O SUV chegou para dominar: mais altura, mais estilo e a sensação de estar no comando da rua; Sedans e peruas ficaram no passado

O brasileiro tem uma paixão inusitada por SUVs. E eu digo inusitada porque, ao olhar para a evolução das estradas e o crescente número de veículos desse tipo nas ruas, fica claro que estamos diante de uma preferência que vai além da praticidade. Parece que, ao invés de apostar na eficiência de um sedan ou na versatilidade de uma perua, o povo brasileiro quer a sensação de estar no comando de um monstro de metal, preparado para enfrentar qualquer desafio. É a altura do assento, a robustez do design e, claro, a sensação de estar acima da média – em todos os sentidos.

Pontos Principais:

  • SUVs ganharam espaço no Brasil por unirem praticidade e imagem de status.
  • A posição elevada do banco transmite segurança e domínio visual do trânsito.
  • As condições ruins das ruas brasileiras favorecem veículos com suspensão mais alta.
  • Sedãs e peruas perderam relevância por não atenderem às novas expectativas visuais.
  • Campanhas publicitárias reforçam a ideia do SUV como símbolo de sucesso pessoal.

Os SUVs não são mais apenas carros; são símbolos. Eles tomaram o lugar das peruas e sedans por uma razão simples: eles fazem você se sentir importante. Enquanto os sedans, com suas linhas finas e design focado em eficiência, ficaram para trás, os SUVs vieram para dominar. Se antes a palavra “status” estava atrelada a marcas de luxo, hoje, ela se reflete na largura dos pneus e na altura do veículo. Não importa que as ruas estejam repletas de buracos e lombadas. O que importa é que, ao estar dentro de um SUV, você se sente seguro, confortável e, principalmente, no controle de sua própria pequena fortaleza.

O brasileiro cansou de bater o cárter em lombada mal feita. Resolveu subir na vida, literalmente, e agora só aceita carro que pareça pronto pra escalar o Himalaia urbano.
O brasileiro cansou de bater o cárter em lombada mal feita. Resolveu subir na vida, literalmente, e agora só aceita carro que pareça pronto pra escalar o Himalaia urbano.

No fim das contas, essa obsessão brasileira por SUVs está diretamente ligada ao desejo de afirmação. Não é só sobre o carro, é sobre o que ele representa. Um sedan? Pff, é coisa do passado. Os SUVs chegaram para dominar, porque ser maior, mais alto e, sim, mais imponente, significa estar à frente. Em um país onde a qualidade das ruas é imprevisível e as aventuras do dia a dia exigem algo mais robusto, os SUVs fazem sentido. Eles são a resposta a uma demanda por mais conforto, mais presença e, acima de tudo, mais status. E, sejamos francos, não existe nada mais brasileiro do que isso.

Qual o SUV mais querido do Brasil?

O Volkswagen T-Cross foi o SUV mais vendido do Brasil em 2024, com 83.990 unidades emplacadas, reforçando a liderança que já havia conquistado em 2023, quando vendeu 72.440 carros. O modelo da marca alemã teve quase 9% de participação no mercado de utilitários esportivos, à frente do Chevrolet Tracker, que ficou em segundo lugar com 69.431 unidades, e do Hyundai Creta, que completou o pódio com 69.116. O T-Cross parte de R$ 119.990 na versão Sense, equipada com motor 200 TSI de 128 cv.

O segmento de SUVs continua em alta no país, representando 48,22% de todos os carros vendidos em 2024. No total, foram emplacados 939.279 SUVs, um aumento de quase 160 mil unidades em relação ao ano anterior. Além do T-Cross, os modelos mais vendidos incluem Nissan Kicks, VW Nivus, Jeep Renegade, Honda HR-V, Compass, Fiat Fastback e Toyota Corolla Cross, evidenciando a preferência crescente dos brasileiros por esse tipo de veículo.

  • Volkswagen T-Cross – 83.990
  • Chevrolet Tracker – 69.431
  • Hyundai Creta – 69.116
  • Nissan Kicks – 60.455
  • Volkswagen Nivus – 55.924
  • Jeep Renegade – 53.896
  • Honda HR-V – 50.375
  • Jeep Compass – 50.055
  • Fiat Fastback – 48.246
  • Toyota Corolla Cross – 47.796
  • Fiat Pulse – 39.079
  • Caoa Chery Tiggo 7 – 30.896
  • BYD Song – 27.689
  • Renault Kardian – 24.447
  • GWM Haval H6 – 22.892
  • Renault Duster – 20.702
  • Caoa Chery Tiggo 5X – 20.115
  • Toyota Hilux SW4 – 17.815
  • Volkswagen Taos – 17.569
  • Jeep Commander – 16.745

Transformação do gosto automotivo

A preferência por SUVs no Brasil não está ligada apenas a estética ou modismo. Existe uma combinação de fatores práticos e psicológicos que explicam essa guinada no comportamento do consumidor. Um dos principais é a percepção de segurança que esses veículos transmitem. Sentar-se em uma posição mais elevada confere ao motorista uma sensação ampliada de controle sobre o ambiente ao redor.

A altura do solo também se tornou aliada nas cidades brasileiras, marcadas por irregularidades no asfalto, valetas, lombadas mal posicionadas e vias mal conservadas. SUVs enfrentam esse cenário com mais facilidade do que veículos com suspensão mais baixa. Esse desempenho mais estável em pisos ruins se converte em algo valorizado por quem dirige diariamente.

