Trump implanta novo paradigma e eleva risco sistêmico; entenda

Trump isenta quase 25% das importações da China de tarifas comerciais!

O mundo atravessa uma mudança de era econômica. É o que afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, em entrevista ao programa BM&C News. Segundo ele, as recentes tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não apenas aprofundam a guerra comercial com a China, mas indicam a formação de um novo paradigma global — marcado pelo protecionismo, fragmentação de cadeias produtivas e risco sistêmico para as economias desenvolvidas e emergentes.

Espírito Santo, que há meses vem alertando para os excessos dos mercados em seus artigos e entrevistas, considera que as novas medidas do governo americano rompem com a lógica construída desde o final dos anos 1980. “Estamos assistindo a uma inflexão histórica. O ‘Trump Trade’ deixou de ser uma estratégia política pontual para se transformar em um vetor de desorganização estrutural da economia global”, afirma.

A era da globalização está com os dias contados?

Segundo o economista, o modelo de abertura comercial e liberalização de fluxos internacionais, consolidado após o fim da Guerra Fria, vive hoje um ponto de ruptura. Ele lembra que a ascensão do neoliberalismo — com base no Consenso de Washington e impulsionada pela queda do Muro de Berlim — promoveu um ciclo de prosperidade marcado por crescimento sustentável, inflação baixa e inserção de bilhões de pessoas no mercado consumidor global.

No início dos anos 1990, a globalização proporcionou um crescimento médio global acima de 4% ao ano, com inflação controlada e um ambiente de estabilidade institucional. Era o apogeu da integração econômica”, analisa Espírito Santo. Mas, como em todo ciclo, os excessos se acumulam. A crise financeira de 2008 foi um alerta. A pandemia, um novo choque. Agora, a volta do protecionismo acentua a tendência de ruptura.

A nova guerra comercial é mais ampla e mais perigosa

O economista observa que o primeiro mandato de Trump já tinha indicado a construção de uma agenda comercial hostil à China. Porém, a nova rodada de tarifas lançada em 2025 vai além. “Não se trata mais apenas de atacar a China. Diversos países agora estão na mira, o que transforma essa guerra comercial em algo sistêmico”, alerta.

Espírito Santo destaca que, embora ainda existam tentativas tímidas de reaproximação diplomática, o impacto das medidas já se espalha pelas cadeias produtivas globais. “Mesmo que haja diálogo, o estrago está feito. As empresas, os investidores e os governos estão revendo suas estratégias. Isso traz custos duradouros”, afirma.

Risco sistêmico e fim da ‘zona de segurança’

Outro ponto levantado pelo economista é a transformação do próprio papel dos Estados Unidos no cenário global. “Trump conseguiu algo inédito: fazer com que a economia americana, historicamente um porto seguro, se torne fonte de instabilidade. Isso mina os pilares tradicionais da confiança global”, afirma.

Espírito Santo cita o movimento recente dos Treasuries — títulos da dívida americana — que passaram a exibir volatilidade típica de mercados emergentes. “É o chamado ‘prêmio Trump de risco’. O dólar e os ativos americanos já não representam o refúgio que representavam antes. Isso é extremamente grave para o equilíbrio dos mercados globais”, analisa.

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