Soldado do Exército que transmitiu ataque de menor a sem-teto virá réu


Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva, de 20 anos, havia sido denunciado pelo Ministério Público do Rio por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado, associação criminosa e corrupção de menores. Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva
Reprodução
A Justiça do RJ aceitou a denúncia e na última quinta-feira (16) tornou réu o soldado do Exército Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva, de 20 anos, acusado de gravar e transmitir ao vivo um adolescente de 17 anos atirando coquetéis molotov em um homem em situação de rua na Zona Oeste do Rio.
O Ministério Público do Estado (MPRJ) havia denunciado Miguel por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado [mediante a recompensa, por motivo fútil, com emprego de fogo e emboscada], associação criminosa e corrupção de menores.
No despacho, além de aceitar a denúncia, a juíza Lúcia Mothe Glioche, da 4ª Vara Criminal, converteu a prisão do militar em preventiva. Na decisão, a magistrada destacou que a vítima dormir em situação de rua, quando foi atingido por um objeto inflamável e correu com o corpo em chamas, em busca de socorro.
“O crime imputado ao denunciado gerou abalo social. Sua gravidade concreta mencionada acima repercutiu negativamente na cidade do Rio de Janeiro, transmitindo sensação de medo e de insegurança para a população, sendo importante a prisão do denunciado para a garantia da ordem pública”, diz trecho da decisão de Glioche.
Segundo a Polícia Civil, o crime foi praticado por um adolescente, sendo transmitido ao vivo por Miguel Felipe pelo Discord — uma plataforma de bate-papo.
O crime ocorreu em fevereiro, no Pechinca, na Zona Oeste do Rio. A vítima, Ludierley Satyro José, de 46 anos, teve queimaduras em 60% do corpo.
‘Só escutei o barulho e senti todo o meu corpo queimando’, lembra homem em situação de rua
As investigações mostram que o ataque foi motivado por um desafio lançado numa comunidade no Discord. O menor apreendido e o militar preso receberam cerca de R$ 2 mil para cometer os crimes. Desse valor, R$ 250 já haviam sido repassados.
Ao g1, Ludierley Satyro contou que, antes do ataque, dormia na calçada. Ele recebeu alta médica há duas semanas.
“Eu só escutei o barulho e senti todo o meu corpo queimando. Quando vi, eu estava todo em chamas. Apavorei, comecei a pedir ajuda, [mas] não tinha ninguém na rua. Tirei toda roupa e fiquei pelado para apagar o fogo.”
O g1 tenta localizar a defesa do soldado, que é lotado no Primeiro Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Deodoro, Zona Oeste do Rio.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.