O ministro que diz que é da classe média, mas ganha R$ 68 mil por mês

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, costuma dizer em diferentes entrevistas que sempre viveu uma vida simples. Recentemente no podcast Flow afirmou que por ser professor “nunca foi rico”. O trecho, que aparece por volta dos 33 minutos da conversa, viralizou nas redes sociais ao ser confrontado com informações públicas que mostram sua remuneração mensal superior a R$ 68 mil.

“Eu sou professor, vivo uma vida simples, sempre vivi. Nunca fui rico”, afirmou Haddad no programa, sugerindo pertencer à chamada classe média brasileira.

Quanto ganha Fernando Haddad?

Segundo dados oficiais levantados pelo portal Poder360 com base no Portal da Transparência, Haddad recebe atualmente:

• R$ 41.650,92 como ministro da Fazenda;
• R$ 27 mil como membro do Conselho de Administração da Itaipu Binacional.

A soma das remunerações chega a R$ 68,7 mil mensais, o que equivale a mais de 60 salários mínimos por mês. A indicação de Haddad ao conselho da estatal Itaipu ocorreu no dia 6 de abril, mesmo dia em que assumiu o comando da Fazenda.

“Se Haddad não é rico, quem é?”

O estrategista-chefe da RB Investimentos Gustavo Cruz ressalta que Haddad “tem direito ao salário”, mas aborda outro ponto da afirmação do ministro. Para ele o que está em jogo é a distorção na percepção de renda e a desconexão com a realidade da maioria da população brasileira. “Se 90% dos brasileiros ganham menos de R$ 3.500 por mês, e o ministro recebe R$ 68 mil, então quem é rico no Brasil?”, questiona Cruz.

Quem é classe média no Brasil?

As falas de Haddad reacendem o debate sobre o que significa ser “classe média” no país. De acordo com estudo da FGV Social, um brasileiro com renda familiar per capita entre R$ 1.500 e R$ 5.000 já pode ser classificado dentro da faixa da classe média tradicional. Os rendimentos de Haddad, mesmo que sujeitos a descontos legais, estão muito acima desse patamar.

Especialistas lembram que a definição de classe média pode variar conforme critérios econômicos, culturais e até políticos. No entanto, a disparidade entre a percepção pessoal do ministro e seus ganhos oficiais levantou questionamentos sobre transparência e sensibilidade social por parte de membros do governo.

Acesso aos dados

A remuneração dos ministros e membros de conselhos estatais é pública e pode ser consultada por qualquer cidadão no Portal da Transparência do governo federal.

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