TCU determina auditoria completa na Previ por deficit bilionário

O TCU (Tribunal de Contas da União) converteu a apuração preliminar sobre a gestão da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) em uma auditoria completa. A medida tem como foco principal investigar as causas do rombo de R$ 17,6 bilhões em 2024 e verificar se a política de investimentos da entidade, especialmente em ações, está relacionada ao interesse de integrantes da diretoria em conquistar assentos em conselhos de empresas nas quais o fundo tem participação, principalmente Vale e Vibra. Eis a íntegra do acórdão (PDF – 1 MB).

Além disso, os ministros da Corte autorizaram a abertura de uma nova frente de auditoria para investigar o possível conflito de interesses envolvendo o presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, que ocupa cargo no conselho de administração da Vale.

“Cumpre saber se a remuneração bem superior a R$ 160 mil por mês poderia objetivamente colocar em risco a imparcialidade do conselheiro da Vale e presidente da Previ, em relação aos interesses da empresa que preside e vice-versa”, afirmou o relator do caso, ministro Walton Alencar Rodrigues.

No caso da Vibra, foram compradas R$ 1,4 bilhão em ações da empresa no início de 2024, quando os papéis estavam em alta. A operação contraria a política interna da Previ, que desde 2021 orienta a redução da exposição à renda variável. Também foram citadas as aquisições de ações da Petrobras, BRF, Neoenergia.

Além disso, o relatório técnico do TCU chama a atenção para a deterioração dos resultados do Plano 1, um dos principais planos geridos pela Previ, que saiu de um superávit de R$ 14,5 bilhões em 2023 para um déficit bilionário no ano seguinte.

O caso será encaminhado à PF (Polícia Federal), ao MPF (Ministério Público Federal), à CGU (Controladoria-Geral da União) e às comissões temáticas do Congresso Nacional “para conhecimento e acompanhamento”.

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