Google banca ex-funcionários de IA em casa para impedir migração a rivais

Resumo
  • O Google DeepMind impõe cláusulas de não concorrência de até 12 meses a ex-funcionários no Reino Unido, como forma de proteger interesses sensíveis.
  • Na prática, muitos profissionais estariam sendo pagos para permanecer em casa durante esse período.
  • Nando de Freitas, vice-presidente de IA da Microsoft, disse que a medida é um “abuso de poder”.

O Google DeepMind, braço de pesquisas avançadas em inteligência artificial da big tech, está impondo cláusulas de não concorrência consideradas “agressivas” a seus funcionários no Reino Unido, segundo informações do Business Insider

Em alguns casos, os termos impedem que cientistas e engenheiros de IA atuem em empresas concorrentes por até 12 meses após saírem do Google — mesmo que já tenham outra proposta de trabalho.

Por que o Google DeepMind impõe essas cláusulas?

Um porta-voz do Google afirmou ao Business Insider que os contratos da DeepMind estão “em linha com os padrões de mercado” e que as cláusulas de não concorrência são usadas de forma seletiva para proteger interesses sensíveis da empresa.

Em 2023, esse tipo de prática foi proibida nos Estados Unidos pela Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês). Mas, no Reino Unido — onde fica a sede do DeepMind —, esses acordos são permitidos, desde que considerados razoáveis para proteger os “interesses legítimos” do empregador. 

Segundo relatos feitos ao site, a duração das cláusulas varia conforme o cargo e o envolvimento com projetos que são considerados críticos. Pesquisadores que trabalharam nos modelos Gemini de IA, por exemplo, relataram acordos de não concorrência de seis meses. Durante esse tempo, muitos são colocados em “licença-jardim”, um arranjo comum no Reino Unido em que o funcionário é afastado, mas segue recebendo salário.

Na prática, muitos profissionais estariam em uma espécie de limbo: são pagos para não trabalhar, mas também não poderiam contribuir para o avanço do setor em nenhuma outra empresa.

Vice de IA da Microsoft critica cláusulas do Google

A controvérsia repercutiu ainda mais depois de uma publicação no X de Nando de Freitas, vice-presidente de IA da Microsoft e ex-diretor do DeepMind, que afirmou que “toda semana” recebe mensagens de ex-colegas procurando formas de se livrar dessas restrições.

“Acima de tudo, não assinem esses contratos”, escreveu. “Nenhuma corporação americana deveria ter tanto poder, especialmente na Europa. É abuso de poder, que não justifica nenhum fim”.

Com informações do Business Insider

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