Cultura do happy hour está sendo substituída por academia, diz CEO da Wellhub

Ricardo Guerra, que assumiu a cadeira de liderança da Wellhub (ex-Gympass) no Brasil no início deste ano, defende que o equilíbrio entre o trabalho e a atividade física é a chave para uma maior performance, e afirma que as empresas que investem em programas de bem-estar no trabalho se beneficiam com redução nos custos de outros custos.

+Home office funciona, confiamos nas pessoas, diz CEO da Wellhub, ex-Gympass

Em entrevista ao Dinheiro Entrevista, programa da IstoÉ Dinheiro, o CEO da Wellhub para o Brasil relata que algumas empresas tem trocado a cultura do happy hour pela academia e treinos coletivos.

“Eu gosto da transformação de cada indivíduo. Por si só isso já é incrível, mas quando ajudamos uma empresa a se transformar – porque isso parte de dentro da empresa – é bonito porque é sustentável e atinge mais pessoas. A cultura do happy hour e de trabalhar muito é o que prevalecia. Um ambiente mais ácido, mas tóxico, em que as pessoas tinham níveis de relacionamentos mais intensos”, conta.

No início de 2025, a empresa atingiu a marca de 4 milhões de assinantes e 500 milhões de check-ins em sua plataforma que conecta trabalhadores a redes parcerias parceiros para atividades físicas, mindfulness, terapia, nutrição e qualidade do sono, entre outras.

“Ajudamos as empresas a criarem desafios internos ligados a passos, a números de check-ins. Hoje já temos uma plataforma dentro do produto que ajuda nesse desafio, isso muda de forma escalável e a empresa começa a mudar. O happy hour de 18h às 20h é substituído por uma aula de funcional, por uma aula de spinning. Somos convidados às vezes para convenções de liderança de algumas empresas, e elas começam de manhã com uma atividade física. Aquelas festas que duravam até 2h ou 3h da manhã, já vemos reduzir. Não que não deveria ter a festa, mas deveria ter com parcimônia e equilíbrio”, completa.

Além dos benefícios para usuários, Ricardo Guerra relata que a companhia mensurou o impacto nos custos de empresas que adotaram a ferramenta da Wellhub.

“Nós resolvemos comparar as pessoas que vão mais de cinco vezes ao mês na academia com as pessoas que não vão nenhuma vez, comparando a utilização do plano de saúde. Nisso notamos um impacto de 20% a 30% em redução de custos. Comparamos pessoas que ficam nas empresas com as que abandonam, e vimos que as que usam Wellhub tem uma maior retenção.”

A companhia foi fundada em meados de 2012 pelos empresários Cesar Carvalho, Vinicius Ferriani e João Thayro, e atualmente opera em mais de 10 países, incluindo Estados Unidos, Itália, Argentina, Chile, Polônia e outros. Em agosto de 2023, a Wellhub captou US$ 85 milhões em uma rodada de financiamento Série F, elevando seu valuation para US$ 2,4 bilhões.

Em sua expansão internacional, tem realizado fusões e aquisições para crescer. O movimento mais recente foi a compra da Urban Sports Club, numa transação que aumenta em mais de 50% sua base de clientes corporativos. A Urban Sports Club foi fundada na Alemanha e tem presença em nove países na Europa.

​A empresa conta com mais de 1.000 funcionários no Brasil e mais de 1.500 globalmente. ​E, segundo o executivo, na Wellhub os funcionários da Wellhub também são assíduos em atividades físicas.

“Nós já, há muito tempo, substituímos happy houy por academia, funcional, spinning. Quando fazemos eventos corporativos marcamos sempre pela manhã para fazermos algum treino. Com meu time já fiz zumba, yoga, corrida, bike indoor, musculação, funcional”, afirma.

Vai existir Wellhub/Gympass direto para clientes avulso?

Sobre uma eventual mudança nos negócios para que a empresa atende os consumidores de varejo diretamente – no modelo conhecido como B2C, ou business to consumer – Guerra relata que a Wellhub é ‘muito bem resolvida’ com relação ao tema.

“Essa discussão volta e meia aparece, e na verdade nós começamos como B2C. Mas a partir do momento que percebemos que o modelo de trabalhar com as empresas agrega uma sustentabilidade e uma transformação real, focamos bastante nisso”, relata.

O executivo conta que, em um modelo B2C, a Wellhub iria competir diretamente com as academias, o que não é a ideia. Dessa forma, a Wellhub deve seguir atendendo no B2B, trabalhando com departamentos de Recursos Humanos (RHs) e lideranças empresariais.

Rebranding

Há pouco menos de um ano a empresa mudou de nome, de Gympass para Wellhub. A mudança teve impacto, já que o nome antigo já era consolidado. Todavia, Guerra conta que a transição foi necessária e foi bem aceita em outros mercados onde a companhia está presente.

“A mudança tem a ver com o aumento das necessidades dos nossos clientes. Além da academia, as pessoas precisam complementar com nutrição, com mindfulness, com sistemas para ajudar a dormir melhor. Queremos atender todas as dimensões do bem-estar”, conta.

Nesse sentido, diz que o nome – que usa o termo hub – visa atender a ideia da companhia de promover um ambiente para ‘cuidar de si mesmo em todas as dimensões’. Além disso, a aceitação foi melhor em mercados de língua inglesa, como Reino Unido e Estados Unidos, e também pontualmente em outros países, como a Alemanha.

Briga com o Cade

Sobre as disputas concorrenciais no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Guerra diz que a empresa ‘acredita que a concorrência é algo positivo’ e que ‘não quer criar um mercado sem concorrência’.

O executivo frisou que a empresa não teve a aplicação de uma multa do órgão e segue um acordo que impõe um teto de 20% de academias em termos de contrato de exclusividade, e que atualmente a empresa tem algo entre 11% e 12% – número que Guerra ‘considera saudável’.

“As academias que não têm Wellhub, de 10 delas, em uma janela de um ano, uma fecha. Academias que estão conosco, menos 1% fecham ao ano. Estamos gerando negócios para eles e somos vitais na estratégia deles, isso defende também o micro e pequeno empresário, porque estamos em academias de cidades com menos de 50 mil habitantes, e também estamos próximos das grandes redes”, argumenta.

Antes da entrevista, a plataforma negou ao Cade ter descumprido um acordo firmado com o órgão antitruste que limitou contratos de exclusividade da empresa com academias, já que em meados de dezembro de 2024 a superintendência-geral do órgão recomendou multar a empresa em R$ 3 milhões por não seguir o compromisso.

A companhia tem travado uma disputa com outros players no tribunal, como Gurupass e TotalPass (esta última do grupo Smart Fit).

Após a entrevista ser gravada, no dia 19 de março, o Cade aprovou, por maioria, um despacho do presidente do órgão que cancelou a multa de R$ 3 milhões aplicada à empresa. Todavia, a medida impôs também o cancelamento de todos os contratos de exclusividade firmados pela Wellhub desde então.

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