“Dia da Libertação” de Trump deixará mais incertezas, diz diretor do BC

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta 2ª feira (31.mar.2025) que o grande plano tarifário que o presidente dos EUA, Donald Trump (republicano), deve anunciar na 4ª feira (2.abr.2025) deixará “mais incerteza”. O líder norte-americano tem chamado a data como “Dia de Liberação”.

“Você ter uma mudança contínua, subir uma tarifa de 2% para 2,5%, é completamente diferente de você subir de 2% para 25%, por exemplo. Isso muda bastante o plano de negócio. Essa discussão do Liberation Day, não acho que a incerteza se resolve nesse dia. A gente vai ficar com mais incerteza”, disse Guillen.

Ele falou sobre o tema em uma palestra sobre a conjuntura econômica na Faculdade ESEG, em São Paulo.

Investidores mantêm cautela com a promessa de Trump em aplicar taxas contra “todos os países”. Há ao menos 2 caminhos que o líder norte-americano pode adotar:

  • tarifas gerais de até 20%;
  • tarifas recíprocas –algo mais restrito.

O diretor do Banco Central disse que pode haver discussões no dia seguinte sobre:

  • tarifas não implementadas;
  • respostas dos países às tarifas que foram implementadas; e
  • escalonamento de tarifas se houver resposta.

“Há um debate sobre como o Fed [banco central dos EUA] vai reagir e depois como isso vai ter impacto sobre o Brasil”, declarou. Segundo Guillen, o Federal Reserve “tem chamado atenção que essas tarifas têm levado a um aumento de expectativa de inflação”.

Selic

Diogo Guillen também disse que a magnitude da alta da Selic na reunião dos dias 6 e 7 de maio não está fechada em razão do cenário de incertezas. Em 19 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) havia sinalizado que a elevação da taxa básica de juros será menor que 1 ponto percentual no próximo encontro. 

“A própria defasagem já sugeriria uma menor magnitude. Além disso, você tem outro componente que é a incerteza. Então, eu vejo como 2 degraus para menor magnitude. O 3º, da incerteza: quanto vai ser essa menor magnitude, a gente deixa em aberto”, declarou.

Hoje, o juro-base está em 14,25% ao ano. O diretor do BC também afirmou que o ciclo de aperto monetário “deve continuar porque você tem um cenário adverso de inflação”.

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