62,3% dos brasileiros não buscam serviço de saúde por superlotação

Pesquisa realizada pelo programa Mais Dados Mais Saúde revela que 62,3% da população brasileira com 18 anos ou mais precisou de atendimento médico na APS (Atenção Primária à Saúde) em 2024 e, mesmo assim, não procurou ajuda médica. Entre as principais causas pela recusa na procura está a superlotação e a demora no atendimento (46,9%), e a burocracia no encaminhamento dos casos (39,2%).

Também são citadas a prática de automedicação (35,1%) e a crença de que o problema não é grave (34,6%).

O levantamento foi realizado de agosto a setembro de 2024 pela Vital Strategies e a Umane, com apoio da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), Instituto Devive e da Resolve to Save Lives. Foram entrevistados 2.458 brasileiros de todas as regiões do país, que utilizam o serviço de saúde público e privado.

A pesquisa permitia que os participantes indicassem mais de uma razão para justificar a ausência de busca por atendimento médico.

Dificuldade no acesso ao serviço

Segundo a pesquisa, 40,5% dos entrevistados relataram ter procurado atendimento em 2024, mas não conseguiram ser atendidos. Os principais obstáculos foram o tempo de espera excessivo (62,1%), falta de equipamentos (34,4%), ausência de profissionais adequados (30,5%) e falta de atenção por parte da equipe de saúde (29%).

Para a superintendente-geral da Umane, Thais Junqueira, os dados indicam cenário preocupante de sobrecarga no sistema.

“Como porta de entrada do SUS e em seu papel de ordenadora do cuidado, a Atenção Primária à Saúde deve estar organizada de modo a garantir que a maioria das questões de saúde da população sejam preveníveis e tratáveis, sem que evoluam para quadros mais complexos. Fortalecer esses mecanismos é fundamental para termos um sistema de saúde mais eficiente e resolutivo”, afirma Junqueira.

Qualidade do atendimento

O levantamento também analisou a percepção dos brasileiros sobre a qualidade do último atendimento médico realizado tanto na rede pública, quanto na privada.

O destaque foi para o respeito à privacidade e à confidencialidade, classificado como “regular “ou “muito bom” por 79,2% dos entrevistados. Logo em seguida, 75,1% aprovaram a clareza das explicações fornecidas pelos profissionais de saúde.

Outros indicadores também tiveram boa aceitação: 67,8% relataram confiança no profissional com quem conversaram, enquanto 64,4% disseram ter tido oportunidade de fazer perguntas ou expressar preocupações. A participação nas decisões sobre o tratamento foi apontada positivamente por 59,8% dos respondentes, e 56,3% consideraram satisfatória a duração da consulta.

Por outro lado, 2 pontos foram alvo de críticas mais frequentes: O tempo de espera para o atendimento foi considerado ruim ou péssimo por 57,6% dos participantes, e 51,5% apontaram dificuldades com encaminhamentos para outros serviços ou especialidades.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.