Álcool pode acelerar envelhecimento do cérebro, diz estudo

O consumo de bebidas alcoólicas pode antecipar o envelhecimento do cérebro, com impactos identificados em jovens adultos entre 20 e 30 anos, segundo estudo publicado na revista Alcohol: Clinical & Experimental Research. A pesquisa investigou como o álcool influencia na capacidade de adaptação comportamental e na saúde cerebral.Realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, o estudo utilizou técnicas de aprendizado de máquina para analisar ressonâncias magnéticas de 58 participantes, com idades entre 22 e 40 anos. A maioria dos voluntários começou a consumir álcool ainda na adolescência.Durante a pesquisa, os participantes relataram seus hábitos alcoólicos através do teste AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test), ferramenta utilizada para identificar transtornos relacionados ao uso de álcool. O objetivo foi avaliar se o envelhecimento cerebral acelerado poderia estar associado à dificuldade de adaptação a mudanças.”O mais clássico efeito do álcool no sistema nervoso central é uma alteração que pode ocorrer no cerebelo, o órgão do equilíbrio, que pode levar a uma alteração da coordenação dos movimentos e da fala”, explica Raphael Ribeiro Spera, neurologista do Hospital Sírio-Libanês.Conteúdo relacionado:Chimpanzés são vistos consumindo frutas com álcoolEfeitos do álcool e envelhecimento do cérebroA análise revelou que, embora o grau de envelhecimento cerebral variasse entre os participantes, o consumo de álcool estava relacionado a uma idade cerebral mais avançada do que a cronológica. Segundo os pesquisadores, indivíduos que consumiam mais álcool apresentaram envelhecimento cerebral mais acentuado.No entanto, o estudo apontou que os erros repetitivos em tarefas de adaptação comportamental foram mais associados ao envelhecimento cerebral do que diretamente ao consumo de álcool. “É interessante porque ele soma um dado na literatura um pouco mais preciso, demonstrando essa relação estatística”, afirma o neurologista.Apesar dos resultados, os autores destacam limitações na pesquisa. O estudo não considerou fatores como hábitos de vida, alimentação, sono e prática de atividades físicas, que também influenciam o envelhecimento cerebral. “Todo estudo que faz esse tipo de análise retrospectiva não consegue estabelecer uma relação de causa e efeito, apesar de poder supor essa relação, porque você não está avaliando outros parâmetros associados”, completa Ribeiro Spera.O especialista ainda ressalta que o consumo excessivo de álcool pode causar desnutrição, depressão, obesidade, distúrbios do sono e aumentar o risco de comorbidades, fatores relacionados ao desenvolvimento de demência e lesões cerebrais.Quer mais notícias de saúde? acesse o nosso canal no WhatsAppRecomendações sobre o consumo de álcoolA recomendação médica é reduzir ao máximo o consumo de álcool. “O uso de álcool não tem nível seguro para o seu consumo”, alerta Ribeiro Spera.A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que qualquer quantidade de bebida alcoólica pode representar risco à saúde. De acordo com a entidade, doses superiores a 20g de álcool puro por dia, ou a ausência de períodos de abstinência de pelo menos dois dias na semana, aumentam as chances de desenvolvimento de doenças hepáticas e câncer.
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