Nos últimos anos, trabalhar como motorista de aplicativo se consolidou como alternativa real de sustento no Brasil. Em um cenário de instabilidade econômica e desemprego elevado, a atividade cresceu com força especialmente em grandes centros urbanos. O modelo de negócio baseado em tecnologia, que permite ao profissional definir horários e rotas, atrai cada vez mais trabalhadores que buscam complementar a renda ou encontrar uma nova ocupação.
Pontos Principais:
- Motorista de aplicativo precisa faturar cerca de R$ 3.400 por mês para lucrar R$ 2.000.
- Custos operacionais podem consumir até 40% do faturamento total.
- Faturamento diário médio em BH é de R$ 526,60 para jornada de 8 horas.
- Aluguel de carro pode comprometer até 30% da receita semanal do motorista.
- Uber no Brasil tem 1,4 milhão de motoristas e gerou R$ 144,9 bilhões em 10 anos.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, estima-se que o número de motoristas de aplicativos esteja entre 35 mil e 40 mil. Quando considerada a totalidade do estado de Minas Gerais, esse número pode dobrar. No plano nacional, o Brasil ocupa o posto de segundo maior mercado de transporte por aplicativos do mundo, com 1,4 milhão de motoristas cadastrados apenas na plataforma Uber, de acordo com dados oficiais da empresa.
Apesar da expansão, a atividade apresenta desafios complexos. O faturamento bruto pode ser elevado, mas os custos operacionais, o modelo de remuneração e as jornadas longas impactam diretamente no rendimento final do motorista. Essa equação entre esforço e retorno financeiro exige planejamento para garantir que o trabalho gere lucro, e não apenas movimento.
Como calcular os ganhos reais

Entender quanto se ganha de fato como motorista de aplicativo requer separar o valor faturado das despesas envolvidas. Custos como combustível, manutenção, aluguel ou financiamento do carro, internet, impostos, taxas da plataforma, alimentação e seguro afetam diretamente o lucro.
Estima-se que os custos operacionais possam consumir até 40% do valor bruto recebido. Por isso, o motorista precisa diferenciar entre custos fixos e variáveis. Despesas como seguro e pacote de dados são fixas, pois independem da quilometragem rodada. Já gastos como gasolina, desgaste de pneus e revisões variam conforme o número de viagens e a distância percorrida.
Para atingir um lucro líquido de R$ 2.000 ao final do mês, o motorista precisa gerar aproximadamente R$ 3.400 em faturamento. Em Belo Horizonte, onde a média por corrida é de R$ 17 e cada atendimento leva cerca de 35 minutos, isso exigiria cerca de 240 corridas mensais. Considerando 20 dias úteis de trabalho, o condutor precisaria realizar 12 viagens por dia, em uma jornada de 8 horas diárias.
Panorama do mercado brasileiro
Segundo informações divulgadas pelo CEO da Uber, a operação brasileira da empresa é uma das mais relevantes do mundo. Desde a chegada da plataforma ao Brasil, em 2014, a empresa já arrecadou US$ 25 bilhões, o equivalente a R$ 144,9 bilhões. Atualmente, a Uber opera em mais de 500 cidades brasileiras.
Minas Gerais responde por cerca de 7% da operação da Uber no país. Isso significa que, em média, um em cada 60 trabalhadores ativos em Minas é motorista da plataforma. Além do transporte de passageiros, a empresa também oferece serviços de entrega e gestão corporativa de transporte, ampliando seu leque de atuação.
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Apesar da importância estratégica do Brasil para a Uber, a rentabilidade individual dos motoristas ainda é alvo de debate. A plataforma representa uma fonte significativa de renda para milhões de brasileiros, mas impõe uma rotina intensa, marcada por altos custos operacionais e ausência de garantias trabalhistas.
Faturamento por cidade
De acordo com levantamento da fintech GigU, os ganhos médios brutos dos motoristas que trabalham 8 horas por dia variam de cidade para cidade. Em São Paulo, por exemplo, o faturamento diário gira em torno de R$ 566,96. Em Belo Horizonte, a média é de R$ 526,60. Porto Alegre e Rio de Janeiro aparecem em seguida, com R$ 503,45 e R$ 489,62 respectivamente. Já em Brasília, o valor diário fica em R$ 386,73.
