Papa Francisco morre aos 88 anos

O papa Francisco morreu nesta 2ª feira (21.abr.2025), aos 88 anos. O pontífice foi o 2º líder mais velho a governar a Igreja Católica em 700 anos. Com a saúde debilitada, sofria de problemas respiratórios. Foi internado em 14 de fevereiro no hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, na Itália, para tratar uma bronquite, mas exames revelaram uma pneumonia bilateral. O religioso teve alta em 23 de março e estava em recuperação. Sua última aparição pública foi no domingo (20.abr), na benção de Páscoa.
Argentino nascido na cidade de Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio foi diagnosticado com pneumonia dupla no início de fevereiro de 2025. Em 2023, Francisco já havia passado 3 dias hospitalizado para tratar uma bronquite. Em março de 2024, não conseguiu ler o seu discurso durante uma cerimônia no Vaticano.
Sua morte foi anunciada pelo Vaticano através do Instagram.

Em 17 de fevereiro, o Vaticano informou que o pontífice enfrentava um quadro clínico complexo. Resultados de exames indicaram que a bronquite havia evoluído para uma infecção polimicrobiana do trato respiratório.

Em 22 de fevereiro, o Vaticano afirmou que Francisco enfrentou uma crise prolongada de asma e precisou passar por uma transfusão de sangue e que ele “não estava fora de perigo”. Os exames realizados mostraram plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) associada à anemia, o que levou à necessidade da transfusão. “O Santo Padre continua vigilante e passou o dia na poltrona, embora mais debilitado do que ontem”, informou.

Na tarde do dia seguinte, 23 de fevereiro, apesar do quadro crítico, Francisco apresentou melhoras e não teve novas crises respiratórias desde a noite anterior. Ele manteve terapia com oxigênio de alto fluxo por meio de cânulas nasais. Os exames, no entanto, apontaram insuficiência renal inicial leve, que, segundo os médicos, estava sob controle.

Já em 24 de fevereiro, o Vaticano informou que o papa seguia fazendo terapia com oxigênio de alto fluxo por meio de cânulas nasais para ajudar na respiração. No mesmo dia, Francisco teve uma “leve melhora”, recebeu a Eucaristia e, à tarde, retomou suas atividades de trabalho. Fiéis realizaram uma vigília de oração pelo pontífice na Praça São Pedro, no Vaticano.

Depois, o papa não voltou a ter novas crises respiratórias e exames laboratoriais apresentaram resultados mais animadores, informou o Vaticano. No entanto, considerando a complexidade do quadro clínico do pontífice, por precaução, os médicos mantiveram o prognóstico de “estado crítico”. Em 25 de fevereiro, o papa telefonou para o pároco da Paróquia de Gaza para expressar sua proximidade paterna. Ainda por meio do comunicado, agradeceu “a todo o povo de Deus que nestes dias se reuniu para rezar por sua saúde”.

SAÚDE FRAGILIZADA

A saúde do papa vinha se deteriorando ao longo de seus anos de pontificado. Em 2021, o líder da igreja católica foi internado para realizar uma cirurgia no intestino grosso. Na ocasião, ficou hospitalizado por 11 dias.

Ele também conviveu com problemas cardíacos e sofreu de dor ciática crônica. Enfrentou ainda problemas pulmonares desde os 20 anos, quando removeu parte do órgão. 

Outra dificuldade que afetava Francisco era sua redução da mobilidade. Ele começou a ter dores no joelho depois de sofrer uma fratura no ligamento ao dar um passo em falso em janeiro de 2022. Tinha ainda um problema no espaço intervertebral entre a 4ª e a 5ª vértebras lombares que causava dores no quadril e nas costas.

Por causa das condições, Francisco passou a ter problemas para andar. Começou a usar cadeira de rodas e bengala para se locomover.

