Não sei o que acontece com a Argentina se o FMI não aprovar empréstimo, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a situação econômica da Argentina e afirmou acreditar que o futuro do país é incerto. “Se o FMI [Fundo Monetário Internacional] não aprovar o empréstimo [para a Argentina], eu não sei o que acontece. E mesmo aprovando não se sabe”, disse.

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O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, divulgou nesta semana que o país busca um novo empréstimo com o FMI para reforçar as reservas do Banco Central (BC) do país. O montante combinado seria de US$ 20 bilhões.

O órgão  internacional ainda não decidiu se será autorizado. Tampouco foram divulgadas as exigências para o novo empréstimo.

Diretor do Observatório da Dívida Pública Argentina, o historiador Alejandro Olmos Gaona disse que Caputo busca tranquilizar o mercado financeiro devido à pressão cambiária. ““O governo precisa desesperadamente de dólares para fortalecer o Banco Central e seguir controlando a inflação [por meio da injeção de dólares na economia], porque esse é o único elemento que tem dado muito apoio ao presidente Milei”, explica.

Se confirmado, será o terceiro empréstimo com o Fundo desde que o governo de Maurício Macri firmou o acordo, em 2018, para empréstimos de US$ 56 bilhões.

Haddad rejeita ‘receituário ortodoxo’ para o Brasil

O ministro Fernando Haddad comentou a situação do país vizinho enquanto negava que uma ‘super ortodoxia’ seja adequada à economia brasileira.

“Tem gente elogiando receituário super ortodoxo para um país que não está nas condições que está a Argentina. A pessoa fala: vamos fazer no Brasil o que o Milei está fazendo. Qual o sentido disso?”, disse. “Não dá para comparar situações, nem com o Brasil de 1998 e 1999, nem com a Argentina de agora. Nossa situação é outra. O Brasil está em uma situação diferente de um país em crise.”

Ao contrário da Argentina, o Brasil tem sua dívida pública quase toda em reais, o que facilita o pagamento e refinanciamento dos passivos. Além disso, enquanto o empréstimo busca catapultar as reservas cambiais da Argentina para a casa dos US$ 50 bilhões, o Banco Central do Brasil fechou 2024 com reservas na casa dos US$ 329,7 bilhões.

Ainda assim, o risco fiscal é apontado por analistas do mercado financeiro como um dos principais motivos para o atual patamar elevado dos juros no país. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa Selic a 14,25% ao ano, maior patamar desde 2016.

O ministro não criticou diretamente a atual política monetária, porém disse que “quando se faz ajuste super recessivo” isso acaba prejudicando a própria dívida pública, defendendo “moderação” no caminho para retomar resultados primários positivos.

Haddad afirmou porém que o governo vai manter o curso da política econômica, buscando o cumprimento de metas fiscais e sem medidas “exóticas” com finalidade eleitoral. “Esse é o caminho, não vamos inventar nada. Não é do feitio do presidente Lula inventar nada exótico por razões eleitorais”, disse.

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