Velório e Conclave: perito explica próximos passos do Vaticano

Velório, Conclave e sucessão: veja os próximos passos do VaticanoReprodução Vatican News

A morte de um papa marca um momento único na história da Igreja Católica e do mundo. Mais do que o fim de um pontificado, trata-se de um evento carregado de simbolismos, rituais milenares e implicações políticas e espirituais profundas.

Em entrevista exclusiva ao Portal iG, o professor Rodrigo Coppe Caldeira, do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, detalhou os procedimentos que envolvem o sepultamento papal, além de relembrar funerais históricos e apontar mudanças recentes nesses costumes.

O Papa morreu… E agora?

O primeiro passo após a morte de um pontífice é a confirmação oficial do falecimento, realizada pelo camerlengo, autoridade responsável por administrar o Vaticano durante o período de Sé Vacante.

“O camerlengo chama o papa três vezes pelo nome e, sem resposta, declara o falecimento. Em seguida, ele destrói o anel do pescador, um dos símbolos mais importantes do cargo”, explica Coppe. Esse anel, usado para selar documentos com cera (ato conhecido como bolare), é inutilizado para evitar qualquer tipo de falsificação e também para confirmar de vez a morte.

Papa Francisco com seu anel.Divulgação/Vatican Media

Na sequência, o corpo do Papa é velado em um ritual que mescla solenidade e acessibilidade. “Primeiro, o corpo é exposto de forma restrita e depois ao público, na Basílica de São Pedro. A Missa das Exéquias, geralmente celebrada na Praça São Pedro, é presidida pelo decano do Colégio dos Cardeais e costuma reunir chefes de Estado, líderes religiosos e milhares de fiéis”, relata o professor.

O período de luto se estende por nove dias, com missas diárias em memória do pontífice. Somente após esse ciclo é realizado o sepultamento.

Embora a tradição recente aponte para a Gruta Vaticana como local comum de descanso dos papas, o Professor Coppe destaca uma exceção recente: “O Papa Francisco solicitou que fosse sepultado na Basílica Santa Maria Maggiore fora do Vaticano, em um caixão simples. Esse pedido reflete sua visão de uma Igreja mais simples”.

Basílica de Santa Maria Maggiore, no bairro de Esquilino, em RomaReprodução/ MailOnline

Outro pontífice marcante da história

Entre os funerais mais marcantes da história, Coppe destaca o de João Paulo II, em 2005. “Milhões de pessoas viajaram a Roma. Bilhões assistiram pela televisão. Foi um funeral comovente, que evidenciou o alcance global daquele pontificado”, lembra. Ele observa que, embora o Papa Francisco também tenha sido muito popular, dificilmente seu funeral atingirá a mesma magnitude midiática.

Historicamente, os rituais fúnebres dos papas refletiram o poder da Igreja em diferentes épocas. Na Idade Média, por exemplo, as cerimônias eram espetaculares, conectadas ao poder temporal dos pontífices. Com o tempo, a padronização ganhou espaço e, mais recentemente, a simplicidade passou a ser valorizada. “O papa atual pediu um caixão mais simples, o que está em linha com essa nova postura”, ressalta o professor.

À medida que se encerram os ritos fúnebres, o olhar da Igreja se volta para o conclave — reunião dos cardeais que escolherá o novo sucessor de Pedro (primeiro Papa da história).

Com o encerramento dos rituais fúnebres e o início do conclave, os olhares se voltam para a Capela Sistina, onde os cardeais eleitores, em clima de recolhimento e oração, terão a missão de escolher o novo pontífice.

Trata-se de um processo sigiloso, conduzido com ritual rigoroso e profundo simbolismo, que definirá não apenas o líder espiritual de mais de um bilhão de católicos no mundo, mas também a direção que a Igreja tomará diante dos desafios contemporâneos.

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