Justiça nega sigilo em investigação sobre Bruno Henrique por apostas

A Justiça do Distrito Federal rejeitou, na 4ª feira (30.abr.2025), o pedido de familiares do atacante Bruno Henrique para decretar sigilo na investigação que apura se o jogador do Flamengo beneficiou apostadores ao receber cartão amarelo em partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023.

Na mesma decisão, o juiz Fernando Barbagalo autorizou o compartilhamento das provas coletadas pela Polícia Federal com o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e com a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, em andamento no Senado Federal.

O magistrado também determinou que a operadora de apostas Blaze forneça dados relacionados a 4 dos indiciados. A empresa é citada em conversas extraídas dos celulares dos investigados.

A investigação começou após operadores de casas de apostas no Brasil identificarem movimentações atípicas nas apostas para o jogo entre Flamengo e Santos. Dados apontam que, em uma das plataformas, 98% das apostas em cartões foram direcionadas a Bruno Henrique. Em outra, o percentual chegou a 95%.

O caso levou ao indiciamento de dez pessoas pela Polícia Federal no mês passado. Entre os indiciados estão Bruno Henrique, seu irmão Wander Nunes Pinto Júnior, a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima, e a prima do atacante, Poliana Ester Nunes Cardoso. Eles realizaram apostas relacionadas ao cartão amarelo.

A partida foi realizada em Brasília, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023. Bruno Henrique recebeu o cartão amarelo nos acréscimos do 2º tempo após cometer falta em Soteldo, quando o Flamengo já perdia por 2 a 1. Na sequência, o jogador foi expulso por reclamação.

Antes desse jogo, Bruno Henrique havia recebido 5 cartões amarelos em 22 partidas do campeonato e entrou em campo pendurado para o confronto contra o Santos.

Mensagens obtidas nos celulares apreendidos indicam conversas entre Bruno Henrique e outros investigados. Em uma delas, Wander pergunta ao irmão quando ele tomaria o terceiro cartão, e o atacante responde: “Contra o Santos”.

Bruno Henrique e Wander foram indiciados com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata de fraude em competições esportivas, com pena de 2 a 6 anos de prisão. Eles também foram enquadrados por estelionato, que prevê reclusão de 1 a 5 anos.

O Flamengo decidiu não afastar o jogador do elenco após o indiciamento. Bruno Henrique nega ter recebido o cartão com a intenção de beneficiar apostadores.

Em nota enviada ao Globo Esporte, a Blaze afirmou que “prestou integral colaboração e forneceu prontamente todas as informações que foram formalmente solicitadas na ocasião, sempre em conformidade com os limites estabelecidos pela legislação brasileira vigente”.

A empresa informou ainda que, de acordo com o Marco Civil da Internet e a Lei de Lavagem de Dinheiro, apenas dados cadastrais básicos podem ser compartilhados diretamente com autoridades policiais sem ordem judicial, o que foi cumprido.

O relatório completo da investigação da Polícia Federal será encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá se apresenta denúncia formal contra os indiciados.

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