Síria empossa ministros em novo governo de transição

Passados quase quatro meses desde a queda do ditador Bashar al-Assad, presidente interino Ahmad al-Sharaa faz aceno à comunidade internacional ao convocar 23 ministros para gabinete mais diverso.Passados quase quatro meses desde a queda do ditador Bashar al-Assad, o gabinete do governo de transição da Síria, liderado pelo presidente interino Ahmad al-Sharaa, foi empossado neste sábado (29/3).

Num aceno de al-Sharaa à comunidade internacional, o grupo de 23 ministros é mais diverso do ponto de vista étnico e religioso, incluindo, além de muçulmanos sunitas, cristãos, alauitas e drusos. Uma mulher também fará parte da equipe: Hind Kabawat, advogada cristã e opositora do regime de Assad, será ministra de Assuntos Sociais e Trabalho.

Os principais postos são ocupados por aliados próximos de al-Sharaa: Assaad al-Shaibani (Exterior) e Murhaf Abu Qasra (Defesa) mantiveram seus cargos; Anas Khattab, chefe de inteligência, foi nomeado ministro do Interior; e Mohammed al-Bashir, ex-chefe de governo da província rebelde Idlib, é ministro de Energia.

O governo não terá um primeiro-ministro. Al-Sharaa deve liderar o Poder Executivo.

Eles devem governar pelos próximos cinco anos, tempo de transição previsto pela Constituição provisória editada em março por al-Sharaa.

O líder sírio, que encabeçou a ofensiva contra Assad em dezembro e foi nomeado presidente interino do país em janeiro, argumenta que o país precisará de quatro ou cinco anos para criar a infraestrutura necessária à realização de eleições.

Esforço para angariar apoio internacional

A formação de um governo de transição é vista como um marco essencial na reconstrução da Síria após 14 anos de guerra civil.

As autoridades islamistas estavam sob pressão internacional para formar um governo mais inclusivo e representativo da diversidade étnica e religiosa do país.

Yarub Badr, um alauita – mesmo grupo religioso do ditador Assad –, assume o Ministério dos Transportes. Amgad Badr, que é da minoria drusa, chefiará a Agricultura. Já o curdo Mohammed Terko assume a pasta da Educação.

Raed al-Saleh, que liderou os capacetes brancos – socorristas que atuaram em áreas controladas por rebeldes –, é ministro de Emergências.

As Finanças ficarão a cargo de Mohammed Yosr Bernieh.

Não há, porém, representantes do grupo rebelde curdo Forças Democráticas Sírias (SDF), que domina o nordeste da Síria e é apoiado pelos Estados Unidos. Al-Sharaa e o comandante das SDF, Mazloum Abdi, assinaram um acordo de cessar-fogo no início do mês que prevê a integração dos combatentes ao Exército sírio.

Com as nomeações, al-Sharaa quer convencer países do Ocidente de que a Síria caminha rumo à democratização e à estabilidade. Um massacre contra centenas de alauitas no início de março, porém, suscitou dúvidas sobre a capacidade do novo governo de concretizar esses planos.

Al-Sharaa também quer suspender sanções econômicas impostas ao país durante a era Assad. Segundo as Nações Unidas, 90% dos sírios vivem abaixo da linha de pobreza, e milhões enfrentam escassez de alimentos por causa da guerra.

ra (Reuters, AP)

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