Gasto com Previdência crescerá 22 vezes mais que pente-fino de Lula

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer fazer um pente-fino de R$ 16,4 bilhões em benefícios previdenciários de 2025 até 2029. Entretanto, as despesas primárias devem crescer R$ 360,2 bilhões no período –valor 22 vezes maior que a projeção de poupança.

Os dados demonstram que uma realocação por revisão de cadastros e sistemas não será suficiente para acompanhar o aumento dos gastos da Previdência. Os números foram apresentados nesta 3ª feira (15.abr.2025) no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2026.

O texto projeta que as despesas com benefícios previdenciários passarão de R$ 1,015 trilhão para R$ 1,375 trilhão em 4 anos. Eis a íntegra da apresentação com os dados (PDF – 1 MB).

Leia a evolução exposta na LDO (clique aqui para abrir em outra aba):

Como mostrou o Poder360, os gastos com a Previdência são uma “bomba-relógio”. Em algum momento o governo não conseguirá mais arcar com o custeio. Segundo especialistas, será necessário fazer uma nova reforma em cima do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

OUTROS PENTES-FINOS

A LDO de 2026 traz projeções de economia com uma série de benefícios por meio de pente-fino. O total é de R$ 50,8 bilhões até 2029.

O Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) será o mais afetado, com R$ 19,0 bilhões. A iniciativa é um seguro rural que cobre perdas por eventos climáticos extremos.

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) também tem expectativa de realocação de R$ 15,4 bilhões. A categoria tem um pagamento de 1 salário mínimo por mês a idosos de 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência com baixa renda.

Eis as projeções (clique aqui para abrir em outra aba):

“São medidas de revisão de cadastros, de pente-fino. São medidas que vão ser aprofundadas, mas que existe uma previsão de 2 em 2 anos de realizá-las”, disse o secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, em entrevista a jornalistas.

Pentes-finos não necessariamente são um ajuste fiscal, porque não mudam a configuração estrutural das despesas. Permitem aliviar temporariamente as contas públicas pelo reforço de não dar benefício a quem não tem direito.

A equipe econômica já tentou emplacar alguns pentes-finos na Previdência antes. Uma iniciativa em 2024 teve as estimativas de poupança reduzidas em R$ 4,5 bilhões, quase pela metade.

“A gente traz essa revisão e diz que no Orçamento vamos trazer novas com uma potência bem maior do que esse número, porque, sim, é necessário evoluirmos na política de revisão de gastos”, declarou Clayton Montes.


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