A idade avançada e a dificuldade para andar fizeram o pontífice anunciar, em 30 de julho de 2022, que havia entrado em uma fase mais lenta de sua liderança. Na época, ele também declarou que, caso sua saúde o impedisse de liderar a Igreja, poderia chegar o momento de considerar a renúncia.

Cerca de 5 meses depois, em 18 de dezembro de 2022, Francisco revelou que havia deixado uma carta de renúncia pronta caso enfrentasse problemas de saúde repentinos que o tornassem “incapacitado” para a função.

O pontífice não usou a carta. Embora tenha tido outros problemas de saúde que causaram preocupações no Vaticano, Francisco demonstrou resiliência. Chegou até a afirmar, em março de 2024, que sua renúncia era uma hipótese distante.

Leia abaixo outros problemas de saúde que o pontífice enfrentou:

  • 7.jun.2023: foi internado para uma cirurgia abdominal. O procedimento para reparar uma hérnia causada pela operação de 2021 durou 3 horas e não teve complicações;
  • 26.nov.2023: teve uma infecção pulmonar depois de uma gripe leve;
  • 24.fev.2024: Francisco cancelou compromissos por causa de uma gripe leve;
  • 22.dez.2024: apareceu usando aparelhos auditivos pela 1ª vez. O Vaticano, à época, não comentou sobre o uso dos aparelhos, nem informou sobre o possível problema de saúde que levou o papa a utilizar a prótese auditiva;
  • 16.jan.2025: sofreu uma contusão no antebraço direito depois de cair em sua residência na Casa Santa Marta. O Vaticano informou que o líder religioso não sofreu fratura, mas teve que imobilizar o braço por precaução.

PONTIFICADO LIBERAL NOS COSTUMES

O argentino Jorge Mario Bergoglio tornou-se o 266º papa e chefe de Estado da Cidade-Estado do Vaticano em 13 de março de 2013, depois da renúncia de Bento 16. Ele foi o 1º latino-americano e o 1º jesuíta a comandar a Igreja Católica. 

O nome Francisco foi escolhido em homenagem a Francisco de Assis, santo que renunciou a uma vida de luxo para ajudar os pobres. A simplicidade e a humildade foram, inclusive, os valores centrais de seu pontificado. Ele era conhecido como o “papa do povo”

Ao fazer sua 1ª aparição como papa, Francisco optou por vestir uma simples túnica papal branca, em vez da capa vermelha tradicionalmente usada por pontífices recém-eleitos.

O líder religioso também escolheu não morar no luxuoso apartamento apostólico, como seus antecessores fizeram. Preferiu viver na Casa Santa Marta, uma residência considerada mais simples em comparação com os aposentos papais no Palácio Apostólico. 

Ao completar 10 anos de pontificado, Francisco se tornou o papa mais popular desde João Paulo 2º, morto em abril de 2005. 

Seu tempo à frente da Igreja Católica foi marcado, conforme o Vatican News, pela “fraternidade humana, a atenção à família, a ecologia integral, o combate aos abusos na igreja, a presença na sociedade e uma nova perspectiva para os cristãos leigos”.

Apesar de manter as doutrinas tradicionais da Igreja Católica, Francisco adotou uma atitude mais acolhedora, inclusiva e focada na misericórdia e justiça social. Era conhecido por ser um líder transparente e liberal nos costumes.

O pontífice reafirmou diversas vezes que “todos são filhos de Deus” e, com essa máxima, buscou aproximar a igreja católica de pessoas até então mantidas à margem do catolicismo, como divorciados e homossexuais. 

Em 2015, por exemplo, declarou que a igreja “não tem as portas fechadas para ninguém” e que os divorciados “não estão excomungados” e “não podem ser tratadas como tal”. 

Sobre a comunidade LGBTQIA+, Francisco afirmou que as leis que criminalizam a homossexualidade são “injustas”. Também declarou que a orientação sexual “não é crime”, apesar de ser pecado, e pediu aos religiosos que acolham pessoas LGBTQIA+ na Igreja Católica.

