Semana nos mercados: guerra comercial domina e ofusca alívio da inflação nos EUA

A semana foi marcada por uma escalada dramática na guerra comercial entre Estados Unidos e China, que trouxe forte aversão ao risco nos mercados globais. Apesar dos dados de inflação americana terem vindo abaixo do esperado, o otimismo foi rapidamente ofuscado pelo impacto das medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Em um movimento que surpreendeu os mercados, Trump decidiu postergar por 90 dias a implementação das tarifas mais duras, mantendo, no entanto, uma tarifa geral de 10% sobre produtos de diversos países — com exceção da China, que sofreu um agravamento das taxas para expressivos 125%. A resposta de Pequim veio no mesmo tom: as autoridades chinesas também elevaram suas tarifas para 125%.

Setor de tecnologia e petróleo despencam

O cenário, no entanto, permanece delicado. As ações das empresas de tecnologia, tradicionalmente um dos pilares do mercado americano, enfrentaram perdas expressivas nesta semana. O segmento, fortemente exposto ao comércio internacional, sofreu com o temor de desaceleração econômica global, sem perspectiva de melhora imediata.

No mercado de commodities, o impacto foi ainda mais profundo. O preço do petróleo despencou para níveis observados durante a pandemia, com o barril sendo negociado próximo aos US$ 63. A queda acentuada provocou fortes perdas para a Petrobras, que viu seu valor de mercado encolher em cerca de R$ 85 bilhões. A OPEP já começa a reavaliar possíveis cortes de produção como forma de tentar sustentar os preços, mas o desempenho da commodity segue diretamente atrelado às expectativas de crescimento global, hoje pressionadas pela disputa comercial.

PIB global em risco e busca por proteção cambial

A guerra comercial acendeu o alerta vermelho nas projeções de crescimento mundial. As expectativas atuais indicam uma redução de 1% no PIB global, com impacto mais acentuado sobre a China, que pode ver seu crescimento recuar em 0,2%. O dólar, como era esperado, funcionou como ativo de proteção diante da incerteza, ganhando força frente às moedas de mercados emergentes. Ativos considerados “portos seguros“, como o iene japonês e o franco suíço, também dispararam e bateram recordes de valorização nesta semana.

Mercado aguarda trégua para reduzir volatilidade

Na visão de Marco Prado, operador de mercado, a tensão entre as duas maiores economias do mundo tem deixado os investidores em compasso de espera. “O mercado entra no final de semana para poder raciocinar e esperar esse acordo entre China e Estados Unidos para que a economia volte, pelo menos, a tentar vislumbrar um futuro no curto prazo um pouquinho menos caótico“, avaliou.

Enquanto isso, o sentimento de cautela prevalece. Para os investidores, o que está em jogo é mais do que a simples imposição de tarifas: é a estabilidade do crescimento econômico global e a preservação das cadeias produtivas. O próximo capítulo dessa disputa será crucial para definir se os mercados encontrarão algum alívio ou se seguirão pressionados nas próximas semanas.

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