China omite dados corretos da economia, diz jornal dos EUA

O jornal norte-americano Wall Street Journal publicou reportagem sugerindo que o governo da China estaria manipulando dados para mascarar a realidade econômica do país. O artigo aponta que índices como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), desemprego entre jovens, dados do setor imobiliário e exportações deixaram de ser divulgados ou passaram a usar metodologias não transparentes.

O diário cita como exemplos cálculos que instituições financeiras norte-americanas adotam desde 2023 para extrair dados do país asiático. Segundo a reportagem, o banco Goldman Sachs começou a cruzar dados de gastos domésticos e importações de outras fontes além do governo para apurar o avanço do PIB chinês. O resultado foi um crescimento de 3,7% em 2024. Os dados oficiais da China mostraram um crescimento de 5% no período, atingindo as metas do país.

A publicação norte-americana cita personagens chineses que teriam mostrado desconfiança sobre os dados oficiais. Em dezembro, o economista Gao Shanwen, da SDIC Securities –empresa de serviços financeiros da China–, disse em uma conferência em Washington que o crescimento econômico do país pode ter ficado próximo de 2% nos últimos anos e que não era possível saber “o verdadeiro número do crescimento real da China”.

Outra reportagem do Wall Street Journal, de janeiro de 2025, diz que o economista chinês foi banido de dar novas declarações públicas “por um período não especificado”. Gao não foi preso ou demitido.

O artigo também relata que uma economista da Universidade de Pequim suspeita que os dados sobre desemprego entre os jovens está errado. Em 2023, os números oficiais indicavam uma taxa de desocupação de 21,3% entre os chineses de 16 a 24 anos. A economista afirmou que o número real estaria mais próximo de 46,5%.

Leia abaixo indicadores que a reportagem menciona como suspeitos:

  • PIB – governo chinês divulgou crescimento de 5% em 2024. O Goldman Sachs indica um avanço de 3,7% utilizando seu método próprio. O Rhodium Group –empresa de pesquisa sediada em Nova York– aponta para um crescimento de 2,4% no ano passado;
  • desemprego de jovens — a taxa ficou 5 meses sem ser divulgada. Era de 21,5% e voltou caindo para 14,5%, com o governo chinês dizendo que 62 milhões de jovens que estão estudando não podem ser considerados, mesmo que estejam procurando emprego;
  • cremação — dados de mortos cremados (a maioria, no caso da China) pararam de ser divulgados em 2022;
  • shoyu — o tradicional molho de soja é muito consumido na China. Sua produção era um indicador da economia. Parou de ser divulgado em maio de 2021;
  • investimento estrangeiro — as duas principais bolsas chinesas deixaram de publicar dados em tempo real sobre entradas e saídas de investidores estrangeiros em abril de 2024;
  • setor imobiliário — o governo chinês parou de divulgar os dados sobre vendas de imóveis habitacionais no país em 2022.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.