Após atropelar assaltante, arquiteto é morto a tiros no Butantã​

O arquiteto Jefferson Dias, de 43 anos, morreu após ser baleado durante uma tentativa de assalto no bairro do Butantã, na Zona Oeste da capital paulista. Ele dirigia com um amigo pela Rua Desembargador Armando Fairbanks quando presenciou o roubo de uma mulher e tentou impedir a fuga do criminoso jogando o carro contra ele.

De acordo com a polícia, o criminoso havia roubado o celular e a aliança da vítima. Após ser atingido pelo carro, o assaltante caiu da moto, mas rapidamente se levantou, foi em direção ao motorista e atirou várias vezes. O amigo da vítima, que estava no banco do carona, conseguiu fugir. A mulher roubada não se feriu.

As imagens registradas por câmeras de segurança mostram o momento em que o motociclista sobe na calçada antes de retornar à via. Em seguida, o carro dirigido por Jefferson atinge a moto. O criminoso abandona a motocicleta, que segundo a polícia também era roubada, e foge a pé.

O arquiteto foi socorrido por uma equipe do Samu e levado ao Hospital Universitário da USP, mas não resistiu aos ferimentos. O caso está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) como latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

Jefferson era recém-casado e tinha planos de construir uma família. Segundo relatos de familiares, ele era uma pessoa próxima da família, com quem mantinha forte vínculo. A irmã dele, Jaqueline Dias, relatou que ele e a esposa estavam planejando ter filhos e que sua ausência deixará um grande vazio na rotina da família.

“Vai faltar ele em todos os almoços aqui em casa, vai faltar ele mandando mensagem. Vai ser horrível, vai faltar um pedaço gigante”, disse Jaqueline em entrevista à TV Globo.

O velório e enterro de Jefferson estão marcados para quinta-feira, dia 3 de abril, no Cemitério Parque dos Ypês, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. A família aguarda que o autor do crime seja localizado pelas autoridades.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, no primeiro bimestre de 2025, a cidade de São Paulo registrou nove casos de latrocínio, representando uma queda de 25% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados doze casos.

No entanto, os homicídios dolosos, que ocorrem quando há intenção de matar, aumentaram no mesmo período. Foram registrados 94 casos nos dois primeiros meses de 2025, com 95 vítimas no total. No mesmo intervalo de 2024, foram 81 casos com 85 vítimas.

A região do Butantã, onde ocorreu o crime, tem enfrentado episódios frequentes de violência urbana. Em outra ocorrência recente, ladrões armados cercaram um piloto e roubaram uma moto de luxo em frente a um prédio na Zona Sul. A cidade também teve em janeiro uma média de quatro roubos ou furtos de moto por hora.

Outro caso em destaque envolveu um motociclista que só não foi gravemente ferido após levar um tiro nas costas porque o notebook que carregava impediu a penetração da bala.

A criminalidade e a sensação de insegurança têm crescido entre os moradores de São Paulo. Levantamento recente apontou que a violência superou as questões sociais como maior preocupação da população brasileira. Essa mudança de percepção reforça a urgência de respostas mais eficazes das autoridades públicas.

A morte de Jefferson ganhou grande repercussão e reabriu o debate sobre os limites da reação civil diante de crimes. A atitude dele dividiu opiniões nas redes sociais, com mensagens de solidariedade à família e questionamentos sobre o risco assumido ao tentar reagir.

Fonte: G1 e Cartacapital.

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