Além da praticidade, há a construção de uma identidade ligada ao tipo de carro. SUVs transmitem uma imagem associada à modernidade, robustez e até poder. Essa percepção impacta diretamente a decisão de compra, pois o automóvel ainda é um símbolo de posição social no Brasil.

A retirada silenciosa de sedãs e peruas

Com a consolidação dos SUVs, modelos que antes dominavam o mercado começaram a desaparecer. As peruas, outrora populares entre famílias por seu espaço interno, perderam força diante da versatilidade oferecida pelos utilitários. Mesmo com capacidade de carga equivalente, as peruas passaram a ser vistas como ultrapassadas no imaginário popular.

  • Ranking: lista revela 20 SUVs mais vendidos no Brasil
  • Chegou a hora de abraçar os SUVs e assumir o fim das peruas
  • Audi A6 Avant 2025 desafia a era dos SUVs com mais tecnologia e desempenho
  • Chevrolet completa 100 anos no Brasil com lista de seus 100 carros mais marcantes
  • T-Cross, Creta e Tracker na lista de SUVs mais vendidos de 2024: Conheça os mais amados no mercado brasileiro

O mesmo movimento atinge os sedãs, ainda presentes, mas com participação de mercado cada vez menor. Sedãs médios e grandes, antes ligados ao status profissional e ao conforto, hoje enfrentam o desafio de se manterem relevantes em um mercado onde a busca é por posição elevada e aparência de robustez.

Esse deslocamento de preferência é potencializado pelas montadoras. Diante da queda nas vendas de peruas e sedãs, as fabricantes passaram a investir fortemente em SUVs de diversos tamanhos, o que reforçou o ciclo de preferência e abandono de antigos formatos.

As ruas como cenário determinante

Boa parte da adesão aos SUVs no Brasil tem relação direta com a infraestrutura urbana. As cidades brasileiras são caracterizadas por vias em mau estado de conservação, buracos recorrentes e engenharia viária irregular. Esse contexto favorece veículos com maior vão livre do solo e suspensões adaptadas para impactos e desníveis.

Dirigir um veículo baixo em determinadas regiões se torna tarefa incômoda e, em muitos casos, arriscada. Os SUVs, mesmo os compactos, oferecem soluções práticas para esse tipo de ambiente. Isso os torna mais atrativos até mesmo para quem não precisa de grande espaço interno, mas quer evitar o desgaste com o terreno.

Esse fator, somado à sensação de segurança que um veículo mais alto transmite, criou uma preferência coletiva por esse tipo de carroceria, especialmente em cidades de médio e grande porte. A robustez é percebida não só como vantagem mecânica, mas também como solução emocional para enfrentar o dia a dia no trânsito.

Status, percepção e mercado

O automóvel ainda é, no Brasil, um elemento de afirmação pessoal. Os SUVs passaram a incorporar um tipo de prestígio antes reservado aos sedãs. Em um cenário de crescente competitividade e exposição social, dirigir um carro que simboliza sucesso é parte do comportamento de consumo.

Além disso, campanhas publicitárias ajudaram a consolidar essa ideia. A propaganda de SUVs vende mais do que características técnicas: entrega ao comprador uma ideia de conquista, liberdade, força e modernidade. Com isso, um hatch pode parecer simples demais, enquanto um SUV compacto cumpre a mesma função prática, mas com um impacto visual diferente.

Mesmo quando o desempenho, o consumo ou o custo de manutenção não favorecem os SUVs, esses modelos continuam a ser escolhidos. A lógica da compra se baseia tanto na utilidade quanto na imagem que o veículo transmite. Esse fator emocional se sobrepõe à racionalidade em muitos casos.

Racionalidade ou hábito?

Há uma discussão sobre até que ponto a escolha por SUVs é racional. A maioria dos SUVs vendidos no Brasil é, na verdade, derivada de carros compactos, com desempenho e espaço semelhantes aos hatches médios. No entanto, são comprados por valores mais altos, com justificativas baseadas em segurança, visibilidade e status.

Apesar disso, o comportamento coletivo transforma esse tipo de escolha em norma. Quando grande parte dos motoristas está em SUVs, há um impulso para seguir essa tendência. Isso se reflete inclusive em decisões de financiamento, revisão de modelos anteriores e influência direta no mercado de usados.

O carro ideal deixou de ser o mais prático ou econômico e passou a ser aquele que ocupa melhor espaço simbólico e visual. Os SUVs representam esse lugar no imaginário do consumidor atual, sendo promovidos não apenas pela indústria, mas pela dinâmica social.

  • Pontos Principais:
  • A preferência por SUVs no Brasil está ligada à sensação de segurança e robustez.
  • Peruas e sedãs perderam espaço por não transmitirem imagem de modernidade.
  • As más condições das ruas favorecem veículos mais altos.
  • SUVs são percebidos como símbolo de status e sucesso pessoal.
  • Montadoras reforçam essa tendência com lançamentos e publicidade direcionada.

Fonte: CNN, AutoPapo, Istoe e Wikipedia.

O post O SUV chegou para dominar: mais altura, mais estilo e a sensação de estar no comando da rua; Sedans e peruas ficaram no passado apareceu primeiro em Carro.Blog.Br.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.