Foi durante o pontificado de Francisco que o Vaticano autorizou, pela 1ª vez na história da igreja católica, que padres administrem bênção a casais do mesmo sexo. Embora a mudança não signifique o reconhecimento da união entre casais homoafetivos, ela representa um passo importante em direção a uma maior inclusão dentro da igreja.

Também foi no comando do pontífice que o Vaticano começou a permitir que homens gays entrem em seminários para se tornarem padres, desde que se abstenham de fazer sexo. A medida foi anunciada em 10 de janeiro de 2025. É válida inicialmente só na Itália por um período experimental de 3 anos.

O líder religioso buscou ainda promover os direitos das mulheres dentro da igreja. Em 6 de janeiro de 2025, Francisco fez história ao nomear a 1ª mulher para chefiar um grande escritório do Vaticano. A freira italiana Simona Brambilla se tornou a “prefeita” responsável por supervisionar todas as ordens religiosas da Igreja Católica.

Antes disso, o pontífice concedeu cargos de 2º comando em alguns escritórios do Vaticano a mulheres. Ele também apoiou a possibilidade de mulheres se tornarem diaconisas, ou seja, assumirem uma função ministerial dentro da Igreja, como realizar batismos e casamentos. Em 2020, determinou a criação de uma comissão para estudar o assunto. 

O Poder360 resumiu os principais marcos dos 11 anos do pontificado do papa Francisco:

  • promoveu uma posição mais liberal da Igreja em relação às questões como pobreza, desigualdade social e os direitos humanos;
  • defendeu uma igreja missionária, descentrada, que alcance as periferias sociais;
  • reafirmou que o Evangelho é para todos, destacando que a Igreja não deve ser exclusivista;
  • declarou que a homossexualidade não é crime. No entanto, disse que é permitido abençoar as pessoas, mas não as uniões, segundo a doutrina da Igreja;
  • incentivou maior participação dos leigos e deu mais voz às mulheres;
  • em 2015 lançou a 1ª carta encíclica papal dedicada ao meio ambiente e à abordagem da crise ecológica global;
  • promoveu uma visão de comunidade e destacou a importância de se negociar o fim das guerras: “Uma paz negociada é sempre melhor do que uma guerra infinita. Por favor, parem. Negociem;
  • condenou os abusos na Igreja, reforçou que são intoleráveis e que é necessário continuar trabalhando para assegurar sua punição e prevenção;
  • defendia que imigrantes deveriam ser acolhidos e tratados humanamente.

Essa abordagem pastoral e mais aberta refletiu um esforço para tornar a Igreja mais acessível e relevante.

Viagens apostólicas

Em 11 anos, Francisco realizou de 4 a 6 viagens apostólicas por ano. Essas visitas a outros países refletiram o seu compromisso com o diálogo inter-religioso e a promoção da paz.

Em 2013, o líder religioso visitou o Rio de Janeiro para a 28ª Jornada Mundial da Juventude. Em 2017, fez a 1ª viagem de um papa a Mianmar e, em 2019, também foi o 1º pontífice a visitar os Emirados Árabes Unidos, a Macedônia do Norte e o Iraque. 

De 2022 a 2024, Francisco também foi o 1º papa a visitar Bahrein, o Sudão do Sul, a Mongólia e o Timor-Leste.

ABUSOS NA IGREJA

Francisco buscou tratar com seriedade os relatos de abusos sexuais e pedofilia cometidos por integrantes da Igreja Católica. Depois de assumir o papado em 2013, o pontífice teve acesso a um dossiê sobre o tema, elaborado pelo pontificado anterior, e passou a tomar medidas firmes.

Em 2014, criou a Comissão para a Tutela de Menores. O órgão consultivo do Vaticano tem a missão de propor e promover iniciativas para proteger crianças e adolescentes de abusos sexuais dentro da igreja.

Também passou a exigir prestação de contas de bispos e ordenou a criação de comissões de investigação em várias partes do mundo. Em 2019, decretou o fim do segredo pontifício para os casos de abuso sexual, permitindo maior transparência nas investigações.

