Brasil mantém postura neutra entre China e EUA, e aposta no multilateralismo

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Em entrevista ao programa BM&C News, o analista de economia e política Miguel Daoud avaliou como acertada a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao defender o multilateralismo e evitar alinhar-se diretamente a China ou aos Estados Unidos. Segundo Daoud, a postura do governo brasileiro busca preservar a liberdade comercial e ampliar mercados, especialmente em um cenário de intensificação da guerra comercial global.

O Brasil não tem que tomar partido nem de China nem de Estados Unidos. O Brasil tem que continuar fazendo negócios com o mundo todo”, afirmou o analista.

Lula declarou recentemente que pretende “comprar e vender” com todos os países, reforçando que o foco do governo está em melhorar a balança comercial brasileira, sem entrar em disputas geopolíticas.

China e EUA: riscos e oportunidades para o Brasil

Daoud destacou que a fala do presidente pode ter sido uma resposta indireta ao recente posicionamento da China, que sinalizou a intenção de retaliação a países excessivamente alinhados com os Estados Unidos. Nesse sentido, o Brasil buscaria equilibrar sua relação com as potências sem provocar desgastes diplomáticos.

Para o analista, embora haja brechas comerciais abertas pela tensão entre as potências, essas oportunidades seriam temporárias. “A ideia de que o Brasil pode se beneficiar de um racha global é ilusória. Isso não se sustenta no longo prazo”, alertou

Hegemonia do dólar e risco sistêmico global: o papel do Brasil

Um dos principais pontos de atenção destacados por Miguel Daoud foi a possibilidade de perda da hegemonia do dólar norte-americano como moeda de referência global. Ele enfatizou que o sistema financeiro internacional, incluindo o comércio de commodities e a reserva de valor dos países, ainda depende fortemente da moeda dos EUA.

Se os Estados Unidos perdem a hegemonia econômica, o mundo vira uma bagunça. A reconstrução de uma nova ordem monetária seria extremamente difícil e prejudicial para todos, inclusive para o Brasil”, afirmou.

Segundo Daoud, uma ruptura desse sistema levaria à desorganização da economia mundial, com efeitos diretos no agronegócio e nos exportadores brasileiros. Ele lembra que a estabilidade cambial e a previsibilidade das transações internacionais dependem da existência de um padrão monetário confiável.

Big techs e o risco do ‘dinheiro fumaça’

Ao abordar o impacto que uma crise sistêmica pode causar nos mercados, Daoud fez uma crítica à fragilidade do valor das empresas de tecnologia, que têm parte de suas ações baseadas em expectativas futuras de crescimento. Ele citou como exemplo a Tesla, que enfrenta pressão desde que se intensificaram os ruídos geopolíticos.

As big techs vivem de expectativa. O valor das ações incorpora projeções de até 10 ou 15 anos. Se o cenário muda e a confiança some, o dinheiro também desaparece”, afirmou, utilizando o termo “dinheiro fumaça” para descrever os capitais voláteis que rapidamente se dissipam em momentos de crise.

Essa dinâmica, segundo ele, poderia agravar ainda mais os efeitos de uma eventual ruptura econômica global.

A expectativa sobre Donald Trump e os próximos passos

Miguel Daoud também comentou a possível mudança de postura do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem sinalizado disposição para buscar um entendimento com outras potências. Para ele, essa sinalização pode representar um alívio temporário nas tensões comerciais.

Se Trump realmente levar a sério essa tentativa de entendimento, pode evitar um desastre maior. É melhor buscar normalidade do que apostar no agravamento do conflito”, avaliou.

Nesse contexto, o Brasil, segundo Daoud, tem se posicionado de forma responsável. “A postura brasileira até aqui é correta. Vamos aguardar os desdobramentos, mas o país não está agindo de forma precipitada”, concluiu.

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