CBF abandona carros avaliados em R$ 2,9 mi em concessionárias do Rio

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) mantém 10 veículos zero quilômetro nas concessionárias do grupo Fiat no Rio de Janeiro desde novembro de 2023. Os automóveis, avaliados em R$ 2,9 milhões, foram disponibilizados pela montadora como parte do saldo final de um contrato de patrocínio firmado em 2019 e encerrado em fevereiro de 2023. As informações foram divulgadas pelo revista piauí na 3ª feira (29.abr.2025)

Entre os veículos estão 8 Jeep Commander Overland, avaliados em R$ 309.990 cada na versão T450 Turbodiesel, um Jeep Compass, com valor de mercado a partir de R$ 154.990 na versão Sport T270, e um Fiat Mobi, que custa a partir de R$ 77.990 na versão Like.

Ainda de acordo com a revista, contrato com a Fiat projetava o pagamento de R$ 6 milhões anuais em veículos novos ao longo de 4 anos, com destinação às seleções masculinas, femininas, olímpicas e de base. Ao fim do acordo, restava um valor estimado em R$ 3 milhões, quitado com a entrega dos 10 automóveis em novembro de 2023. A atual gestão da CBF, comandada por Ednaldo Rodrigues desde 2021, não retirou os veículos.

Rodrigues já recebeu outros automóveis vinculados ao mesmo contrato, incluindo 3 Jeep Commander blindados utilizados por ele e 3 Jeep Compass usados por sua escolta. A blindagem dos veículos teve custo adicional de R$ 210 mil, pago pela CBF.

Mesmo sem utilizar os 10 veículos restantes, a confederação desembolsou R$ 113,5 mil em 2024 com o pagamento de IPVA. Durante os 4 anos de vigência do contrato, a Fiat entregou 124 veículos à CBF.

Parte desses automóveis foi repassada a federações estaduais e clubes, sorteada entre torcedores ou usada como premiação para jogadores e árbitros. Em 2023, por exemplo, a goleira Luciana, da Ferroviária (SP), recebeu um Fiat Pulse após a conquista da Copa América.

Paralelamente, a CBF contratou serviços externos de transporte. Entre eles, os realizados por uma empresa de propriedade de Anderson Castro de Souza, motorista particular de Rodrigues. Em março de 2022, essa empresa cobrou R$ 158 mil para transportar 36 dirigentes dos aeroportos do Rio à sede da CBF em um único dia. Uma estimativa com base em corridas de aplicativo apontaria custo inferior a R$ 11 mil para o mesmo deslocamento.

Em 2023, a confederação registrou receita líquida de R$ 1 bilhão. Ainda assim, acumula 43 protestos em cartório, somando R$ 2,6 milhões — valor próximo ao total dos veículos não retirados.

Em 2024, houve atraso de quase duas semanas no pagamento do conserto do controle remoto da televisão usada pelo então técnico Dorival Júnior. O pagamento aguardava autorização da presidência. O valor do controle, segundo o mercado, não ultrapassa R$ 150.

Ex-funcionários da CBF relataram dificuldades operacionais durante a gestão atual. Uma ex-servidora afirmou que encontrou contratos sem organização adequada e ordens de pagamento sem registro formal. “Fiquei com a impressão de que a desorganização era proposital”, declarou à revista piauí.

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