É difícil acreditar que guerra comercial vai se manter, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 4ª feira (23.abr.2025) avaliar que a guerra comercial entre China e Estados Unidos não deve durar no longo prazo da forma como está –com tarifas mútuas impostas por cada país.

“É difícil acreditar que as tarifas impostas mutuamente em relação aos 2 países vão se manter. É algo que, na minha opinião, desorganizaria demais as cadeias produtivas globais”, declarou Haddad no evento CNN Talks, em Brasília.

Segundo ele, a relação do comércio exterior chinês e estadunidense deve passar por “novos capítulos” ao longo das semanas que virão.

O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano) aplicou diversas tarifas sobre produtos e parceiros comerciais desde o início de seu 2º mandato, em 20 de janeiro. O objetivo é fortalecer a economia do país, reverter deficits comerciais e recuperar a competitividade da indústria norte-americana.

A China decidiu retaliar as taxas impostas. Agora, os Estados Unidos cobram 145% sobre as importações que vêm da China –o que torna o comércio entre as nações inviável. Apesar disso, há expectativa de redução.

“A minha expectativa […] é que vamos ter novos capítulos desse confronto nas próximas semanas e, possivelmente, o quadro vai mudar”, disse Haddad.

IMPACTO NO BRASIL

O ministro da Fazenda voltou a descartar a possibilidade de uma recessão no Brasil por causa do tarifaço. Para ele, o país deve continuar crescendo, mesmo que em um patamar menor.

“Não vejo risco de recessão no Brasil. Obviamente, estamos olhando para a situação atual. E temos que verificar como as tensões geopolíticas vão se acomodar”, declarou.

A recessão é um período de declínio econômico. Caracteriza-se por desempenhos ruins nos principais indicadores –como PIB (Produto Interno Bruto), criação de empregos e renda familiar.

O Ministério da Fazenda estima que a economia brasileira vai crescer 2,3% em 2025. O mercado financeiro espera algo em torno de 2%.

De toda forma, as projeções indicam que haveria uma desaceleração ante a alta de 3,4% em 2024. Naquele ano, os agentes subestimaram o resultado do PIB.

Mesmo sem ver risco interno, Fernando Haddad reconheceu um impacto global: “Certamente vai acabar afetando todos os países em alguma medida. Mas creio que estamos no começo de uma novela que ainda vai se arrastar por algum tempo”.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu a projeção de crescimento global de 3,3% para 2,8% em 2025. De acordo com a organização, as incertezas provocadas pelas tarifas resultaram na avaliação negativa.

TARIFAS DE TRUMP

O líder norte-americano tem tomado diversas decisões e causado idas e vindas em relação à sua política tarifária contra outros países. Essa situação causou incerteza nos mercados.

Trump havia determinado uma série de alíquotas para parceiros comerciais em 2 de abril. Decidiu em 9 de abril limitar as taxas para 10%, valor mínimo da política protecionista –exceto para a China.

O republicano aliviou a carga para algumas nações, como o Japão e os países da União Europeia. Entretanto, quem já tinha a taxação em 10% não teve mudança –é o caso do Brasil.

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