Dólar fechará ano perto de R$ 6 com eleição no radar, diz economista

do economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, 33 anos. Ele disse que o movimento será resultado do início das preparações para a eleição presidencial, o que deve tornar improvável a criação de medidas de ajustes fiscais.

“Quando Brasília espirra, sempre podemos ver um câmbio um pouco mais para cima […] É bem provável que a gente enxergue um dólar um pouco mais forte no final do ano”, declarou Sung em entrevista ao Poder360.

O economista afirma que o dólar é fortemente impactado por fatores externos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China em relação a tarifas de importação. 

Para ele, uma das formas mais efetivas de aliviar o câmbio é fazer medidas de incentivo ao equilíbrio nas contas públicas. 

“Se juntarmos um cenário doméstico com risco fiscal […] e ainda resquícios de uma guerra comercial, enxergamos um dólar mais próximo de R$ 6 do que dos R$ 5,60”, afirmou.

Assista à entrevista (24min43s):

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elaborou um pacote de revisão dos gastos públicos até o final de 2024. O texto foi aprovado na Câmara e no Senado ao fim do ano, mas com perdas significativas de economia. 

A equipe do petista já se distanciou de eventuais medidas similares. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse em março que “não tem essa pauta no Congresso”.

Ações que limitam as despesas tendem a causar impacto na avaliação do governo pela população. Próximo ao ano eleitoral e com baixa na popularidade, cortes de gastos ou mudanças estruturais em benefícios sociais são improváveis.

O risco fiscal é uma preocupação para os índices de mercado por aumentar a percepção do risco de investimentos no país. Um cenário de descontrole nas contas tende a mexer com o dólar.

O dólar comercial fechou a R$ 5,688 na 6ª feira (25.abr.2025). Representa uma queda de 0,08% no dia e de 2% na semana. 

BANCO CENTRAL, EUA E TRUMP

Leia abaixo outros destaques da entrevista com Gustavo Sung:

  • banco central dos EUA “Donald Trump pode escolher o novo presidente e aí vai ficar a dúvida, quem ele vai escolher, qual o perfil? Vai dar continuidade para o Jerome Powell ou vai ter um perfil que ouça mais as demandas do presidente?”;
  • economia aquecida “A economia brasileira ainda segue crescendo acima do seu potencial, ou seja, tem um hiato do produto positivo […] E isso dificulta ainda uma convergência maior da inflação para a meta”;
  • juros no Brasil“O Banco Central ainda tem que continuar subindo os juros. Temos a expectativa de que os juros cheguem a 15,25% e se mantenha nesse patamar até o final do ano. Não vislumbramos ainda cortes de juros em 2025, só em 2026”;
  • guerra comercial “Não deve pesar tanto negativamente no nosso PIB. O que exportamos para os Estados Unidos representa […] um fluxo comercial que não é tão relevante e não houve uma tarifa diferenciada pelo Brasil”.
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