Pressão nas Treasuries leva EUA a adiar tarifas, avalia especialista

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Em entrevista ao programa BM&C News, Fares destacou que seria ingênuo imaginar que os Estados Unidos não tivessem considerado as consequências óbvias de sua estratégia de aumento das tarifas. “A China tem cerca de 900 bilhões de dólares em títulos do Tesouro americano. Se ela resolvesse vender tudo de uma vez, o impacto seria devastador“, afirmou.

Segundo o especialista, a China vem utilizando uma estratégia bastante calculada nesse tabuleiro geopolítico, desvalorizando sua moeda e retaliando economicamente. “Essa queda de braço de tarifas vai até um limite. Acredito que vamos chegar num ponto em que os dois lados precisarão sentar e negociar. Não precisam ser amigos, mas também não precisam se destruir“, analisou Fares.

Anomalias nos mercados e o papel dos fundos alavancados

Fábio Fares chamou a atenção para uma anomalia observada na curva de juros americana, especialmente relacionada às operações de basis trade — uma estratégia amplamente utilizada por fundos de hedge para lucrar com pequenas diferenças na curva de juros.

É uma operação extremamente alavancada, feita com linhas de crédito altíssimas fornecidas pelos bancos. Mas, com a volatilidade atual, muitas dessas posições sofreram chamadas de margem“, explicou. “Os fundos ficaram diante de duas opções: ou desmontavam as operações a qualquer preço para devolver o dinheiro, ou tentavam encontrar liquidez, o que, com o dinheiro caro, é muito difícil.

Esses desmontes em massa acabaram criando distorções significativas no mercado, ampliando a percepção de risco e reforçando o alerta sobre a fragilidade do sistema financeiro.

Empolgação excessiva e risco de euforia prematura

Além do cenário nas Treasuries, Fares destacou que o mercado de renda variável tem reagido com euforia desmedida. “A Bolsa subiu 10% porque houve adiamento das tarifas. Não foi cancelamento, foi apenas adiamento“, ponderou. “Nada mudou estruturalmente, só vai demorar mais para o problema aparecer.

O especialista reforçou que, apesar da alta, a fragilidade permanece e o foco dos investidores deve se manter na dinâmica dos títulos públicos, que, segundo ele, “é onde o dinheiro está realmente mexendo“.

O dinheiro dita o ritmo

Na avaliação de Fábio Fares, os investidores devem manter os olhos nos movimentos de capital, e não apenas nos comentários e especulações de redes sociais. “Olhe para onde o dinheiro está indo. O dinheiro mostra a realidade muito melhor do que qualquer comentário no Twitter“, aconselhou.

Com o comportamento dos mercados de renda fixa indicando sinais claros de estresse, a pausa tarifária dos Estados Unidos surge mais como uma tática de respiro do que como uma mudança definitiva de estratégia. A incerteza segue elevada, e o cenário requer cautela por parte dos investidores.

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