Justiça torna réu por tráfico internacional de drogas o homem considerado o faz-tudo do PCC


A rede de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas envolve diversas pessoas e empresas espalhadas por todo o país. O chefe é William Barille Agati, segundo os investigadores. Justiça Federal no Paraná torna réu acusado de ser faz tudo do PCC
A Justiça Federal do Paraná tornou réu o homem considerado o faz-tudo do PCC e mais 13 acusados de tráfico internacional de drogas. A Polícia Federal investiga dezenas de empresas suspeitas de lavar dinheiro.
A rede de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas envolve diversas pessoas e empresas espalhadas por todo o país. O chefe dessa rede é William Barille Agati, segundo os investigadores. Ele está preso deste janeiro.
Barille se apresentava como empresário, mas, segundo a polícia, ele era uma espécie de faz-tudo do PCC – apontado por um delator como o concierge da facção. Na segunda-feira (7), Barille virou réu por crimes como tráfico internacional e organização criminosa, junto de mais 13 pessoas.
Willian Barille, considerado o faz-tudo do PCC, vira réu
Reprodução/TV Globo
Em 2019, a polícia descobriu que o grupo enviava cocaína em contêineres pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, para a Espanha, em parceria com a máfia italiana. Os criminosos também mandavam cargas para a Europa em jatos particulares. Segundo os policiais, William Barille era sócio – no tráfico – de Edmilson de Menezes, o Grilo, integrante do PCC que morreu em 2024.
O esquema é tão complexo que os investigadores estão atuando em etapas. Esse primeiro processo na Justiça trata só do tráfico de drogas. Enquanto isso, as apurações sobre a lavagem de dinheiro continuam. Esse é o núcleo da organização com mais gente envolvida, de acordo com a Polícia Federal. Os investigadores estão analisando as quebras dos sigilos bancário e fiscal de pessoas e empresas.
“Eles utilizam várias contas bancárias, empresa de fachada de laranja, movimentam uma grande quantidade de dinheiro, fecha a conta, abre outra movimenta, fecha e, assim, vai se formando um ciclo que se mantém operacionalizando esse fluxo de dinheiro”, afirma o delegado Eduardo Verza.
Polícia Federal revela mecanismo de lavagem de dinheiro que une o PCC à máfia italiana
A PF calcula que só William Barille Agati movimentou R$ 2 bilhões em quatro anos no Brasil. Ele tinha pelo menos sete empresas.
Na decisão de segunda-feira (7), o juiz menciona a Burj Motors, que comprou em 2019 um avião de mais de R$ 4,5 milhões e tinha R$ 1,3 milhão em carros. No endereço que seria da empresa, em São Bernardo do Campo, funciona um supermercado, que não tem ligação com o grupo. E no endereço que seria da filial em São Paulo, ninguém conhece a empresa.
A Burj Motors, que não tinha funcionário registrado, também aparece vendendo bebidas e com contas que não batem. A empresa comprou quase 21 mil caixas de cerveja em três anos e declarou que vendeu quase 558 mil – 26 vezes mais.
De acordo com a PF, Barille usava doleiros, contas internacionais, e misturava negócios lícitos com ilícitos. Há empresas sob suspeita, ligadas a ele, que atuavam também em eventos artísticos, shows, e negociações de jogadores de futebol. Em imóveis de Barille, a Polícia Federal encontrou ainda obras de arte que podem ter sido compradas para disfarçar os lucros com o crime. A polícia vai verificar os certificados de autenticidade das obras e os registros das compras.
A defesa de William Barille Agati disse que ele é inocente e nunca teve conexão com o PCC.
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