Faixa azul em SP reduz mortes de motociclistas e será ampliada para 400 km até 2028, promete prefeitura

Em São Paulo, o crescente número de motociclistas e as altas taxas de acidentes envolvendo esse modal vêm gerando preocupação nas autoridades de trânsito. Nos últimos três anos, a cidade tem se dedicado a implementar soluções para aumentar a segurança dos motociclistas, com foco na Faixa Azul, um corredor exclusivo que separa motos de outros veículos, promovendo mais organização e segurança no tráfego. A ideia central da Faixa Azul é reduzir os riscos de acidentes fatais, garantindo que motociclistas tenham um espaço delimitado para se deslocar de forma mais protegida.

A cidade de São Paulo já conta com 221,2 km de faixas azuis exclusivas para motociclistas, implantadas como estratégia para reduzir acidentes fatais no trânsito urbano - Foto: SECOM / SP
A cidade de São Paulo já conta com 221,2 km de faixas azuis exclusivas para motociclistas, implantadas como estratégia para reduzir acidentes fatais no trânsito urbano – Foto: SECOM / SP

Os resultados iniciais têm sido promissores. Desde a implantação da primeira faixa em 2022, o projeto já cobre 221 quilômetros de vias da cidade, e os dados mais recentes mostram uma redução significativa nas mortes de motociclistas, alcançando uma diminuição de 47% entre 2023 e 2024. Esta medida, além de proporcionar mais segurança, beneficia diretamente cerca de 500 mil motociclistas que utilizam essas faixas diariamente. Em um cenário em que a frota de motos na capital paulista ultrapassa 1,3 milhão, a Faixa Azul se configura como um dos pilares para uma mobilidade urbana mais segura.

A administração municipal tem se mostrado comprometida com a ampliação do projeto, com a promessa de adicionar mais 200 quilômetros de Faixa Azul até 2028. Este esforço visa cobrir ainda mais vias, permitindo que a infraestrutura beneficie um número maior de motociclistas e contribua para a redução das mortes no trânsito. A iniciativa, que começou como um projeto-piloto, agora é vista como um modelo de sucesso, sendo replicada em outras cidades do estado.

Resultados positivos e aumento da segurança viária

Dados do Infosiga mostram que as mortes de motociclistas caíram 47,2% nos trechos com faixa azul, com redução de 36 óbitos em 2023 para 19 casos em 2024 - Foto: SECOM / SP
Dados do Infosiga mostram que as mortes de motociclistas caíram 47,2% nos trechos com faixa azul, com redução de 36 óbitos em 2023 para 19 casos em 2024 – Foto: SECOM / SP

O impacto da Faixa Azul já pode ser visto nas estatísticas de segurança. De acordo com o sistema Infosiga, que monitora a letalidade no trânsito, a implementação das faixas trouxe uma queda de 47,2% no número de mortes de motociclistas nas vias onde as faixas foram instaladas. Em 2023, o número de óbitos foi de 36, e em 2024 esse número caiu para 19. Essa redução se alinha com os objetivos do projeto, que visa não apenas organizar o trânsito, mas também proporcionar maior proteção para quem utiliza motos nas vias públicas.

Além de garantir mais segurança para os motociclistas, a Faixa Azul também tem sido bem recebida pelos motoristas. Em pesquisas realizadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a maioria dos motoristas e motociclistas aprova a medida, destacando que a separação entre as faixas de veículos tem contribuído para um convívio mais harmônico nas vias. Nas avenidas que já receberam a Faixa Azul, como a Avenida dos Bandeirantes, a satisfação dos condutores chegou a 99% entre os motociclistas e 89,8% entre os motoristas, com muitos afirmando perceber uma melhora significativa na fluidez do tráfego.

A Faixa Azul não só diminui o risco de acidentes, mas também otimiza o tempo de deslocamento dos motociclistas. Muitos entregadores, como Wellington Batista Silva, que trabalha como motoboy há 30 anos, relatam que a medida trouxe mais segurança e também mais eficiência no trabalho. Para ele, a Faixa Azul foi uma das melhores iniciativas já feitas para os trabalhadores da moto na cidade.

Expansão do projeto e novos desafios

Além da ampliação das faixas, a prefeitura estuda implantar pontos de apoio para entregadores com banheiros, micro-ondas e áreas de descanso nas regiões atendidas - Foto: SECOM / SP
Além da ampliação das faixas, a prefeitura estuda implantar pontos de apoio para entregadores com banheiros, micro-ondas e áreas de descanso nas regiões atendidas – Foto: SECOM / SP

Atualmente, São Paulo conta com 221,2 quilômetros de Faixa Azul distribuídos por 46 vias da cidade, o que equivale a uma viagem de ida e volta até Campinas. O projeto tem se expandido de forma constante, com novos trechos sendo inaugurados a cada mês. O mais recente, de 6 quilômetros, foi implantado na Avenida do Estado em março de 2025. A meta da Prefeitura de São Paulo é alcançar 400 quilômetros de Faixa Azul até 2028, com o objetivo de cobrir mais vias e oferecer maior proteção a um número ainda maior de motociclistas.

