPA desabavam 23,88%, a R$2,9 cada, na quarta queda seguida, após marcar uma máxima intradia desde janeiro de 2024 no último dia 29 de abril. Mesmo com o forte ajuste negativo recente, a ação ainda acumula em 2025 uma valorização de cerca de 13,7%.

Na mínima até o momento, a ação chegou a R$2,7, em queda de 29,1%, equivalente a uma perda de R$544 milhões em valor de mercado.

Nos primeiros três meses do ano, o GPA teve um prejuízo líquido de R$93 milhões nas operações continuadas, ante uma perda de R$407 milhões um ano antes, enquanto o Ebitda ajustado consolidado somou R$409 milhões, alta de 9,9% na comparação anual, com a margem nessa linha passando de 8,1% para 8,6%.

A receita bruta cresceu 4,6%, para cerca de R$5,1 bilhões, enquanto a receita líquida aumentou 3,9%, para quase R$4,8 bilhões. As vendas no conceito mesmas lojas, excluindo o impacto de calendário, mostraram aumento de 7,3%.

Em contrapartida, além do prejuízo, o fluxo de caixa livre operacional ajustado ficou negativo em R$817 milhões, acima do resultado negativo de R$753 milhões no mesmo período de 2024.

A alavancagem financeira pré-IFRS 16 – medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado consolidado pré-IFRS 16 dos últimos 12 meses (incluindo despesas com aluguéis) – ficou em 2,8 vezes, frente ao patamar de 3 vezes registrado um ano antes. No final de 2024, porém, esse número era de 1,6 vez.

Analistas do Bank of America destacaram que um ambiente competitivo favorável e uma boa execução estão gerando sólidos ganhos operacionais. “No entanto, dívidas pesadas e contingências podem ser difíceis de superar”, ponderaram em relatório, reiterando recomendação “underperform” para as ações.

Eles também acrescentaram que os esforços para substituir o conselho do GPA parecem ter fracassado e avaliam que novos membros podem causar alguma dissonância.

Eleições do conselho do GPA

A assembleia de acionistas da empresa também elegeu na véspera novos conselheiros nomeados pelo empresário Nelson Tanure — Sebastián Dario Los — e pelo investidor Rafael Ferri.

Tanure, que detém cerca de 7% das ações do GPA, propôs no final de março a destituição do atual conselho do GPA e a eleição de novos membros para o colegiado, incluindo três representantes indicados pelo próprio empresário.

Porém, com a entrada das chapas apoiadas pelo investidor Rafael Ferri e pela família Coelho Diniz, dona da rede de supermercados de mesmo nome, o cenário de apoio mudou e os votos se diluíram, tornando mais improvável a eleição de todos os seus indicados.

Uma ata da assembleia divulgada pelo GPA confirmou a remoção das candidaturas de Pedro de Moraes Borba e Rodrigo Tostes Solon de Pontes pelo fundo de investimento Saint German, controlado por Tanure, enquanto Sebastián Dario Los, também indicado pelo fundo, foi eleito.

À Reuters, Tanure disse que tinha um plano audacioso para o futuro do GPA, mas como a chapa proposta não teve continuidade, decidiu não seguir com este projeto “em que não acreditamos mais”. “Houve uma corrida pelas ações que não combina com o longo prazo”, disse Tanure.

Também em entrevista à Reuters, Ferri, cujo grupo elegeu dois membros no conselho, disse que chegou com uma postura “construtiva”. Ele afirmou que pretende dar mais visibilidade ao que tem sido feito na rede, e que muitos desconhecem, além de estar aberto a discutir ideias que sejam positivas para o grupo.

No final da segunda-feira, porém, o GPA divulgou que Ferri reduziu suas participações na companhia para 2,73%, incluindo derivativos. Em 16 de abril, ele havia alcançado participação de 5,86%. Ferri informou à empresa que seu objetivo com a alteração na fatia “é estritamente de investimento”.

Em teleconferência com analistas nesta terça-feira sobre o balanço, o presidente-executivo do GPA, Marcelo Pimentel, disse que a companhia espera que o novo conselho de administração da companhia ajude a empresa a se manter no caminho da recuperação de seus resultados.

“Vamos ter oportunidade de ouvir novas visões e complementariedades para nos ajudar a acelerar o processo”, acrescentou.

O post Com novo prejuízo e disputas no conselho, GPA perde 1/3 do valor de mercado apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.