SP-Arte chega à 21ª edição com 200 expositores e mercado aquecido

A SP-Arte ocupa o Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, de 4ª feira (2.abr.2025) a domingo (6.abr), com 200 expositores. A feira chega à sua 21ª edição após registrar resultados expressivos em 2024, quando algumas galerias reportaram crescimento de até 100% nas vendas.

“Cada feira marca um ciclo. Quando completamos datas importantes como 10, 15, 20 e agora 21 anos, nossa “maioridade”, consolidamos um período de crescimento contínuo”, afirmou Fernanda Feitosa, diretora e fundadora do evento, em entrevista ao Poder360. A feira traz 9 novas galerias de arte e 16 de design em 2025.

O momento é favorável para o mercado brasileiro, segundo Feitosa. “O mercado no Brasil está aquecido, diferentemente do internacional. Temos uma dinâmica quase autoprotegida, onde as crises externas chegam de forma mais diluída”, disse. O mercado de arte no Brasil movimentou R$ 2,9 bilhões em 2023, ano mais recente que teve dados divulgados, aumento de 21% em relação a 2022.

Em 2024, a maioria dos galeristas registrou resultados expressivos na feira. A Gomide&Co comercializou 35 obras, incluindo um trabalho de Lorenzato por R$ 1 milhão, enquanto a Zipper Galeria vendeu 29 peças.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, que consultou galeristas nacionais à época, o crescimento nas vendas ficou entre 30% e 100% para a maioria –a Mendes Wood DM reportou aumento de 40%, a Millan 50% e a Gomide&Co dobrou seu faturamento comparado a 2023. Neste ano, também de acordo com a Folha, a feira terá obras de Di Cavalcanti a R$ 8 milhões, Volpi a R$ 6 milhões e Paulo Kuczynski a R$ 11 milhões.

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Edouard Frapoint

“Sem Título” (2025), de Marepe, na galeria Luisa Strina; estande apresenta conjunto de cerâmicas inéditas do artista

Ecletismo das obras

O ecletismo marca a edição de 2025. “As apresentações misturam artistas consagrados com jovens talentos. Esse diálogo entre gerações continua sendo uma tendência forte”, disse Feitosa. A Almeida & Dale, por exemplo, conecta diferentes períodos artísticos, com obras de Pierre-Auguste Renoir a Maxwell Alexandre, enquanto a Luisa Strina traz obras de mais de 25 artistas fundamentais para a arte contemporânea, de diferentes gerações, linguagens e contextos, incluindo nomes como Anna Maria Maiolino, Cildo Meireles, Laura Lima e Marepe. A Frente aposta na diversidade da identidade visual do Brasil, trazendo modernos, vanguardistas e contemporâneos como Candido Portinari, Burle Marx, Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes, Tunga e Maiolino.

A Mendes Wood DM apresenta Lucas Arruda, primeiro brasileiro a expor no Musée d’Orsay, junto com Sonia Gomes e Paulo Nimer Pjota. Já a Gomide&Co propõe um recorte que relaciona construtivismo e abstração geométrica na América Latina, com peças das culturas pré-colombianas Nazca e Moche em diálogo com obras de Adriana Varejão e Alfredo Volpi. A Fortes D’Aiola & Gabriel organiza uma antologia que destaca tanto investigações artísticas emergentes quanto estabelecidas. Entre os nomes, estão OSGEMEOS, Ernesto Neto, Jac Leirner e Lucia Laguna.

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Foto: galeria Fortes D’Aiola & Gabriel

“Pedra com sono” (2025), de Ernesto Neto, na galeria Fortes D’Aiola & Gabriel; espaço organiza uma antologia que destaca tanto investigações artísticas emergentes quanto estabelecidas

Artistas mulheres também ganham destaque. O estande da Flexa apresenta Yayoi Kusama, Beatriz Milhazes, Judith Lauand, Lygia Pape e Sonia Gomes. Galerias como Luis Maluf, Quadra e Verve trazem artistas emergentes ao evento.

“Há também a tendência de juntar artistas autodidatas ou populares com artistas visuais contemporâneos. E uma preocupação das galerias regionais em trazer o melhor da sua arte regional, afirmou Feitosa.

A Marco Zero, de Recife, por exemplo, apresenta uma exposição com curadoria de Daniel Donato, incluindo um painel de 12 metros da artista Tereza Costa Rêgo, enquanto a galeria Cerrado, de Goiânia, exibe uma obra sobre imigração de Siron Franco, com 2,5 metros de altura por 5 metros de largura.

