Gilmar critica Moro e diz ter orgulho de “desmanche” da Lava Jato

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que a condução de Alexandre de Moraes nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022 não pode ser comparada à atuação do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR) na Lava Jato.

O ministro disse que tem orgulho de ter participado do “desmanche” da operação Lava Jato, que ele classificou como uma “organização criminosa”.

 

“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo que você chamou de desmanche da Lava-Jato, porque era uma organização criminosa. O que eles organizaram em Curitiba, lamentavelmente, era uma organização criminosa”, disse o Gilmar durante a Brazil Conference realizada na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

O magistrado afirmou que no começo da Lava Jato as investigações estavam sendo feitas corretamente, mas que, depois, encontrou evidências de “exageros” no processo. 

“Eu percebi que de uns tempos para frente havia exageros, que as pessoas só conseguiam libertação […] depois de fazer delação declarou.

Questionado sobre aplicar a mesma lógica da Lava Jato às investigações da tentativa de golpe de Estado, especialmente pelo fato de o ministro Alexandre de Moraes ser citado como vítima na denúncia, Gilmar respondeu:

“Não há justificativa para ele ser afastado, uma vez que ele já era relator desses inquéritos e depois dos inquéritos que se agregaram. Então não, não se pode falar disso. Ele não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe comparar Alexandre com Moro, disse o ministro.

O magistrado exemplifica a diferença afirmando que Moro já tinha pretensões de virar político antes das eleições de 2018.  

“O Moro de fato se associa ao [ex-presidente Jair] Bolsonaro. Antes das eleições ele já tem conversas com Bolsonaro. Aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro”, disse Gilmar. 

Assista ao vivo:

Brasil para brasileiros  

A Brazil Conference é uma reunião de autoridades, empresários, artistas e influencers brasileiros que viajam até Boston, nos Estados Unidos, para falar em Harvard, universidade que fica na cidade de Cambridge –conurbada a Boston e sede da instituição de ensino.

O evento é promovido anualmente desde 2015 por estudantes brasileiros da região de Boston (não apenas os que estudam em Harvard), local conhecido por receber há décadas imigrantes latinos, muitos do Brasil. 

Apesar de ser numa cidade norte-americana, a maioria dos painéis é com brasileiros falando em português no palco e plateia composta majoritariamente também por pessoas do Brasil, como se fosse numa conferência realizada em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Os palestrantes do evento publicam quase sempre fotos e vídeos em suas redes sociais, dizendo estarem em Harvard –o que é verdade. Mas trata-se de um encontro de impacto pequeno nos Estados Unidos e repercussão quase nula na mídia norte-americana.

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