Com tarifaço de Trump da China, Tesla para de vender carros importados dos EUA

A disputa comercial entre Estados Unidos e China gerou uma nova movimentação no mercado de veículos elétricos. A Tesla decidiu suspender a venda de dois modelos importados diretamente dos EUA para o mercado chinês. A medida afeta os modelos Model S e Model X, ambos fabricados na planta de Fremont, na Califórnia, e comercializados na China via importação direta.

A decisão coincide com o anúncio feito por Pequim de impor uma tarifa de 125% sobre produtos norte-americanos, como resposta a uma nova rodada de aumentos tarifários promovida pelos Estados Unidos. A suspensão das encomendas foi identificada no site oficial da Tesla na China, onde os botões de pedido dos modelos deixaram de estar disponíveis. A fabricante não divulgou uma nota oficial sobre o motivo da suspensão.

A medida ocorre em um contexto de intensificação de medidas econômicas entre as duas potências. Os clientes chineses ainda podem adquirir veículos Model S e Model X de estoque local, mas não há possibilidade de novos pedidos enquanto a situação tarifária não se resolve.

Guerra tarifária entre China e EUA

A crise comercial entre os dois países teve um novo episódio em abril, quando o então presidente Donald Trump detalhou uma nova política de tarifas. Os EUA passaram a aplicar impostos de até 145% sobre produtos chineses, o que provocou retaliação imediata do governo chinês. Em resposta, a China anunciou a imposição de uma tarifa de 125% sobre produtos vindos dos Estados Unidos, incluindo os automóveis da Tesla.

A medida afeta diretamente as exportações de veículos da Tesla que não são produzidos em território chinês. A empresa de Elon Musk produz localmente os modelos Model 3 e Model Y, fabricados na Gigafactory de Xangai. Esses continuam disponíveis para o mercado chinês.

A elevação das tarifas chinesas entra em vigor oficialmente no dia 12 de abril. A nova política tarifária americana classifica os aumentos como “tarifas recíprocas” para países que já adotavam taxas elevadas sobre produtos dos EUA, enquanto as demais nações tiveram suas tarifas reduzidas para 10%.

Impacto nos modelos Tesla e vendas

A Tesla deixou de aceitar pedidos para os modelos Model S e Model X na China, com preços nos Estados Unidos de US$ 81.630 e US$ 86.630, respectivamente. Os valores equivalem a aproximadamente R$ 480 mil e R$ 510 mil, sem considerar taxas de importação e transporte.

Ambos os modelos são produzidos na unidade de Fremont, nos EUA, e por isso estão sujeitos às tarifas impostas. O site da empresa na China já não apresenta mais a opção de encomenda para esses dois veículos.

A fábrica de Xangai da Tesla continua operando normalmente, focada na produção dos modelos Model 3 e Model Y. A unidade, inaugurada em 2020, foi a primeira da marca fora dos EUA e também abriga a produção de baterias. Parte da produção é destinada à exportação.

Queda nas vendas e pressão da concorrência

As vendas da Tesla sofreram queda significativa no primeiro trimestre de 2025. Foram 336.681 veículos vendidos globalmente, número inferior aos 386.810 registrados no mesmo período de 2024. O resultado ficou abaixo das estimativas do mercado, que esperavam vendas entre 355 mil e 360 mil unidades.

A principal concorrente da Tesla na China, a BYD, registrou crescimento de 23% nas vendas no mesmo período. A disputa por participação de mercado tem se intensificado, principalmente com a chegada de novos modelos locais e de marcas europeias e asiáticas.

Na China, a Tesla viu uma queda de 11,5% nas vendas dos veículos fabricados localmente em março, segundo dados da Associação Chinesa de Carros de Passageiros. Os modelos importados representam uma fatia menor do portfólio da empresa no país, mas são os mais afetados com as novas tarifas.

Repercussão internacional e protestos

A presença de Elon Musk como conselheiro do governo Trump gerou reações negativas em diversas regiões. A Tesla enfrentou protestos, vandalismo e campanhas de boicote em diferentes países. A ligação de Musk com decisões políticas gerou críticas de consumidores e analistas.

As vendas na Europa também apresentaram retração. Em março, a Tesla teve queda de 36,8% na França, 63,9% na Suécia e 56% na Dinamarca. Na União Europeia, os registros de novos veículos da marca caíram 49% nos dois primeiros meses do ano.

Além da concorrência acirrada e do contexto político, a Tesla ainda enfrenta desafios técnicos. Um recall de mais de 46 mil unidades da Cybertruck foi anunciado devido a falhas no adesivo dos painéis da carroceria. A picape elétrica lançada em 2023 também teve desempenho de vendas inferior às expectativas.

Expectativas e próximos passos

A suspensão das vendas dos modelos importados para a China ocorre em um momento delicado. A Tesla precisa enfrentar a queda nas vendas globais, responder aos novos concorrentes e lidar com o impacto político das ações de Elon Musk.

O futuro da marca no mercado chinês dependerá da evolução do cenário tarifário e da capacidade da Tesla de manter sua produção local competitiva. A Gigafactory de Xangai continuará sendo um centro estratégico para atender à demanda asiática e mitigar os efeitos das tarifas sobre os veículos importados.

Enquanto isso, os consumidores chineses terão que optar pelos modelos fabricados localmente ou buscar outras alternativas disponíveis no mercado interno, que hoje conta com uma ampla gama de veículos elétricos de diversas montadoras.

Fonte: iG, UOL e G1.

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