Comissão do Senado quer explicações de Galípolo sobre compra do Master

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou nesta 3ª feira (1º.abr.2025) um requerimento para que o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, envie explicações sobre a compra do Master pelo BRB (Banco de Brasília). Leia a íntegra (PDF – 358 kB). Cabe ao BC e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) analisar a transação.

O requerimento, de autoria de Izalci Lucas (PL-DF), fez os seguintes questionamentos:

  • BRB será o controlador pleno do Banco Master?
  • qual será a posição do atual CEO do Banco Master a partir da aquisição pelo BRB?
  • quais os critérios utilizados na segregação dos ativos do Banco Master? Quais ativos do Banco Master estão sendo adquiridos pelo BRB e quais estão ficando de fora?
  • segundo apuração do Valor Econômico, os depósitos elegíveis do Master representariam quase 50% da liquidez do FGC. É verdadeira essa afirmação? Em caso de resposta positiva, é normal, regular e recomendável que apenas uma instituição financeira, no caso o Banco Master, “se aproprie” de quase metade dos recursos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), fundo destinado a proteger o patrimônio de investidores pessoa física com até R$ 250.000,00 por CPF?

Ainda, solicita as seguintes informações:

  • detalhes da operação de compra do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília), de maneira especial o percentual de ações ordinárias e preferenciais adquiridos e o novo desenho societário; e
  • os possíveis riscos, consequências e chances de que os “ativos de duvidosa qualidade ou ativos podres” do Banco Master contaminem o patrimônio e as demonstrações contábeis do BRB, ocasionando potenciais prejuízos para o próprio BRB, para os seus funcionários e para a população do Distrito Federal, esses sim os verdadeiros proprietários do Banco e que podem ser prejudicados em caso de danos financeiros advindos dessa questionável e controversa operação.

Izalci argumentou que a compra representa riscos operacionais, financeiros e de mercado para o BRB.

“Há o risco de que o valor pago não reflita a real saúde financeira do Master, especialmente devido à sua carteira de ativos controversos (como precatórios e ações de empresas em dificuldade financeira), que serão segregados antes da conclusão da operação. Se a diligência não identificar passivos ocultos ou superestimar os ativos remanescentes, o BRB pode acabar pagando um preço acima do justo”, disse o senador.

A NEGOCIAÇÃO ENTRE MASTER E BRB

A aquisição foi anunciada na 6ª feira (28.abr). Galípolo reuniu-se nesta 3ª feira (1º.abr) com o CEO do banco de investimento, Daniel Vorcaro. O BC recebeu os documentos do pedido de compra. A análise do material, no entanto, levará vários meses.

Primeiramente, o BC verificará se as duas instituições financeiras entregaram todos os documentos necessários.

Caso o material esteja completo, a autarquia abre a instrução processual e começa a contar o prazo de 360 dias para analisar o que foi entregue. Se faltarem documentos, o BC abrirá um prazo adicional para os dois bancos enviarem o que estiver faltando.

A compra do Banco Master também precisa ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

No único pronunciamento oficial até agora, o BC informou só que a análise da operação seguirá os requisitos da resolução 4.970 de 2021 do CMN (Conselho Monetário Nacional).

“Quando protocolado o pedido pelo Banco Master, o BC vai avaliar o pedido tecnicamente quanto ao cumprimento dos requisitos aplicáveis a operações da espécie”, informou a autarquia.

Na 2ª feira (31.mar), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, mudou a agenda para receber o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, na sede do BC, em Brasília.

Na noite de domingo (30.mar), Galípolo encontrou-se, em São Paulo, com André Esteves, presidente do BTG Pactual, instituição financeira também interessada em adquirir o Banco Master.

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