Coreia do Sul neglicenciou adoção de crianças no exterior, diz comissão

A Comissão da Verdade e Reconciliação da Coreia do Sul identificou indícios de que agências de adoção sul-coreanas enviaram crianças para o exterior como “bagagem” durante décadas. As informações são da Reuters.

Segundo as investigações, que duraram 2 anos, as crianças eram falsamente registradas como órfãos para serem doadas. Também foram identificados casos em que os bebês morreram durante o trajeto e outros foram enviados no lugar.

A comissão foi criada em 2020 a partir de uma lei aprovada pelo Parlamento. Segundo o relatório divulgado na 4ª feira (26.mar.2025), foram identificados 56 casos de violações de direitos humanos de crianças enviadas ao exterior de 1964 a 1999.

Ao todo, foram analisados 100 das 367 petições apresentadas por pessoas adotadas –que alegaram terem tido seus processos adotivos fraudados. O restante deve ser concluído até maio.

Segundo a comissão, o governo negligenciou e falhou na supervisão e gestão dos processos adotivos. À época, todos os trâmites burocráticos eram conduzidos pelas agências privadas. 

No relatório, o órgão afirma que as adoções se tornaram “uma indústria voltada para o lucro”. Há indícios de que alguns bebês foram colocados para adoção sem consentimento dos pais e outros enviados para famílias inaptas.

A comissão recomendou que o governo realize um pedido oficial de desculpas, conduza um levantamento sobre o atual status de cidadania dos adotados e apresente soluções para os que tiveram as identidades falsificadas.

ENTENDA

Depois da Guerra da Coreia (1950-1953), a Coreia do Sul entrou um cenário de extrema pobreza, destruição da infraestrutura e milhares de órfãos. Muitos desses órfãos eram filhos de soldados estrangeiros –principalmente americano– com mulheres sul-coreanas.

Diante dessa situação, o governo sul-coreano começou a permitir e facilitar a adoção internacional dessas crianças. Os Estados Unidos se tornaram o principal destino. 

Mesmo depois da recuperação econômica, as adoções continuaram por décadas. A partir de 2010, a Coreia do Sul endureceu as políticas para reduzir o número de adoções no exterior.

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