O papa atualizou ainda uma lei da igreja de 2019 que obriga sacerdotes e religiosos a denunciarem crimes de abuso sexual ao Vaticano. A determinação foi estendida a leigos que lideram associações internacionais ligadas ao catolicismo.

Em suas cartas e declarações a fiéis, o líder religioso condenou o acobertamento de abusos, afirmando que tais práticas deixaram uma marca inapagável na igreja . Ele também manifestou solidariedade às vítimas, reconhecendo o sofrimento físico e psicológico que enfrentaram. Agradeceu ainda aos jornalistas pela contribuição na revelação dos casos.

VIDA ANTES DO PAPADO

O argentino Jorge Mario Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires quando foi escolhido para liderar a Igreja Católica. Foi o 1º papa do continente e o 1º jesuíta a chegar ao cargo máximo do catolicismo. 

Conforme a biografia publicada no site do Vaticano, enquanto arcebispo na Argentina, ele “tornou-se um ponto de referência por causa de suas tomadas de posição fortes durante a dramática crise econômica que abalou o país em 2001”.

Bergoglio nasceu na capital argentina em 17 de dezembro de 1936. Era filho de imigrantes italianos. Se formou como técnico químico e, depois, escolheu o caminho do sacerdócio. 

Em março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Completou os estudos humanísticos no Chile e, já de volta à Argentina, em 1963, obteve a licenciatura em filosofia. De 1964 a 1966, foi professor de literatura e psicologia em colégios argentinos. Estudou teologia de 1967 a 1970. 

Em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote. Em 22 de abril de 1973, emitiu a profissão perpétua aos jesuítas, ou seja, se comprometeu a viver de acordo com os votos de pobreza, castidade e obediência, de forma permanente e irrevogável, dentro da Companhia de Jesus.

Na Argentina, foi mestre de noviços, professor em faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e reitor de colégio.

Foi eleito, em julho de 1973, provincial dos jesuítas no país sul-americano, cargo que desempenhou por 6 anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário. Em 1986, partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutorado. 

Em 20 de maio de 1992, o então papa João Paulo 2º o nomeou bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em 3 de junho de 1997, foi promovido a arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Menos de 9 meses depois, em 28 de fevereiro de 1998, virou arcebispo.

Três anos mais tarde, em 21 de fevereiro de 2001, foi nomeado cardeal. Permaneceu no cargo até ser escolhido como papa em 13 de março de 2013. 

RELEMBRE A ESCOLHA DE PAPA FRANCISCO

Em 13 de março de 2013, a Igreja Católica elegeu o cardeal Jorge Mario Bergoglio, de Buenos Aires, como o 266º papa da história da Igreja. O argentino, que assumiu o nome de papa Francisco, foi escolhido por um conclave de 115 cardeais, após a renúncia de Bento 16, que fez história ao ser o 1º papa a abdicar do cargo em mais de 600 anos.

A escolha de Bergoglio surpreendeu muitos analistas e observadores, que esperavam uma indicação de um cardeal europeu para suceder o papa Bento 16. Contudo, o cardeal argentino foi escolhido por sua postura conservadora, seu trabalho pastoral focado nos pobres e em um estilo de liderança simples.

Bergoglio, que nasceu em Buenos Aires em 1936 e se tornou o 1º papa latino-americano e jesuíta da história, assumiu um compromisso com uma Igreja mais próxima dos mais necessitados e uma gestão baseada na humildade. Seu discurso inaugural enfatizou a importância da misericórdia e do serviço, buscando representar uma renovação no coração da Igreja, em meio a um cenário global de desafios, como os escândalos de abuso sexual e a crescente secularização.

FRANCISCO E O BRASIL

O papa Francisco manteve uma relação próxima com o Brasil, abordando temas como meio ambiente, desigualdade social e democracia. Desde o início de seu pontificado, em 2013, ele tem feito declarações sobre a situação política e social do país, além de destacar a importância da proteção da Amazônia.

