O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, fez um alerta direto aos trabalhadores brasileiros nesta terça-feira (15), durante um evento da montadora Nissan em Resende (RJ): “não pegue o crédito Consignado se não for realmente necessário”.
A recomendação veio após a constatação de que muitos empréstimos do programa Crédito do Trabalhador estão sendo ofertados com juros altos, o que pode comprometer o orçamento do trabalhador.
O Crédito do Trabalhador, lançado para ampliar o acesso ao Consignado por trabalhadores da iniciativa privada, permite empréstimos com desconto direto na folha de pagamento.
Mas o governo já identificou distorções, com taxas entre 2,8% e até 5,97% ao mês, que ultrapassam a média do mercado para essa operação. Confira mais detalhes a seguir.
Como funciona o Crédito do Trabalhador?
O Crédito do Trabalhador, também chamado de novo Consignado privado, é resultado da reformulação da linha de crédito que já era ofertada anteriormente aos trabalhadores CLT.
No entanto, no modelo antigo, era necessário que o empregador fosse conveniado a uma instituição financeira, ou seja, o acesso ao crédito era bastante limitado.
Já o novo modelo foi criado para ampliar esse acesso, assim, dispensa a necessidade de convênios e, agora, pode ser contratado totalmente online, sem passar pelo RH da empresa.
Principais características do novo Consignado privado:
- Disponível para qualquer trabalhador CLT com vínculo empregatício ativo e margem consignável disponível, que tenha recebido salário no mês-base
- Contratação digital, iniciada pelo app Carteira de Trabalho Digital, onde o trabalhador deve clicar no link fornecido pelo banco, para concluir diretamente na plataforma da instituição
- Comparação de propostas de diferentes bancos antes da contratação, dando mais autonomia para escolher a melhor oferta
- Desconto automático em folha de pagamento, limitado a 35% da renda líquida e com limite de um empréstimo por vínculo empregatício
- Prazo de pagamento de até 96 meses, variando conforme condições da instituição financeira.
Com as novas características, o acesso ao crédito ficou bem mais amplo e é possível se beneficiar da contratação, no entanto, é importante ter planejamento financeiro, evitando que a contratação tenha impactos negativos.
Por que o alerta do ministro?
Conforme matéria do Poder 360, Luiz Marinho enfatizou que muitos trabalhadores, pela urgência de recursos ou falta de informação, acabam aceitando propostas com juros altos sem pesquisar alternativas.
Ele recomenda que se a taxa estiver alta, o ideal é aguardar 24 horas para receber todas as propostas dos bancos interessados e escolher a melhor.
“Você pode pedir para o aplicativo fazer uma simulação. Os bancos têm 24 horas para fazer uma proposta. Nossa sugestão: não fiquem ansiosos para fechar logo na primeira oferta. Espere 24 horas e feche pelo menor juro ofertado”, alerta ele.
Essa espera é estratégica. O aplicativo permite simulações e dá até um dia para que as instituições bancárias apresentem condições mais vantajosas. A recomendação oficial é sempre escolher a menor taxa de juros disponível.
O risco do superendividamento
Apesar da proposta de democratizar o crédito, o novo Consignado também traz riscos.
Segundo especialistas, a facilidade de acesso e o longo prazo para pagamento podem induzir ao endividamento crônico.
Além disso, com taxas muito acima da média, o Consignado pode perder seu atrativo principal: ser mais barato que outras modalidades.
Um trabalhador que aceita uma taxa de 5% ao mês pode acabar pagando quase o dobro do valor emprestado ao final do contrato.
No entanto, vale lembrar que, com a previsão de lançamento da Portabilidade e do Refinanciamento do modelo, no dia 25 de abril, a tendência é que a competição entre bancos aumente consideravelmente.
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Quando vale a pena contratar o Crédito do Trabalhador?
A orientação do próprio governo é simples: só use o crédito se for realmente necessário. Mas o que isso significa na prática?
Situações em que o crédito pode ser vantajoso:
- Quitar dívidas mais caras, como rotativo do cartão ou cheque especial
- Resolver emergências médicas ou familiares, quando não há outra alternativa
- Fazer um investimento que traga retorno financeiro superior aos juros do empréstimo
Já para gastos não essenciais ou compras por impulso, o crédito Consignado não é recomendado.
Aplicativo Carteira de Trabalho Digital: como simular e contratar
Todo o processo de contratação é feito online. Confira o passo a passo:
- Baixe o aplicativo Carteira de Trabalho Digital no seu celular
- Acesse a aba de “Empréstimos”, disponível no canto inferior direito
- Solicite o crédito, definindo valor e outras características desejadas
- Aguarde 24 horas para receber todas as propostas dos bancos interessados
- Compare atentamente as ofertas e escolha a que oferecer as menores taxas
- Clique no link fornecido pela instituição escolhida para concluir junto à plataforma bancária
Essa dinâmica garante mais transparência e autonomia para o trabalhador, mas exige paciência e responsabilidade na decisão.
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Saiba mais
* Valor máximo da parcela mensal deve respeitar o limite de 35% do salário líquido.
* Contratação sujeita a análise. Os valores aqui presentes podem variar no leilão.
Plataforma segura.
O papel da educação financeira
A fala de Luiz Marinho reflete uma preocupação maior: educar financeiramente o trabalhador brasileiro.
Ao invés de simplesmente estimular o consumo via crédito, o governo busca estimular o uso consciente.
“Muita gente não tem crédito nos bancos. Caem na mão de agiotas. O Consignado é uma alternativa, mas deve ser usada com cautela”, reforçou o ministro.
Portanto, mesmo diante da facilidade, é importante lembrar que o crédito é uma ferramenta, não uma solução mágica.
O Crédito do Trabalhador surge como uma opção viável para milhões de brasileiros, mas não deve ser tratado como dinheiro fácil.
As palavras do ministro Luiz Marinho são um lembrete importante: só contrate se for necessário e compare bem as ofertas antes de fechar o contrato, evitando comprometer sua saúde financeira a longo prazo.
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