Asilados na embaixada argentina em Caracas cobram Lula por solução

Os venezuelanos que estão asilados na embaixada da Argentina em Caracas enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta 2ª feira (28.abr.2025) para cobrar uma solução que assegure a saída do grupo do local. 

Na carta, os opositores do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) criticaram a omissão dos representantes brasileiros e pediram celeridade no processo. O grupo está asilado na embaixada há mais de 1 ano. O governo brasileiro assumiu a representação da sede diplomática em agosto de 2024 (entenda mais abaixo).

“Hoje completamos 404 dias desde que ingressamos nesta sede diplomática, e mais de 5 meses sem eletricidade nem água corrente, em condições que violam os direitos humanos básicos. Essa situação se agrava pelo cerco policial constante nos arredores da sede diplomática […] Presidente Lula, já esperamos há mais de 1 ano uma ação concreta que garanta nossa saída segura, acompanhados por seu governo, preservando nosso direito à vida, o qual tememos diante da ameaça contínua que enfrentamos”, diz um trecho do documento. Eis a íntegra (PDF – 346 kB)

Segundo o grupo, o “silêncio” de Lula sobre a situação é contraditório e mancha a imagem do governo brasileiro. “Hoje, a bandeira do Brasil é humilhada, como somos humilhados nós diariamente dentro desta embaixada, que transformaram em prisão”, afirmaram.

“Em um contexto no qual a memória histórica e a justiça são valores defendidos pelo governo brasileiro, nós nos encontramos presos em um limbo, sem os salvo-condutos que são um direito dentro dos marcos dos convênios internacionais firmados. Imagine o que é passar mais de 5 meses sem eletricidade, sem água nas tubulações e com ameaças físicas constantes. O silêncio dói muito”, diz a carta.

Os opositores refugiados na sede diplomática fazem parte da organização da campanha de Maria Corina Machado e Edmundo González –opositor de Maduro nas eleições de julho de 2024.

O grupo buscou refúgio no local depois de a Procuradoria Geral da Venezuela acusá-los de conspiração e “traição à pátria”.

ENTENDA

O Brasil assumiu a representação da sede diplomática argentina em 1º de agosto depois que o governo venezuelano determinou a expulsão do corpo diplomático do país liderado por Javier Milei (La Libertad Avanza, direita) e outras 6 nações da América Latina.

A medida se deu porque os governos contestaram a legitimidade da reeleição de Maduro nas eleições de 28 de julho. O corpo diplomático e os militares argentinos deixaram a Venezuela atendendo à notificação enviada. 

O papel brasileiro na embaixada argentina é de, principalmente, custodiar as instalações e os arquivos. O país também se tornou responsável por assegurar a proteção dos integrantes da oposição ao regime chavista, que estão abrigados na embaixada em Caracas.

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