O Brasil tem a maior população católica do mundo. De acordo com o Anuário Pontifício de 2023, que tem o dado mais recente sobre o tema, o país tem aproximadamente 180 milhões de católicos, consolidando-se como o que tem o maior número de fiéis batizados no mundo.

O Vaticano acompanha de perto questões sociais, políticas e ambientais do Brasil, além de promover visitas e reconhecer santos brasileiros.

Francisco esteve o Brasil como destino de sua 1ª viagem internacional depois que assumiu o comando da Igreja Católica. O pontífice veio ao país para participar da 28ª JMJ (Jornada Mundial da Juventude), encontro de jovens católicos realizado no Rio de Janeiro em julho de 2013.

“Deus quis que minha primeira viagem fosse ao Brasil”, disse o papa à época em uma recepção no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, com a presença da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Cerca de 1 ano depois, em 21 de fevereiro de 2014, foi a vez da ex-presidente se encontrar com o pontífice no Vaticano. Na ocasião, Dilma entregou a Francisco uma camisa da seleção brasileira assinada por Pelé e uma bola autografada por Ronaldo. A ex-presidente também convidou o líder católico para a Copa do Mundo, que foi realizada no Brasil naquele ano.

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Roberto Stuckert Filho/PR – 21.fev.2014

Papa Francisco segura camisa da seleção brasileira entregue por Dilma Rousseff durante viagem da ex-presidente ao Vaticano

Dilma encontrou Francisco novamente em abril de 2024. Na ocasião, a ex-presidente presenteou o líder religioso com o “Theodoro Sampaio. Nos sertões e na cidade”, de Ademir Pereira dos Santos.

Francisco não se reuniu pessoalmente com Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) durante os mandatos dos ex-presidentes. Em abril de 2017, o papa enviou uma carta a Temer recusando o convite de visita ao Brasil por questões de agenda. Na época, também disse que a crise política e social que o país enfrentava não era de simples solução”.

Quanto a Bolsonaro, a relação do ex-presidente com Francisco teve alguns momentos de tensão, principalmente por conta de divergências em relação à proteção da Amazônia. Apesar disso, o pontífice demonstrou um gesto de compaixão em 27 de janeiro de 2022, ao enviar uma nota de pesar a Bolsonaro pela morte de sua mãe, Dona Olinda.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Francisco se encontraram pessoalmente diversas vezes. A 1ª reunião se deu antes de o petista conquistar seu 3º mandato como presidente. Em 13 de fevereiro de 2020 no Vaticano, Lula conversou com o pontífice sobre o meio ambiente e a desigualdade social.

Depois de assumir a Presidência do Brasil, Lula viajou ao Vaticano em junho de 2023. Ele estava acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva. Ambos trocaram presentes com o papa.

O pontífice entregou ao petista um baixo-relevo em bronze com o escrito: “A paz é uma flor frágil”. O documento sobre a Fraternidade Humana e o livro sobre a Statui Orbis de 27 de março de 2020 também foram concedidos a Lula.

Em troca, o papa foi presenteado com uma gravura do artista pernambucano J.F. Borges, e uma estátua de Nossa Senhora de Nazaré, entregue pela primeira-dama.

Assista (1min8s):

Lula e Francisco voltaram a se encontrar cerca de 1 ano depois. Em 14 de junho de 2024, o petista e o pontífice se reuniram em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália. Janja também esteve presente.

Na ocasião, Lula convidou o papa para participar de uma campanha conjunta para “tornar o mundo mais humano”.

Assista (1min5s): 

Durante seu pontificado, Francisco também comentou sobre diversas situações no Brasil. Falou, por exemplo, dos atos extremistas realizados em 8 de janeiro, em Brasília. Ele manifestou preocupação com o episódio. Disse que extremistas no Brasil enfraquecem a democracia e que a polarização política não ajuda a “resolver os problemas urgentes dos cidadãos”.

