Operação contra ‘lixão do tráfico’ no Caju termina com 4 presos


O prejuízo ambiental na região está estimado em quase R$ 5 milhões. Facção criminosa queria triplicar o perímetro do Parque Alegria com o despejo criminoso. Lixão do tráfico no Parque Alegria
Reprodução/TV Globo
Quatro pessoas foram presas em flagrante na Operação Expurgos, realizada nesta nesta quarta-feira (9) pela Polícia Civil do RJ e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). De acordo com as investigações, um lixão do tráfico estava em funcionamento no Parque Alegria , Caju, Zona Portuária do Rio.
Um prejuízo ambiental na região está estimado em quase R$ 5 milhões. Representantes de três empresas que despejavam na região foram ouvidas pela polícia. Os criminosos cobravam taxas de empresas de descarte de resíduos e permitiam o depósito de entulho de obra no local.
Nesta primeira fase da investigação, munições e três fuzis foram apreendidos. A polícia segue apurando para saber qual é a participação das empresas no esquema e quanto o tráfico lucrava com o crime ambiental.
Operação Expurgo
Agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) saíram para cumprir 14 mandados de busca e apreensão contra traficantes do Terceiro Comando e contra empresas de descarte de resíduos que passaram a jogar os dejetos de forma irregular na comunidade — e a facção criminosa cobrava por isso.
As investigações começaram após uma denúncia do Inea. A DPMA então apurou que o tráfico queria usar as toneladas de lixo para aterrar um grande espaço desocupado entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil, a fim de triplicar a área do Parque Alegria.
O aterramento ilegal contaminou o lençol freático e matou a vegetação de mangue.
Lixão do tráfico no Parque Alegria
Reprodução/TV Globo
Lucro às custas do meio ambiente
Ainda de acordo com a DPMA, o despejo desenfreado tornou-se uma nova forma de exploração econômica da facção — e um negócio lucrativo para as empresas, que passaram a pagar aos narcotraficantes valores abaixo dos cobrados pelos Centros de Tratamento de Resíduos credenciados pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
Os agentes identificaram 10 empresas que praticaram de forma reiterada crimes ambientais na região. Uma delas, segundo a delegacia, é a Ciclus, que tem contrato com a prefeitura. A especializada descobriu que funcionários desviaram maquinários e equipamentos para os lixões clandestinos.
Em nota, a Ciclus informou que não foi notificada oficialmente sobre as investigações e reitera que pauta suas operações na ética e no rigoroso cumprimento das leis.
“A empresa, que opera um dos maiores centros de tratamento de resíduos do mundo e é exemplo de boas práticas operacionais e de conformidade, tem total interesse na elucidação dos fatos e se mantém à disposição para contribuir com quaisquer esclarecimentos necessários”, diz a nota.
Procurada pela TV Globo, a Comlurb disse que todas as empresas envolvidas no crime ambiental que não eram regularizadas serão autuadas. A empresa disse também que caso alguma conduta irregular da Ciclus Ambiental seja comprovada judicialmente, a empresa sofrerá as punições previstas em contrato.
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