Governo estuda nova linha de crédito para aéreas

O governo federal avalia criar uma nova linha de apoio financeiro para companhias aéreas, utilizando como garantia o FGE (Fundo de Garantia à Exportação). Cada empresa poderia acessar até R$ 2 bilhões, conforme apuração da coluna de Mariana Barbosa, do UOL.

Embora o mecanismo esteja sendo estruturado para estar disponível às 3 grandes empresas do setor, o foco principal é a Azul, que enfrenta dificuldades para renegociar suas dívidas. Desde o início do ano, os papéis da empresa acumularam queda próxima de 60% e atualmente estão cotados a R$ 1,40.

No caso da GOL, a empresa não poderá acessar os recursos no momento, pois está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11.

Já a Latam, que reorganizou suas finanças durante a pandemia, mantém situação de caixa estável e consegue captar recursos no mercado com condições mais favoráveis.

A nova linha se soma a outra, prevista com recursos do FNAC (Fundo Nacional de Aviação Civil), prometida ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, a proposta nunca saiu do papel por causa de impasses burocráticos.

ENTENDA

Essa não é a 1ª vez que o governo aciona o FGE em favor das aéreas. Em dezembro de 2023, foi autorizada uma operação com lastro no fundo para viabilizar o pagamento de manutenção de motores na Celma, subsidiária da GE/Boeing localizada em Petrópolis (RJ). Na ocasião, apenas a Azul utilizou a linha e captou US$ 200 milhões. A Gol entraria em recuperação judicial no mês seguinte, e a Latam optou por não participar.

Desta vez, a proposta envolve a compra futura de SAF (combustível sustentável de aviação), que será enquadrada como operação de exportação para efeito de garantia pelo FGE. A estrutura da operação prevê que o fundo cubra 100% do risco. Na prática, isso permitirá que a Azul levante até R$ 2 bilhões em crédito no mercado, oferecendo apenas o FGE como garantia.

A proposta deve ser levada à próxima reunião do Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações), marcada para 8 de maio. O colegiado, vinculado à Camex (Câmara de Comércio Exterior), acompanha e aprova operações ligadas tanto ao FGE quanto ao Proex, programa federal de financiamento às exportações.

AZUL E GOL

A medida chega num momento delicado para a Azul. Nesta 4ª feira (30.abr.2025), a companhia informou que levantou R$ 600 milhões junto a credores estrangeiros com quem já possui relação. Os papéis, de vencimento em 6 meses, têm como garantia os recebíveis de vendas por cartão de crédito e débito.

A operação prevê quitação antecipada caso a empresa consiga acessar o novo empréstimo garantido pelo FGE. A meta inicial era captar R$ 900 milhões, mas a empresa obteve apenas dois terços do valor.

Algo semelhante ocorreu com a recente oferta pública de ações: a companhia arrecadou R$ 1,661 bilhão, dos quais R$ 1,6 bilhão foram oriundos da conversão de dívidas de credores já existentes. A expectativa era atingir até R$ 4,1 bilhões.

No início do ano, tanto a Azul quanto a Gol aderiram ao programa de regularização fiscal da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, voltado a empresas com dívidas tributárias.

A Azul renegociou um passivo de R$ 2,8 bilhões, obtendo desconto de R$ 1,7 bilhão e parcelando os R$ 1,1 bilhão restantes em 120 vezes.

Já a Gol conseguiu reduzir uma dívida de quase R$ 5 bilhões para R$ 880 milhões, também com pagamento em até dez anos.

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