O papa também prestou solidariedade às famílias afetadas pelas chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em 2024. Doou 100 mil euros para ajudar.

A primeira-dama Janja Lula da Silva se encontrou com o papa Francisco em 12 de fevereiro de 2025, durante audiência no Vaticano. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram, ela disse ter agradecido pelas orações pela saúde de Lula e conversado sobre a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, em 2024.

Hoje a gente começou o dia abençoada, encontrando com o papa Francisco. Eu estou muito emocionada, toda vez que eu encontro com ele é sempre uma emoção“, disse Janja. “Eu falei um pouco do meu trabalho com as mulheres e com as meninas na questão da pobreza, de como a fome e a pobreza impactam a vida das meninas“.

Assista ao vídeo (1min32s):

Além de Dilma e Lula, o papa Francisco se encontrou com vários políticos brasileiros durante seu pontificado, tanto em visitas ao Brasil quanto em audiências no Vaticano. O papa manteve uma prática constante de diálogo com as autoridades civis, mas também há muitos outros encontros em audiências privadas ou menos divulgadas. Jair Bolsonaro (PL) foi o único presidente brasileiro que não esteve com o papa. 

Eis a lista abaixo de outros encontros de autoridades brasileiras com o papa:

  • Geraldo Alckmin (8.dez.2024) – o vice-presidente encontrou-se com o papa no Vaticano. Ele representou o governo brasileiro na elevação do arcebispo de Porto Alegre, Jaime Spengler, a cardeal;

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Reprodução/Redes sociais – 8.dez.2024

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), em encontro com o papa Francisco, no Vaticano em dezembro de 2024

  • Michelle Bolsonaro (13.dez.2019) – a então primeira-dama participou de encontro do papa com outras primeiras-damas da América Latina;

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Reprodução/Facebook – 13.dez.2019

Imagem do encontro de Michelle com o papa Francisco divulgada nas redes sociais da então ministra Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos)

  • Michel Temer (27-28.jul.2013) – como vice-presidente (MDB), encontrou-se com o papa na visita dele ao Rio em julho de 2013. Como presidente, em 2017, Temer mandou ao papa convite para visitar o Brasil. O convite foi recusado. Temer queria que o papa participasse em 12 de outubro de 2017 da comemoração dos 300 anos da data em que foi encontrada uma imagem de Nossa Senhora da Conceição no rio Paraíba, em São Paulo, onde hoje está Aparecida (SP). Foi a origem de Nossa Senhora Aparecida, uma das invocações de Santa Maria para os católicos. 

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Anderson Riedel/Planalto – 13.jul.2013

Michel Temer em despedida ao papa Francisco, que havia visitado o Brasil em julho de 2013 para participar da Jornada Mundial da Juventude