Presença internacional

A presença internacional se dá por 12 galerias estrangeiras, incluindo 4 estreantes: Andrea Brunson (Chile), Casa Zirio (Colômbia), Cecilia Brunson (Reino Unido) e Emmanuelle G. Contemporary (EUA). Entre os participantes internacionais recorrentes estão Baró (Espanha), Continua (França), RGR (México), Salar (Bolívia), Sur (Uruguai), Lamb (Reino Unido) e Zielinsky (Espanha).

A organização da SP-Arte espera receber 80 visitantes estrangeiros, entre galeristas e colecionadores, retomando os níveis pré-pandemia. “Noto maior interesse de possíveis compradores, pesquisadores e curadores pelo Brasil, talvez como reflexo da recepção positiva de artistas brasileiros na Bienal de Veneza e outras exposições importantes”, afirma Feitosa.

Leia outros destaques:

  • Paulo Darzé: Seleção de 4 artistas brasileiros – Amadeo Luciano Lorenzato, Aurelino dos Santos, J. Cunha e Mirela Cabral.
  • Vermelho: Apresenta “Juntes” do colombiano Iván Argote, em conexão com sua instalação monumental “O outro, eu e os outros” que ocupará o vão livre do novo edifício do Masp.
  • Pinakotheke: Comemorando 120 anos, exibe pela primeira vez o tríptico “A Grande Queimada” (1963) de Antônio Bandeira, junto a obras importantes de Pierre Soulages e Joan Miró.
  • Marilia Razuk: Traz curadoria diversificada com obras da chilena mapuche Seba Calfuqueo, do ícone da “Geração 80” José Leonilson e pinturas abstratas e figurativas de Maria Andrade.
  • Rafael Moraes: Apresenta joias criadas por Di Cavalcanti com o joalheiro Lucien Finkelstein nos anos 1960/70, com distribuição gratuita de livro curado por Pollyana Quintella sobre esta faceta pouco conhecida do modernista.

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Foto: Galeria Marilia Razuk

Tejedor de la imagen – Tecnologías de la imagen (2024), de Seba Calfuqueo, na galeria Marilia Razuk; artista usa patrimônio cultural para explorar tensões entre identidade, gênero e território

Design

A Galeria Teo apresenta uma versão adaptada da exposição “Scapinelli e seus esbeltos elementos”, com mobiliário criado pelo designer italiano Giuseppe Scapinelli nos anos 1950 e 1960. A mostra completa, com mais de 70 peças, segue até 31 de julho de 2025 na sede da galeria. A exposição, com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, está organizada por tipologias de móveis e apresenta restaurações que preservam a originalidade das obras.

A ,ovo apresenta duas novidades: a cadeira Dança, com encosto hexagonal e trama de palha, e a linha Hashi, inspirada nos palitos orientais.

Na ETEL, Rodrigo Ohtake exibe uma mesa desenhada por seu avô Ruy Ohtake para a casa de sua bisavó Tomie, junto a obras de Percival Lafer e Joaquim Tenreiro. Na Granistone, o designer assina uma coleção que inclui mesas, banco e poltrona, utilizando rochas brasileiras como Amazonita, Speranza e Capolavoro.

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Foto: Ruy Teixeira

Render das cadeiras Dança, que estarão no estande da ,ovo

Novidades da edição

Duas novas premiações estreiam este ano. “Os vencedores do Prêmio Arauco de Inovação e Sustentabilidade e do Prêmio Artefacto Melhor Design ganharão viagens para o Salão de Milão e para o Design Miami, respectivamente”, informa Feitosa. O vencedor do 2º prêmio receberá, ainda, um estande gratuito na próxima edição.

Outra novidade é o Palco SP-Arte no 3º andar do pavilhão. “Decidimos abrir um espaço para conversas mais aprofundadas sobre mercado, colecionismo e legado artístico”, explica a diretora. A programação inclui debates com Jaume Plensa e Marcello Dantas (2.abr), conversas sobre artistas emergentes com David Teplitzky (3.abr) e uma discussão sobre o legado de Sergio Rodrigues (4.abr).

Na Arena Iguatemi, o público poderá acompanhar conversas com Paulo Nimer Pjota (3.abr.2025) e Beatriz Milhazes (4.abr.2025).

O Collectors Lounge, antes restrito, será aberto ao público, com bar e ativações de parceiros. A SP-Arte disponibilizará audioguias no Spotify com roteiros selecionados pelos curadores Adélia Borges, Mirtes Marins de Oliveira e Theo Monteiro.

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