A medida também está alinhada com os princípios da Visão Zero, que preconiza que nenhuma morte no trânsito é aceitável, e com o Sistema Seguro, que visa prevenir ferimentos graves mesmo em casos de erro humano. A combinação dessas diretrizes tem demonstrado que o projeto é viável e eficaz na redução da mortalidade no trânsito, especialmente entre os motociclistas, que são considerados um dos grupos mais vulneráveis no contexto do trânsito urbano.

Embora os resultados sejam positivos, a administração municipal ainda enfrenta desafios. A prefeitura planeja instalar pontos de apoio para entregadores, com banheiros, espaços para aquecer alimentos e locais para descanso. Contudo, esses pontos ainda estão em fase de planejamento, e a localização e o prazo para sua instalação ainda não foram definidos.

Detalhamento do projeto e seus impactos na mobilidade urbana

A Faixa Azul é uma sinalização que visa separar as motos dos carros, ciclistas e ônibus, criando um espaço exclusivo para o tráfego de motocicletas. Esse tipo de infraestrutura tem sido inspirado em experiências bem-sucedidas de outras cidades ao redor do mundo. O conceito de Faixa Azul é uma forma de melhorar a segurança e a fluidez do tráfego nas grandes metrópoles, proporcionando aos motociclistas um local mais seguro para trafegar, especialmente nas vias mais congestionadas e de maior circulação de veículos.

Além da melhoria na segurança, a Faixa Azul ajuda a organizar o tráfego nas vias mais movimentadas, garantindo que os motociclistas não se vejam forçados a se deslocar entre carros e outros veículos, o que aumentaria o risco de acidentes. A infraestrutura também ajuda a tornar o trânsito mais previsível, tanto para motociclistas quanto para motoristas, o que pode reduzir os conflitos e o estresse no trânsito diário.

A implantação da Faixa Azul também reflete uma mudança na forma como a cidade lida com a mobilidade urbana, reconhecendo a importância do transporte por moto, especialmente para trabalhadores autônomos e entregadores, que dependem das motos para realizar suas atividades. A Prefeitura de São Paulo tem dado atenção especial a esse modal, ampliando a infraestrutura e trabalhando para que a cidade se torne mais segura para todos os seus habitantes.

Aprovação entre usuários e avaliação técnica

Uma pesquisa conduzida pela CET, em parceria com a Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito (SEMTRA), colheu avaliações positivas tanto de motociclistas quanto de motoristas. O levantamento foi realizado nas avenidas dos Bandeirantes, Sumaré, Nações Unidas e 23 de Maio, todas com faixas implantadas desde 2022.

Na Avenida dos Bandeirantes, 99% dos motociclistas e 89,8% dos motoristas avaliaram o projeto como bom ou muito bom. A percepção de melhora no convívio também foi registrada, com 98,07% dos motociclistas e 92,58% dos condutores apontando mudanças positivas.

  • Na Avenida Sumaré, a aprovação dos motociclistas chegou a 96% e dos motoristas a 83%.
  • Na Nações Unidas, 97% dos motociclistas e 87% dos motoristas aprovaram a faixa azul.
  • Na 23 de Maio, 93,9% dos motociclistas e 70,3% dos motoristas perceberam melhora no compartilhamento da via.

O estudo também indicou que a grande maioria dos entrevistados acredita que a Faixa Azul é um projeto benéfico. Os índices superam os 90% em quase todas as vias, sugerindo que, além de impactar positivamente os dados de segurança viária, a medida é bem recebida pela população diretamente envolvida.

Replicação em outras cidades e próximos passos

Com base na experiência positiva em São Paulo, municípios como Santo André e São Bernardo iniciaram seus próprios programas de faixa azul para motos - Foto: SECOM / SP
Com base na experiência positiva em São Paulo, municípios como Santo André e São Bernardo iniciaram seus próprios programas de faixa azul para motos – Foto: SECOM / SP

Cidades próximas à capital paulista, como São Bernardo do Campo e Santo André, já iniciaram a implantação de faixas azuis, citando a experiência de São Paulo como referência. A ampliação para a Região Metropolitana sinaliza que o modelo poderá ser estendido também a outros municípios com alta concentração de motociclistas.

O governo municipal de São Paulo não detalhou como será feito o monitoramento contínuo dos dados das novas implantações nem quais critérios serão usados para priorizar os próximos trechos. O acompanhamento do Infosiga, porém, seguirá como base para a medição dos impactos.

O compromisso da prefeitura é que, até 2028, a capital paulista terá ao menos 400 km de faixas azuis. Se cumprido, esse será o maior programa de faixas preferenciais para motociclistas em área urbana já executado no Brasil, com possível repercussão para políticas federais de mobilidade e segurança viária.

Fonte: Pref-SP, G1 e Mobilidade.

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