  • Alencar da Silveira Jr (23.jan.2025) – o deputado estadual de Minas Gerais (PDT), presidente do América-MG, encontrou-se com o papa na audiência geral na Praça de São Pedro. O papa assinou uma camisa do clube que Alencar lhe apresentou;
  • Álvaro Dias (27.nov.2024) – o prefeito de Natal (Republicanos) encontrou-se com o papa em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano;
  • Ibaneis Rocha (15.nov.2024) – o governador do Distrito Federal (MDB) encontrou-se com o papa em audiência geral no Vaticano;
  • Rafael Greca (13.nov.2024) – o prefeito de Curitiba (PSD) encontrou-se com o papa em audiência geral no Vaticano. Ele foi à Itália divulgar ações da Prefeitura de Curitiba;
  • Renato Casagrande (9.nov.2024) – o governador do Espírito Santo (PSB) reuniu-se com o papa em audiência privada no Vaticano;
  • Bruno Dantas (11.out.2024) – o então presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou-se com o papa na Praça de São Pedro, no Vaticano. Ele foi a Roma participar do 2º Fórum Esfera Internacional, do Grupo Esfera;
  • Margareth Menezes (18.set.2024) – a ministra da Cultura foi recebida pelo papa no altar na Praça de São Pedro, no Vaticano, depois da audiência geral. Ela havia participado da cerimônia de canonização da santa baiana Dulce dos Pobres, em 13 de outubro de 2019, no Vaticano;
  • Fernando Haddad (6.jun.2024) – o ministro da Fazenda reuniu-se com um papa em uma audiência privada no Vaticano;
  • Raoni Metuktire (16.mai.2024) – o líder indígena da etnia kayapó encontrou-se com o papa no Vaticano;
  • Ricardo Nunes (16.mai.2024) – o prefeito de São Paulo (MDB) participou de uma missa no Vaticano pelos 3 anos da morte de Bruno Covas e encontrou-se com o papa;
  • Eduardo Leite (17.abr.2024) – o governador (PSDB) do Rio Grande do Sul encontrou-se com o papa em uma audiência geral na Vaticano. Estava em Roma para uma viagem em que buscava investimentos para o Estado;
  • Alexandre Silveira (3.mai.2024) – o ministro de Minas e Energia encontrou-se com o papa no Vaticano;
  • Gilberto Kassab (3.mai.2024) – o secretário de governo do Estado de São Paulo e presidente do PSD participou da audiência de Silveira com o papa;
  • José Guimarães (10.jan.2024) – o líder do governo na Câmara (PT-CE) encontrou-se com o papa em um evento no Vaticano;
  • Jilmar Tatto (10.jan.2024) – o deputado federal (PT-SP) participou do encontro de Guimarães com o papa;
  • Washington Quaquá (10.jan.2024) – o então deputado federal (PT-RJ), atual prefeito de Maricá (RJ), participou do encontro de Guimarães com o papa;
  • Helder Barbalho (18.out.2023) – o governador do Pará (MDB) encontrou-se com o papa no Vaticano e o convidou para participar de evento religioso antes da COP30, que será em novembro de 2025 em Belém (PA);
  • Flavia Morais (21.set.2023) – a deputada federal (PDT-GO) encontrou-se com o papa em evento no Vaticano. Viajou em missão da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara;
  • George Morais (21.set.2023) – o deputado estadual de Goiás (PDT) participou do encontro da deputada, com quem é casado, com o papa;
  • Romeu Zema (14.set.2023) – o governador de Minas Gerais (Novo) encontrou-se com o papa em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano;
  • Sebastião Melo (25.mai.2023) – o prefeito de Porto Alegre (MDB) participou de encontro de prefeitos de países latino-americanos com o papa no Vaticano. Ele viajou à Itália para um evento sobre desenvolvimento;
  • Luís Roberto Barroso (4.mai.2023) – o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) encontrou-se com o papa em uma audiência-geral no Vaticano. Ele foi a Roma para um evento sobre tributação;
  • Rodrigo Garcia (7.dez.2022) – o então governador de São Paulo (PSDB, atualmente sem partido) encontrou-se com o papa durante um evento no Vaticano;
  • Ratinho Junior (8.jun.2022) – o governador do Paraná (PSD) encontrou-se com o papa durante audiência geral no Vaticano;
  • Damares Alves (13.dez.2019) – a então ministra dos Direitos Humanos encontrou-se com o papa em uma audiência com grupo de cerca de 30 pessoas no Vaticano. Ela acompanhou a então primeira-dama Michelle Bolsonaro em viagem a Roma. Michelle Bolsonaro encontrou-se com o papa em outra audiência;
  • Marcelo Bretas (27.dez.2017) – o juiz encontrou-se com o papa em um evento no Vaticano;
  • João Doria (19.abr.2017) – o então prefeito de São Paulo (PSDB, atualmente sem partido) encontrou-se com o papa na praça de São Pedro, no Vaticano, e pediu que considerasse novamente o convite do então presidente Michel Temer para visitar o Brasil nas comemorações dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida;
  • Rodrigo Maia (19.nov.2016) – o então presidente da Câmara (DEM, no PSDB atualmente) se reuniu com o papa no Vaticano, segundo sua assessoria. Não foi divulgada foto do encontro. Ele foi a Roma representar o então presidente Michel Temer em eventos da Igreja Católica;
  • Antonio Brito (5.set.2016) – o deputado federal (PSD-BA) encontrou-se com o papa na Praça de São Pedro, no Vaticano, em evento com representantes de santas casas;
  • Ricardo Lewandowski (18.fev.2015) – o então presidente do STF foi recebido pelo papa em audiência privada. Na viagem, teve também encontro com representantes do Judiciário da Itália;
  • Alessandro Molon (22.jun.2014) – o então deputado federal (então no PT-RJ, hoje no PSB, sem mandato) encontrou-se com o papa em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano.
  • Jorge Viana (9.dez.2013) – o então vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), encontrou-se com o papa em audiência privada. Foi à Itália em visita oficial;
  • Renan Calheiros (23.jul.2013) – o então presidente do Senado (MDB-AL) recebeu o papa na Base Aérea do Galeão, quando ele chegou à cidade para a Jornada Mundial da Juventude. Depois encontrou-se com o papa no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio;
  • Sérgio Cabral (23.jul.2013) – o então governador do Rio (PMDB), sem partido atualmente) recebeu o papa na Base Aérea e no Palácio Guanabara;
  • Eduardo Paes (25.jul.2013) – como prefeito do Rio (então do PSDB, no PSD atualmente), entregou ao papa as chaves da cidade em cerimônia na prefeitura do Rio. Foi parte da visita do papa ao Rio. Cabral participou da cerimônia.

