
Pesquisa publicada na revista Nature estudou dieta tradicional de povos africanos e descobriu que fortaleciam sistema imunológico. A pesquisa foi conduzida na Tanzânia, na África
Silvágner Grigório / Ascom PMMC
Você já tem no prato vegetais verdes, banana-da-terra, mandioca, leguminosas e milho? Se ainda não tem, essa é a hora. Segundo um estudo publicado na revista Nature, esses alimentos — base da dieta de diversos povos africanos — podem fortalecer o sistema imunológico.
A pesquisa foi conduzida na Tanzânia, na África, por cientistas que buscavam entender se a disseminação de doenças na região poderia estar relacionada aos hábitos alimentares.
De acordo com Quirijn de Mast, um dos autores do estudo, pessoas que mantinham um estilo de vida tradicional em áreas rurais apresentavam um perfil imunológico distinto de moradores de centros urbanos — com maior presença de proteínas anti-inflamatórias no organismo. A inflamação crônica é considerada um fator-chave para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como artrite reumatoide e Alzheimer.
Homem ‘vaza’ colesterol pelas mãos após aderir a dieta carnívora
Os resultados mostraram que os participantes que adotaram a dieta ocidental apresentaram aumento nos marcadores inflamatórios no sangue, além de uma menor resposta imunológica a infecções e ganho de peso.
O oposto foi observado no grupo que seguiu a dieta tradicional: a alimentação teve efeito anti-inflamatório e reduziu os marcadores sanguíneos associados a problemas metabólicos.
O estudo também incluiu um terceiro grupo: participantes que mantinham uma dieta ocidental foram convidados a consumir, durante uma semana, a mbege — uma bebida fermentada de banana, típica da região. Esse grupo também apresentou melhora nos marcadores de inflamação.
Para os autores, os benefícios das dietas africanas ainda são pouco explorados e documentados, ao contrário das dietas mediterrânea e nórdica, amplamente promovidas por organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles defendem que os alimentos tradicionais africanos sejam incluídos nas diretrizes nutricionais globais.