Esses números representam valores brutos, sem descontos. A margem líquida, depois de abatidos os custos com combustível, aluguel, taxas da plataforma e impostos, pode ser bem menor. Um motorista que fatura R$ 500 por dia pode terminar com menos de R$ 300 ao final do expediente.
A porcentagem cobrada pela Uber sobre cada corrida varia bastante, podendo atingir até 40%. Isso impacta diretamente o valor recebido por viagem. Para lidar com essa oscilação, muitos motoristas diversificam sua atuação, utilizando mais de uma plataforma, como 99 e InDrive.
Aluguel de veículos e implicações
Grande parte dos motoristas trabalha com veículos alugados. Essa opção é escolhida por quem deseja evitar os custos de aquisição, manutenção e impostos. Porém, o valor do aluguel semanal pode variar entre R$ 400 e R$ 700, dependendo da região e do modelo do carro.
Entre as vantagens do aluguel estão a troca periódica do veículo e a ausência de despesas com revisões e desvalorização. No entanto, o alto custo do aluguel reduz a margem de lucro, especialmente em semanas de baixa demanda. A necessidade de compensar esse gasto leva muitos motoristas a ampliar suas jornadas de trabalho.
Outro ponto crítico é que, ao optar pelo aluguel, o motorista precisa atingir um patamar de corridas ainda maior para cobrir as despesas e obter lucro. Isso se reflete em desgaste físico, maior risco de acidentes e menos tempo livre.
Desafios da rotina e jornada
Apesar de o aplicativo limitar o tempo diário de trabalho a 12 horas, motoristas frequentemente extrapolam esse limite. Estratégias como o uso de contas de familiares, alternância entre plataformas e pausas programadas permitem que alguns trabalhem por até 14 horas por dia.
A busca por um faturamento maior leva ao cansaço extremo. Os relatos mais comuns são de exaustão física, redução do convívio familiar e social, e aumento dos níveis de estresse. A exposição constante ao trânsito e aos riscos urbanos também é fator de preocupação.
Essa rotina intensa, somada à pressão por resultados financeiros, tem motivado o debate sobre a necessidade de regulamentação do trabalho por aplicativos no Brasil, com foco na proteção do trabalhador.
Consegue viver desse ganho?
Motoristas de Uber e 99 podem faturar mais de R$ 10 mil brutos por mês, mas isso exige uma rotina intensa, chegando a 80 horas semanais. Embora pareça um bom rendimento, a realidade é que poucos conseguem manter esse ritmo. A média nacional, segundo o Ipea, gira em torno de R$ 2.400 líquidos mensais para a maioria dos profissionais.
As plataformas cobram comissões variáveis, geralmente entre 15% e 25%, mas em casos isolados podem ultrapassar 35%. Além das taxas, os principais gastos dos motoristas incluem combustível, seguro do carro, manutenção, alimentação, limpeza do veículo e impostos como o IPVA. Só com etanol, por exemplo, alguns chegam a gastar mais de R$ 2 mil por mês.
Mesmo com um faturamento bruto alto, os custos operacionais reduzem consideravelmente os lucros. Um motorista que fatura R$ 8 mil, por exemplo, pode ter um lucro real de cerca de R$ 5.500 após todos os descontos. O equilíbrio entre tempo trabalhado, estratégia de corrida e controle de gastos é essencial para tornar a atividade sustentável.
O futuro da atividade e perspectivas
A atividade de motorista de aplicativo oferece, ao mesmo tempo, oportunidade e incerteza. O modelo atrai pela facilidade de entrada, ausência de exigência de experiência prévia ou diploma, e possibilidade de remuneração acima da média do mercado formal. Por outro lado, a ausência de garantias, a imprevisibilidade da demanda e o alto custo operacional tornam a profissão instável.
Em meio a essa realidade, propostas de regulamentação ganham força no Congresso Nacional. Os projetos em discussão incluem a criação de um regime previdenciário obrigatório, a definição de limites claros de jornada e a garantia de direitos como férias e aposentadoria.
Enquanto isso, motoristas buscam estratégias para maximizar os lucros. Muitos trabalham em horários de pico, usam ferramentas para monitorar preços e rotas, evitam regiões com pedágio e compartilham informações em grupos de redes sociais. Essas táticas ajudam a manter a operação viável em um mercado cada vez mais competitivo.
Fonte: Uber, Istoedinheiro, Glassdoor e AutoPapo.
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