Leia outras declarações de Francisco sobre o Brasil: 

  • Papa Francisco diz a padre que brasileiros não têm salvação: “Muita cachaça”;
  • Papa Francisco diz que Lula foi condenado injustamente.

CONCLAVE

Com a morte de Francisco, os cardeais iniciarão o conclave –termo de origem no latim “cum clave”, que significa “com chave”– para a escolha do 267º papa. O ritual, que remonta ao século 13, é realizado na Capela Sistina, no Vaticano, onde cardeais com menos de 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana. A quantidade de cardeais pode variar desde que não ultrapasse o limite de 120.

O processo foi reformado por diversos papas ao longo dos séculos. Uma das mudanças veio com o papa Pio 10, em 1904. Ele estabeleceu, por exemplo, o fim do veto imperial, que permitia que alguns monarcas católicos influenciassem na eleição.

Essas reformas buscaram tornar o processo mais eficiente e livre de influências externas. Por isso, os cardeais votantes permanecem isolados durante todo o período, sem acesso a notícias, telefones ou computadores. Papas posteriores, como Paulo 6, João Paulo 2 e Bento 16, continuaram a ajustar o processo para fortalecer a transparência, organização e celeridade.

A sucessão papal começa com um ritual específico: o cardeal camerlengo, nomeado para a função pelo papa e responsável pela organização do conclave, confirma oficialmente a morte do chefe da Igreja Católica e declara o início do período de “Sede Vacante”, que significa “assento vago”. Como parte do protocolo, o Anel do Pescador e o selo papal do pontífice falecido são destruídos, simbolizando o fim de seu pontificado e prevenindo o uso indevido desses símbolos.

O atual cardeal camerlengo é o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell, nomeado pelo papa Francisco em fevereiro de 2019. Ele terá de 15 a 20 dias para convocar o conclave depois da confirmação da vacância papal.

Com o início do processo, os cardeais elegíveis se reúnem 1º na Basílica de São Pedro para uma missa especial antes de seguirem para a Capela Sistina. Todos, exceto os cardeais e o pessoal a serviço do conclave, como faxineiros, cozinheiros e seguranças, são retirados do edifício. Os religiosos fazem um juramento de silêncio e as portas são seladas.

Eis abaixo como se dá o processo:

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