Líder supremo do Irã critica ameaças de Trump e fala em retaliação

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, advertiu nesta 2ª feira (31.mar.2025) que qualquer ataque ao seu país será respondido com força. A declaração foi feita após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), ameaçar bombardear o Irã caso o país não aceite negociar seu programa nuclear.

Eles ameaçam nos atacar, o que não achamos muito provável, mas se cometerem qualquer travessura, certamente receberão um forte golpe recíproco“, afirmou Khamenei durante discurso no Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadã.

Sobre o mesmo tema, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, fez comentários ainda mais incisivos: “Uma ameaça aberta de ‘bombardeio’ por um chefe de Estado contra o Irã é uma afronta chocante à própria essência da paz e segurança internacional“, escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter).

O chanceler do Irã, Esmaeil Baqaei, fez post no X

Em seu discurso, Khamenei também mencionou protestos recentes registrados no país, atribuindo ao Ocidente a responsabilidade pela agitação. “Se estão pensando em causar sedição dentro do país como em anos anteriores, o próprio povo iraniano lidará com eles“, declarou.

As autoridades iranianas afirmam com frequência que os países ocidentais estariam por trás de vários protestos em seu território. Essa foi a justificativa dada em 2022 e 2023, quando manifestantes foram às ruas pela morte sob custódia de Jina Mahsa Amini, jovem detida acusada de violar regras sobre vestimenta feminina. O mesmo discurso foi utilizado pelo governo iraniano durante os protestos nacionais de 2019, motivados pelo aumento dos preços dos combustíveis.

A tensão entre o Irã e os EUA aumentou em 7 de março, quando Trump enviou uma carta a Khamenei solicitando negociações nucleares e ameaçando uma ação militar caso o Irã recusasse o diálogo.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, respondeu no domingo (30.mar) que Teerã não entrará em negociações diretas com Washington, mas está aberto a dialogar indiretamente conforme orientação de Khamenei.

PRESSÃO SOBRE O IRÃ

Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2025, Trump tem retomado sua política de “pressão máxima” sobre o Irã. Durante seu 1º mandato, o presidente retirou os EUA do acordo nuclear de 2015 que exigia que o Irã limitasse suas atividades nucleares em troca da suspensão de sanções.

Após a retirada americana em 2018, o Irã ultrapassou significativamente os limites de enriquecimento de urânio estabelecidos no acordo.

O programa nuclear iraniano preocupa países ocidentais, que temem que Teerã esteja desenvolvendo armas nucleares. O governo iraniano nega as acusações e insiste que o programa tem fins exclusivamente civis e energéticos.

A crescente tensão entre Washington e Teerã preocupa a comunidade internacional, sobretudo diante da escalada das hostilidades no Oriente Médio, marcada pela guerra em Gaza e pelos ataques dos rebeldes Houthi no Mar Vermelho, apoiados pelo Irã.


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