Tirar alimentos da inflação “não dialoga” com trabalho do BC, diz Galípolo

O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse nesta 5ª feira (27.mar.2025) que tirar os preços de alimentos e energia elétrica do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) “não dialoga” com o trabalho da autoridade monetária.

Fala vem após o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), propor, na 2ª feira (24.mar), retirar os preços destes produtos do cálculo do índice de preços usado pelo BC para definir a taxa Selic. Segundo ele, é uma “medida inteligente” definir os juros com base no que “pode ter mais efetividade na redução da inflação”. Alckmin declarou que juros não fazem chover para reduzir os preços dos alimentos.

Nesta 5ª feira (27.mar.2025), Galípolo declarou que os núcleos ­–que mostram a variação de preços excluindo fatores extraordinários, como a elevação de energia e alimentos– estão elevados e próximos da taxa do IPCA.

O presidente do BC disse que está “bastante satisfeito” com as regras utilizadas para definir a taxa básica, a Selic. Mas afirmou que a autonomia do banco não impede que as pessoas façam comentários sobre a política monetária.

“Acho que ele [vice-presidente] não está falando tanto do momento, porque se a gente olhar para o momento agora e pegar o núcleo, está acima da meta e numa diferença relativamente baixa comparativamente à inflação cheia”, disse Galípolo. “Acho que ele está olhando para cenários internacionais e práticas internacionais”, completou.

COPOM

Galípolo apresentou nesta 5ª feira (27.mar.2025) o Relatório de Política Monetária. A autoridade monetária diminuiu de 2,1% para 1,9% a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2025. Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC disse que a desaceleração da economia é “elemento necessário” para levar a inflação para a meta de 3%.

O intervalo da meta é de 1,5% a 4,5%. A taxa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 5,06% em fevereiro. Segundo o BC, deverá subir para 5,6% em março e ficar próxima de 5,5% nos próximos meses.

Na última reunião do Copom, os diretores do BC subiram a taxa básica, a Selic, para 14,25% ao ano. Sinalizaram que o juro base vai subir no próximo encontro, de maio, mas em “menor magnitude”.

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