Consignado CLT: quais bancos já estão oferecendo empréstimo e como são definidos o valor e taxa da proposta?

O programa de crédito consignado para trabalhadores CLT registra mais de 55 mil contratos firmados que somam R$ 340 milhões em empréstimos, segundo último balanço divulgado pelo governo. O programa começou a valer no último dia 21, com a proposta de oferecer aos trabalhadores da iniciativa privada empréstimo com desconto direto do salário, aos moldes do consignado oferecido aos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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Na cerimônia do lançamento do programa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que um dos objetivos é que os trabalhadores tenham acesso a crédito de menor custo e que a participação de um grande número de instituições financeiras viabilizaria a possibilidade de juros menores, pois haveria maior concorrência.

Na estimativa do governo, as 80 instituições financeiras que já operam no consignado para beneficiários do INSS também passariam a oferecer a nova modalidade para os trabalhadores da iniciativa privada. Contudo, não há informação oficial sobre quais instituições estão ativas na oferta do consignado CLT.

A reportagem de IstoÉ Dinheiro procurou o Ministério do Trabalho para saber quais bancos já haviam aderido ao programa para oferecer propostas. Segundo o ministério, a lista das instituições não está fechada, por isso, a pasta ainda não fará essa divulgação.

Em pedido de crédito feito pela reportagem, duas instituições fizeram proposta: Agibank e Parati. O pedido foi de R$ 10 mil para pagamento em 12 parcelas. Em ambas, os valores oferecidos foram bem abaixo do pedido.

Simulações feitas pelo JPMorgan nos primeiros dias do programa também apontam os dois bancos como os “mais ativos” na oferta do consignado CLT. O banco americano registra no relatório a surpresa da falta de proposta de bancos como Nubank e Inter. As ofertas oferecidas nas simulações feitas pelo JPMorgan os juros foram de 2,99% a 4,99% ao mês, em torno de 40% a 80% ao ano.

Na dinâmica do crédito consignado CLT, o trabalhador deve fazer o pedido por meio da Carteira de Trabalho Digital. Após o pedido, ele define o valor a ser tomado de empréstimo e quantas parcelas. Então, os bancos têm até 24 horas para retornar com suas propostas aos trabalhadores. A partir daí o solicitante pode escolher entre fechar um acordo e contratar o empréstimo ou não.

Para fazer a proposta de empréstimo, as instituições financeiras avaliam o tempo de trabalho, o salário e as garantias oferecidas na solicitação. O trabalhador pode optar por oferecer até 10% do FGTS como garantia ou 100% da multa rescisória, mas também tem a opção de não apresentar garantias. Com essas informações, a instituição financeira analisa o risco e define a concessão do crédito. Além disso, o trabalhador não pode comprometer mais de 35% de sua renda com as parcelas mensais.

A reportagem de IstoÉ Dinheiro também procurou cinco grandes bancos brasileiros para confirmar a adesão ao programa e também um balanço das ofertas de crédito, juros e contratos fechados sobre o consignado CLT nessas instituições. A saber:

Caixa Econômica

O banco disse oferecer o consignado CLT com taxas entre 1,60% e 3,17% ao mês. Mas ainda não contabilizou suas propostas enviadas e contratos fechados, assim como não tem uma previsão sobre quando os dados serão levantados.

Banco do Brasil

O afirmou operar desde o primeiro momento na oferta do Crédito do Trabalhador e diz ter a intenção de liderar as operações pela modalidade, “incentivando a oferta de condições atrativas de crédito e o apoio financeiro aos trabalhadores”. O banco não divulgou balanço de ofertas e contratos.

Itaú Unibanco

O Itaú Unibanco confirmou a participação no consignado privado, mas sem detalhamentos sobre ofertas e contratos fechados. “Iniciativa que avalia como muito positiva para os clientes e a sociedade. O banco apoiou o governo no desenho do novo produto e estará pronto para operá-lo desde o primeiro dia. O consignado é um tipo de crédito seguro e acessível, por isso, o banco continuará a investir para oferecer a melhor experiência ao cliente”, diz a nota.

Bradesco

O banco afirmou que iria verificar as informações solicitadas. Assim que houver resposta, este texto será atualizado.

Santander

O banco apenas confirmou que irá oferecer o crédito consignado privado, também sem detalhar quando a oferta terá início.

Nubank

O banco digital informou que não está oferecendo essa modalidade de crédito consignado. “Tão logo isso aconteça, iremos divulgar”, disse em nota.

Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que é natural, como todo produto bancário novo, que as instituições ainda estejam em fase de testes para esse tipo de oferta, e que a expectativa é de que partir do dia 25 de abril, quando as instituições possam ofertar o produto em seus canais próprios, o volume de operações acelere até atingir sua maturidade (ver nota na íntegra abaixo).

“Crédito do trabalhador”

Nomeado “Crédito do Trabalhador”, o novo programa busca oferecer uma alternativa de crédito mais barato para as pessoas com Carteira de Trabalho assinada. A estimativa é que 47 milhões de profissionais tenham acesso, incluindo os domésticos, os rurais e os empregados de microempresas.

Pelas regras, a prestação mensal do empréstimo não poderá ultrapassar 35% do salário do trabalhador. As parcelas serão descontadas na folha do trabalhador mensalmente, por meio do eSocial, e não dependem de autorização do empregador.

Diferentemente do consignado do INSS, não haverá teto para os juros. Os bancos afirmam, porém, que as taxas serão mais baixas em razão da garantia dos recursos do FGTS.

A partir de 25 de abril, os bancos também poderão operar a linha do consignado privado dentro de suas plataformas digitais.

Atualmente, o país tem hoje 47 milhões de trabalhadores formais, que engloba 2,2 milhões de domésticos, 4 milhões de trabalhadores rurais, além de empregados de MEls.

Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a estimativa é que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de celetistas optem pela consignação dos salários, o que pode representar mais de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados.

Hoje, o trabalhador pode utilizar como garantia até 10% do saldo no FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão.

Veja neste link o passo a passo para fazer sua simulação.

Veja a íntegra da nota da Febraban:

Todo produto bancário novo, e não seria diferente com uma linha de crédito consignado que tem potencial de alcançar 47 milhões de trabalhadores, leva as instituições financeiras a testarem o ambiente e a fazerem fases-piloto de oferta, inclusive aprendendo a lidar com o novo canal e sistemas operacionais do produto.

É natural, portanto, que, no início da oferta de um novo produto, com um público-alvo marcadamente heterogêneo, as instituições financeiras procurem testar o ambiente de crédito, ajustar e aprimorar seus fluxos, assim como preparar a experiência dos clientes em seus canais próprios.

Há uma expectativa de que, a partir do dia 25/04, quando as instituições possam ofertar o produto em seus canais próprios, o volume de operações acelere até atingir sua maturidade.

Sobre os aspectos operacionais, o setor público e a indústria bancária têm trabalhado sem interrupções, para, de forma conjunta, promoverem ajustes finos para garantir que a operação flua em sua máxima capacidade nas próximas semanas.

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