Google monetiza anúncios de jogos ilegais em plataformas

O Google Play, loja de aplicativos da big tech, segue lucrando com microtransações de jogos de azar e aplicativos de suporte a apostas. Há uma margem de ganhos que a gigante do setor de tecnologia recebe a partir de pequenas compras de itens virtuais nos apps.

Segundo o Google, a taxa de serviço varia de acordo com alguns critérios:

  • volume de receita de até US$ 1 milhão – taxa cobrada é de 15%;
  • receita acima de US$ 1 milhão – taxa é de 30% sobre os lucros.
  • tipo de serviço ofertado – se serviço por assinatura, há a cobrança de 15%.

Eis um exemplo de jogo monetizado:

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Reprodução/Google Play

Jogo de cassino abre espaço para monetização no Google Play

Conhecidos como “cassinos sociais”, esses apps são projetados para simular jogos de apostas sem movimentação real de dinheiro, mas mantêm a mesma mecânica com poder viciante dos jogos originais. Ao pesquisar pelo termo “cassino” na plataforma, surgem diversos aplicativos do chamado “jogo do tigrinho”, todos disponíveis para download sem qualquer restrição indicativa.

Muitos desses aplicativos ultrapassam a marca de 10 milhões de usuários.

Eis alguns exemplos:

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Reprodução/Google Play – 25.abr.2025

Tipos de jogos em que há um lucro do Google com microtransações

Maria Mello, coordenadora do Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, afirma que “falta boa vontade” das plataformas para derrubar esse tipo de conteúdo em função do lucro obtido. Ela reforça que além de “altamente viciantes”, esses apps podem causar “impacto no comportamento, alteração no padrão de sono, baixa energia e mudança de humor”.

Ao se pesquisar o termo “bets”, são encontrados aplicativos auxiliares para a prática de apostas esportivas. São gratuitos e já ultrapassaram 1 milhão de downloads.

Assim como os cassinos sociais, estimulam o ato de apostar e são monetizados pela empresa a partir de microtransações.

TIGRINHO NO YOUTUBE

Plataforma de vídeos do Google, o YouTube mantém exibição de vídeos com promessa de ganhos rápidos a partir do Fortune Tiger, conhecido popularmente como “jogo do tigrinho”. Numa simples busca, é possível identificar imagens atreladas ao jogo.

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Reprodução/YouTube – 25.abr.2025

Na imagem, vídeo promete lucros rápidos com o jogo do tigrinho; logo da Caixa é usado

No YouTube, também há lives do “jogo do tigrinho”, com menção a pagamentos e links publicados nos chats. Eis abaixo um exemplo:

jogo do tigrinho

O que diz o Google

Questionado sobre quanto obtém a partir das propagandas nesses aplicativos, o Google respondeu que “o Android é uma plataforma aberta” e que “o desenvolvedor tem liberdade para utilizar os serviços de monetização que desejar, não somente os do Google”. A empresa detalhou os ganhos com a taxa de serviço, como detalhado anteriormente nesta reportagem.

A empresa também afirmou que em setembro de 2024 atualizou sua política de jogos de azar em resposta aos novos requisitos regulatórios do Brasil: “Para exibir anúncios de serviços on-line de jogos de azar e de apostas esportivas, os anunciantes precisam ser autorizados pelo Ministério da Fazenda para operar e receber uma certificação do Google Ads.”

Sobre os chamados cassinos sociais, a empresa respondeu: “O Google Play permite jogos que simulem cassino, desde que não tenham entrada e saída de dinheiro nessa modalidade, nem troca de nenhum valor. Chamamos essa categoria de social casino, jogos inspirados nessas mecânicas e que não têm prêmios em dinheiro. Um jogo pode oferecer a oportunidade de ganhar “moedas” desde que elas não tenham valor monetário.”

Ao ser perguntado sobre anúncios de jogos ilegais no YouTube, o Google disse que a plataforma tem “um conjunto de políticas que definem o que pode ou não ser postado, além de regras específicas voltadas para anúncios e requisitos técnicos para a operação de jogos on-line, inclusive no contexto de apostas de quota fixa”.

“Permitimos apenas a divulgação de sites de jogos de azar online que passaram por verificações para garantir que atendam aos requisitos legais brasileiros. Se um criador optar por vincular seus vídeos a um site de jogos de azar on-line, precisará garantir que o domínio seja certificado pelo Google Ads (e para tanto previamente autorizado pelo Ministério da Fazenda). Ao identificarmos conteúdo em desacordo com essas regras, ele será removido da plataforma e o canal pode ser penalizado de acordo com nosso sistema de avisos“, declarou.


O trainee do Poder360 produziu esta reportagem sob supervisão da secretária de Redação assistente Simone Kafruni.

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