‘Banco Guêra’: obra paraense celebra tradição amazônica em exposição na Semana do Design de Milão


Projeto da Guá Arquitetura mistura a tradição das seringueiras ao manejo florestal, transformando madeira e látex em mobiliário sustentável com impacto social. Design arquitetônico paraense que celebra a cultura e resistência da Amazõnia será exposta em Milão
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Um banco desmontável que carrega os saberes tradicionais da Amazônia é a proposta da criação do escritório de arquitetura Guá, com o “Banco Guêra” – obra que une design contemporâneo e impacto social. O projeto está presente no salão Fuorisalone da Semana de Design de Milão, até 13 de abril, na Itália.
O projeto é assinado pelos arquitetos Pablo do Vale e Luís André Guedes, e nasceu como parte da iniciativa “Guêra”. A proposta do design é carrega entalhes que remetem ao processo de extração do látex e assentos impermeabilizados, confeccionados manualmente pelas seringueiras da Ilha de Cotijuba, em Belém.
A iniciativa foi idealizada para homenagear mulheres que mantêm viva tradição secular, ao mesmo tempo em que oferecem soluções sustentáveis para desafios contemporâneos. Parte das vendas será revertida para fortalecer as associações de seringueiras, promovendo a autonomia econômica e garantindo a continuidade da prática artesanal.
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Guá Arquitetura
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Feito com madeira com certificação do Conselho de Manejo Florestal e reaproveitada por uma marcenaria artesanal, e com látex natural, o “Banco Guêra” representa uma nova forma de pensar o mobiliário: como ferramenta de transformação social e valorização cultural, onde cada detalhe tem um significado.
“O banco é um símbolo da força das mulheres que mantêm viva uma tradição ancestral e, ao mesmo tempo, apontam caminhos sustentáveis para o futuro da Amazônia”, destaca Luís Guedes, um dos idealizadores.
Design e inspiração
obra arquitetônica Banco Guêra
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A inspiração vem da própria história de Belém, cuja relação com a borracha atravessa séculos. Desde os tempos pré-coloniais, o látex já era usado por comunidades indígenas em práticas sustentáveis que seguem vivas até os dias atuais.
Segundo os idealizadores, o projeto busca honrar as raízes e projetar tais valores para o mundo.
“Além da roupa na bagagem, a gente consegue levar o banco junto com a história da Amazônia. “, afirma Guedes.
Alinhamento com a COP 30 e os ODS da ONU
Em sintonia com a COP 30, o projeto Guêra mostra como o design pode ser aliado da sustentabilidade. A iniciativa contribui diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), especialmente os de:
ODS 5 – Igualdade de gênero
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima
ODS 15 – Vida terrestre
Banco Guêra
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Semana de Design de Milão
A presença do Banco Guêra na Design Week de Milão é viabilizada com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).
Neste ano, cerca de 90 marcas brasileiras participam da mostra, que se divide entre dois grandes eventos: o iSaloni – maior feira de mobiliário do mundo – e o Fuorisalone, que reúne exposições e projetos culturais paralelos.
No Fuorisalone, onde o Banco Guêra está exposto, o conceito da mostra brasileira, sob curadoria de Bruno Simões, gira em torno da “chuva do caju” — fenômeno natural das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil que simboliza esperança e renovação.
A proposta é destacar como o design pode ser ferramenta de transformação diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Das 57 empresas brasileiras participantes do Fuorisalone, 12 são das regiões Norte e Nordeste e 33 participam pela primeira vez do evento.
O protagonismo feminino também se destaca: mais de 30 empresas da delegação são comandadas por mulheres.
Os visitantes conferem móveis de alto padrão, objetos decorativos, iluminação, pedras ornamentais, revestimentos cerâmicos e artesanato. Além da exibição de peças, a mostra promove conexões diretas com compradores internacionais.
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