BMW, Triumph e Tiger viram alvo de criminosos: roubos violentos de motos de luxo crescem em SP e assustam motociclistas nas rodovias

Em um país onde a liberdade sobre duas rodas se tornou um estilo de vida para milhares de pessoas, o aumento da violência contra motociclistas tem modificado o comportamento de quem sempre buscou na estrada uma válvula de escape. Relatos de tentativas de roubo, perseguições e ataques armados estão cada vez mais frequentes, especialmente entre os donos de motos de alta cilindrada.

Pontos Principais:

  • Casal foi baleado durante tentativa de roubo na Rodovia Dutra, em Guarulhos.
  • Criminosos usam motos de alta cilindrada roubadas para ostentar em bailes funk.
  • Delegada afirma que os roubos ocorrem principalmente entre sexta e domingo.
  • Roubos se concentram nas saídas da capital, com foco em motos de luxo.
  • Motociclistas relatam traumas, cancelam viagens e escondem as motos por segurança.

O estado de São Paulo concentra parte significativa desses episódios. A maioria dos casos ocorre nas saídas da capital, em rodovias movimentadas, e envolve crimes cometidos por grupos organizados. As vítimas, na maioria das vezes, são surpreendidas em momentos de vulnerabilidade, como ao reduzir a velocidade no trânsito ou parar em postos de combustível.

A prática tem causado impacto direto no comportamento de motociclistas, que deixam de planejar viagens, evitam circular aos fins de semana ou decidem guardar as motos por tempo indeterminado. O receio de novos ataques é constante, e os relatos se multiplicam, mostrando um cenário que preocupa tanto autoridades quanto as comunidades de entusiastas.

Casos recentes aumentam a sensação de insegurança

Um empresário de 50 anos de Guarulhos e sua esposa de 30 retornavam de Paraty, no Rio de Janeiro, em uma BMW R1200 GS Adventure quando foram surpreendidos por criminosos. Após uma parada para se hidratar em um posto na Rodovia Presidente Dutra, eles seguiram viagem, mas foram abordados por duas motos com quatro homens logo após o pedágio.

Sem qualquer aviso, um dos criminosos disparou contra o casal. A bala atravessou a viseira do capacete do condutor, entrou no peito, saiu pelas costas e atingiu a jaqueta da garupa. Apesar da gravidade, ela não se feriu. A moto caiu, e os criminosos não conseguiram levá-la. Um agente penitenciário que passava pelo local atirou para o alto, e os criminosos fugiram.

O motociclista foi levado em estado grave ao Hospital Geral de Guarulhos, onde permaneceu nove dias na UTI. Os médicos disseram à família que apenas um milagre o manteria vivo. Ele sobreviveu. Ainda abalado, o casal cancelou uma viagem para o Chile e mantém a moto guardada na casa de um parente, sem coragem de trazê-la de volta para casa.

Números mostram aumento nas ocorrências

Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam que, em 2023, foram registrados 1.082 roubos de motos de alta cilindrada no estado de São Paulo. Isso representa uma média de três ocorrências por dia. Só na capital, foram 567 casos. Os dados apontam para um padrão de ataques focados nesse tipo de motocicleta.

A Federação Paulista de Motoclubes se manifestou sobre o aumento de casos e cobrou ações mais efetivas das autoridades. Em nota, a entidade destacou a necessidade de políticas públicas e reforço no policiamento para garantir a integridade dos motociclistas que utilizam esse meio de transporte por lazer, trabalho ou estilo de vida.

Assaltos e bailes funk se conectam

Segundo a delegada Leslie Caran, que comanda a unidade do DEIC especializada em roubo de veículos, a maioria dos roubos ocorre entre sexta-feira e domingo. O padrão coincide com os dias em que há mais festas conhecidas como bailes funks, especialmente nas zonas Sul e Leste da capital paulista.

As motos roubadas aparecem horas depois nas redes sociais, pilotadas por jovens que fazem manobras em meio ao público. Muitos escondem as placas, outros não se preocupam com a identificação. Essas ações têm caráter de ostentação. Após os eventos, as motocicletas são abandonadas ou levadas para desmanches.

  • Motos são roubadas entre sexta e domingo.
  • Redes sociais mostram manobras com veículos roubados.
  • Veículos são usados por pouco tempo e depois abandonados.

Perfil dos criminosos e ciclo do crime

A delegada responsável pela investigação afirma que os autores dos roubos são, em sua maioria, jovens que não estudam ou trabalham e utilizam os veículos como símbolo de poder momentâneo. A motivação é baseada em status e aparência, sem preocupação com o risco envolvido.

Os criminosos se valem da fragilidade de motociclistas em movimento e atacam quando a moto reduz a velocidade. Após o roubo, alguns publicam imagens com as motos em redes sociais, em perfis com milhares de seguidores. Em muitos casos, as vítimas identificam seus veículos através desses registros.

  • Criminosos usam as motos para gravar vídeos e ostentar.
  • Publicações ocorrem em perfis com alta audiência.
  • Delegada afirma que muitos já confessaram reincidência.

Pontos de risco mapeados nas estradas

As rotas mais perigosas para motociclistas em São Paulo incluem trechos nas rodovias Anhanguera, Imigrantes, Fernão Dias e Régis Bittencourt. O padrão de ataque é semelhante: abordagem em grupo, uso de armas de fogo e violência. O objetivo principal é a moto, mas itens pessoais também são levados.

Carlos Gaspar, de 58 anos, foi atacado na Régis Bittencourt ao voltar de Ilha Comprida com seu filho na garupa de uma Tiger 1200. Os bandidos o abordaram em meio ao trânsito e o ameaçaram. Após levarem capacetes e jaquetas, tentaram fugir com a moto, mas tiveram dificuldades para ligá-la. Horas depois, a moto foi encontrada abandonada em Taboão da Serra.

  • Ocorrências se concentram nas saídas da capital.
  • Trânsito lento facilita abordagens criminosas.
  • Motos são abandonadas em áreas periféricas.

Entre o medo e a resistência

Apesar do aumento nos ataques, muitos motociclistas optam por continuar rodando. Um segurança, vítima de três tentativas de roubo, continua utilizando uma Triumph 1200. Em uma das abordagens, foi baleado ao reduzir a velocidade diante de um radar. Ele passou três dias internado, mas não desistiu da moto.

Outros casos mostram que o trauma leva muitos a evitarem determinadas regiões ou horários, mas não a abandonar o hábito. Alguns preferem andar em grupo, instalar dispositivos de rastreamento e evitar rodar nos fins de semana.

  • Motociclistas continuam pilotando mesmo após ataques.
  • Medo leva à mudança de hábitos e itinerários.
  • Muitos mantêm a moto como realização pessoal.

Expectativas e ações futuras

A pressão por mudanças cresce entre motoclubes, vítimas e associações. Há uma cobrança por maior patrulhamento em áreas críticas, investimento em tecnologia de rastreamento e penalidades mais duras para receptadores. As redes sociais também entram na pauta, por facilitar a exibição e disseminação de crimes.

A delegada afirma que muitos casos são desvendados com a ajuda de vídeos postados pelos próprios criminosos. A integração entre denúncias, inteligência policial e resposta rápida tem se mostrado eficaz em algumas ocorrências, como na recuperação da moto de Gaspar.

As estatísticas seguem em crescimento, e a resposta das autoridades ainda é considerada insuficiente por boa parte dos motociclistas. A tensão permanece, e o dilema entre rodar livremente ou se proteger segue em aberto.

Fonte: Estadao e R7.

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